As Independências Americanas e o Colonialismo Efectivo em África
Em 1492, ano da própria descoberta da América,
foi estabelecida a primeira colônia permanente na ilha de Hispaniola, por
Cristóvão Colombo, o descobridor.
Em poucas décadas muitas outras colônias foram
estabelecidas, se espalhando pelas ilhas do Caribe e ainda pela Flórida e pelo
Peru. Pouco depois Portugal estabeleceu colônia no Brasil, assim como a
Inglaterra colonizou as Honduras Britânicas (atual Belize) e a Jamaica.
As Independências na América ocorreram
de maneiras diferenciadas. A influência dos países colonizadores acrescentou
características específicas às colônias da Espanha, de Portugal e da Inglaterra.
O movimento de independência começou na América no século XVIII. Nesta ocasião,
as Treze
Colônias, que eram de propriedade da Inglaterra, se
manifestaram contra as cobranças cada vez mais intensas feitas por sua
metrópole.
A coroa inglesa implementou uma série de
impostos que exigia muito dos colonos. Revoltados, estes organizaram
manifestações e assumiram posturas radicais, tendo como resultado uma guerra
entre colônia e metrópole. A primeira recebeu o apoio da França, histórica
rival da Inglaterra, e acabou conquistando sua independência na década de 1770.
Mais tarde, na última década do mesmo século,
aconteceu um caso emblemático e raro de independência no continente Americano.
O Haiti vivenciou uma revolta dos
escravos contra as classes dominantes. A Revolução Haitiana, que começou em
1789, uniu os negros que viviam no local exercendo trabalho compulsório em
combate contra a escravidão e os abusos dos soberanos. O evento acabou se
tornando a única independência na América movida por escravos. A consequência
foi o descontentamento das metrópoles em relação ao Haiti, passando a boicotar
o novo país ou tratá-lo de maneira diferenciada. Até hoje é possível notar os
efeitos que o descaso de outros países deixaram e deixam em um país que uniu
escravos para acabar com tal forma de exploração no trabalho.
Por outo lado, as colônias espanholas na
América receberam a influência de uma série de fatores em seus processos de
independência. A Espanha era detentora do maior território colonial no
continente americano, suas posses iam do atual México até o extremo sul do
continente. Nestas terras se fortificou uma elite local conhecida como criollos, que eram os filhos dos espanhóis nascidos
no Novo Mundo. Os criollos
desenvolveram suas atividades e seus interesses na América, contestando, várias
vezes, atitudes metropolitanas. Internamente, o fortalecimento dos criollos e a insatisfação com as
exigências da metrópole influenciaram nos movimentos de emancipação. Os criollos manifestaram-se em favor de
maior liberdade política e econômica. Já no cenário internacional, o exemplo da
independência dos Estados Unidos, que povoava o imaginário dos separatistas, e
a situação política na metrópole, que passava por momentos de grande
instabilidade, davam suas contribuições para o processo. O resultado foi uma
série de independências no território americano que antes pertencia à Espanha,
fragmentando toda a imensa colônia em vários países durante o século XIX. Já
o Brasil,
colônia de Portugal, não passou por uma guerra contra à metrópole, caso dos
Estados Unidos, ou por uma grande fragmentação do território, como aconteceu
com a América Espanhola.
No início do século XIX, em 1808, o rei
português Dom João VI transferiu toda sua corte para o Brasil em meio a fuga
dos exércitos de Napoleão Bonaparte que conquistavam os territórios
na Europa. A mudança da corte alterou toda a lógica do Império Português no
mundo, que passou a ter o Brasil como centro. No final da década de 1810 apenas
que o rei Dom João VI resolveu retornar à Portugal como tentativa de controlar
as manifestações dos burgueses de tal localidade que se viam prejudicados em
função do distanciamento da coroa. Porém no Brasil ficou o príncipe regente Dom
Pedro I, o qual foi convencido pela nova elite local a tornar o Brasil
independente e ainda ser o primeiro imperador do mesmo. Dom Pedro I
interessou-se pela proposta e declarou a independência brasileira em 1822. No
Brasil não houve guerra contra Portugal, mas sim guerras internas para afirmar
toda a extensão do território pertencente ao novo imperador.
As 13 colônias inglesas que
desencadearam o processo de formação dos Estados Unidos foram instaladas na
costa leste da América no Norte no decorrer do século XVII.
Os colonos se fixaram entre o oceano
Atlântico e os montes Apalaches.
As treze colônias eram:
·
Carolina do Norte
·
Carolina do Sul
·
Connecticut
·
Delaware
·
Geórgia
·
Ilha de Rodes
·
Massachussetts
·
Marilândia
·
New Hampshire
·
Nova York
·
Nova Jérsei
·
Pensilvânia
·
Virgínia
Formação
Os territórios foram fundados em épocas
diferentes e não tinham vínculos. A colonização ocorreu no decorrer do século
XVII, quando a Grã-Bretanha vivia um período de revoluções e disputas políticas
e religiosas. Os conflitos abalavam o absolutismo monárquico. Por discordar dos
ideais absolutistas, grupos de protestantes calvinistas deixaram a Grã-Bretanha
e procuraram a América. A colonização não encontrou entraves porque a coroa
espanhola, dona dos territórios, estava em crise e fixou povoamento entre o
México e Peru.
