A Ideologia da Etiópia

A Ideologia da Etiópia

A Etiópia diferentemente dos outros reinos africanos da época, torna-se era católico desde o século IV n.e., isto é, desde os tempos do Reino Axum (I milénio a.n.e até século IV n.e), quando por acção do bispo sírio Frumêncio, o rei Ezama (325-360 n.e.) e a família real abandonam o paganismo e aderiram a fé cristã. Este facto tornou o território como primeiro estado africano cristão aSul de Sahara. Contudo, o sul resistiu a coversão católica, permanecendo animista.

 

Com a expansão do Islamismo a partir da segunda metade do século VII (depois de 622 n.e.) na Áfica do Norte, África Ocidental e Oriental, a Etiópia passou a enfrentar dois inimigos: os estados vassalos do sul e o islamismo. Os estados vassalos lutavam pela sua independência e o islamismo contribuiu para o enfraqueciemto do império quando substituíram os axumitas etíopes por árabes muçulmanos, egípcios, gregos e judeus no comércio marítimo.

No século X,a dinastia de Zagwe enfrentado os seus inimigos das regiões habitadas por muçulmanos, apoderou-se dos territórios de Massawa, Dahlak e Zeila, recuperando deste modo a hegemonia como potência marítima. Para asseguar a hegemonia da Etiópia e sobreviver ao ambiente de hostilidade, a Etiópia aliou-se a uma igreja mais próxima da Síria e do Egípto. 

No século XIV, com a decadência da dinastia Zagwe, sobe ao poder a dinastia Salomónica. Os reis que mais se destacaram nesta dinastia foram os príncipes Ande Sion (1314-1344) e Zara Yacob (1434-1468)

A crise política e económica da Etiópia notabilizou-se a partir da segunda metade do século XV, por um lado, resultante da invasão dos reinos vassalos situados a sul do rio Nilo Azul, e, por outro lado, devido a ameaça dos árabes que eram constantemente atraídos pela prosperidade e riqueza do império. Ainda neste período, o interesse pela Etiópia aumentava por parte dos estados da Europa. Foi neste contexto que a Etiópia fez alianças políticas com os países do Ocidente, como foi o caso da Itália, Portugal e Aragão. Coube a Portugal fazer alianças políticas com o imperador etíope e, com o auxílio deste país, Etiópia garantiu a estabilidade do império face aos ataques e invasões árabes. 

Durante o reinado de Ande Sion o cristianismo se impôs a todos os pagãos na Etiópia. Por isso, o soberano eliminou todos os vestígios do paganismo e tomou várias medidas a destacar:

- Construção de muitas igrejas para serem frequentados pelos cidadãos;

- Publicação de livros que continham mensagens de fé e os custumes da igreja etíope;

- Instituição da Inquisição para julgar e condenar os que não cumpriam com os princípios da Igreja Católica;

- Obrigação dos cidadãos de trazerem em tatuagem os seguintes dizeres “Eu creio na Santíssima Trindade; em nome de Cristo Deus, renuncio a Satanás”;

- Execução de todos os acusados de adorar o diabo (aos que ainda continuavam a adorar e invocar os espíritos dos antepassados) e a confiscação dos seus bens;

- Envio de uma delegação etíope para participar no concílio de Florença (Itália) em 1441; este assinou a integração da Igreja etíope no seio da Santa Sé.

Decadência do Estado Cristão de Negusa Nagast

A política de Negusa Nagast da dinastia salomónica encontrou forte resistência dos estados e cidadãos não católicos. Perante esta situação, as autoridades etíopes renovaram os seus contactos com a Europa solicitando ajuda militar que, no entanto demorou a chegar. 

Na segunda metade do século XV, os príncipes islâmicos da costa desencadearam guerra contra Negusa Nagast. Sob comando de Mahomed Grange, os muçulmanos conquistaram as províncias orientais e centrais da Etiópia, destruíndo as cidades de Axum e Godjam. A família da dinastia real foi assassinada e Negusa Nagast David II refugiou-se nas montanhas.

No século XVI (1541), após reorganizar o seu exército, chegou finalmente a ajuda das tropas portuguesas sob direcção do neto de Vasco da Gama. As duas tropas juntas (etíopes e portugesa) somaram várias victórias sobre as forças dos muçulmanos. Mas os ataques ao império etíope, quer dos muçulmanos, quer das tribos nómadas continuavam a enfraquecer o império. O poder central não conseguiu restabelecer a unificação do império devido aos conflitos e guerras constantes com os proprietários das terras e os governadores (Rás) que queriam tornar-se independentes. 

A desagregação do poder central foi protagonozada pela Galla, uma tribo nómada que desencadeava ataques colocando o fim da hegemonia da Etiópia e marcando o fim da economia e cultura do estado cristão. O isolamento da Etiópia em relação à costa do mar Vermelho e ao comércio à longa distância tornou-se um grande obstáculo ao desenvolvimento da Etiópia. 


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