A Guerra da Independência dos Estados Unidos,
também conhecida como Guerra da
Revolução Americana ou ainda Revolução Americana de 1776, teve suas raízes na assinatura
do Tratado de Paris, que, em 1763, finalizou a Guerra dos Sete Anos.
Ao final do conflito, o território do Canadá foi incorporado pela Inglaterra.
Neste contexto, as treze colônias representadas por Massachusetts, Rhode
Island, Connecticut, Nova Hampshire, Nova Jersey, Nova Iorque, Pensilvânia,
Delaware, Virgínia, Maryland, Carolina do Norte, Carolina do
Sul e Geórgia começaram a ter seguidos e crescentes conflitos com a
metrópole inglesa, pois, devido aos enormes gastos com a guerra, a metrópole
aumentou a exploração sobre essas áreas. Constituiu-se em batalhas desfechadas
contra o domínio inglês. Movimento de ampla base popular teve como
principal motor a burguesia colonial e levou à proclamação, no
dia 4 de julho de 1776, da independência das Treze
Colônias - os Estados Unidos, primeiro país dotado de
uma constituição política escrita.
Principais causas da
Independência das Treze Colônias
·
Guerra dos Sete Anos, que elevou a
crise financeira da Grã Bretanha
·
Difusão das ideias iluministas da
Europa
·
Imposto do Selo estabelecido pela Grã-Bretanha
· Venda do Chá à Companhia das Índias Orientais
O Colonialismo Efectivo em África
A convite do Governo
imperial alemão, no dia 15 de Novembro de 1884, em Berlim, as nações
colonialistas e imperialistas reuniram-se numa conferência que viria a durar
até 25 de Fevereiro de 1885. O objectivo geral desta conferência era arbitrar
as questões coloniais entre as várias potências: Franca, Alemanha, Áustria e
Hungria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Grã-Bretanha, Itália,
Países Baixos, Portugal, Rússia, Suécia, Noruega e Turquia. Pode
acrescentar-se que o objectivo específico era definir a liberdade de comércio
nas bacias do Congo e do Níger, bem como as novas ocupações de territórios na
costa ocidental de África. Entre estes declarava-se a ocupação efectiva do
continente africano.
Destaca-se que um dos
factores principais que levou a ocupação efectiva da africa foi e 2ª corrida para áfrica que ocorreu no
século XIX. Foi uma época que verificou-se o aumento da produção industrial,
resultado do uso crescente de máquinas modernas na indústria. Países como a
Inglaterra, primeiro, e depois a França, a Bélgica, a Alemanha, os Estados
Unidos da América e o Japão, desenvolveram-se graças à Revolução Industrial e à
acumulação de capitais. O aumento da produção permitiu a descida dos custos e o
consequente aumento dos lucros. Os industriais que acumulavam esses lucros
tinham, por Isso, capital para poder investir. África surgiu como uma boa hipótese
de investimento.
Com o desenvolvimento
cada vez maior das indústrias, crescia a necessidade de obtenção de matérias-primas.
De modo a facilitar uma ininterrupta produção industrial, esses capitalistas
começaram a investir em África, onde iam buscar matérias-primas, mas também podiam
lá escoar os seus excedentes industriais.
Assim, em plena
Revolução Industrial, verificou-se uma corrida a África, às suas riquezas
naturais e aos seus mercados. Portugal não tinha tanto capital como as demais
potências, mas também foi par a Tagonista nesta corrida. E dirigiu-se logo para
as suas colônias, das quais se destacaram Angola e Moçambique.
a) Fronteira sul-ocidental
Em 29 de Julho de 1869
é assinalo um tratado entre Portugal e o Governo do Transvaal em que este reconhece
os direitos de Portugal em toda a área em tomo da baia de Lourenço Marques
(também chamada Delagoa Bay ou baia do Espírito Santo) até ao paralelo 26030'
Sul, estabelecendo os Montes Libombos como fronteira de Moçambique com a
Suazilândia e com a parte oriental do Transvaal.
O reconhecimento desta
fronteira apenas foi possível em 24 de Julho de 1875, com a intervenção do
presidente da República Francesa, o marechal Mac-Mahon.
b) Fronteira Norte
Em Dezembro de 1886,
Portugal e Alemanha assinam um tratado em que esta reconhece o rio Rovuma como
sendo a fronteira norte de Moçambique e também o direito de Portugal exercer a
sua influência nos territórios entre Angola e Moçambique. Portugal, em troca,
faz algumas concessões no Sul de Angola (actual Namíbia).
A definição desta
fronteira deu origem, mais tarde, a conflitos militares entre Portugal e a
Alemanha. Esta, que tinha ocupado o Tanganhica (Tanzânia) e hasteado a sua
bandeira em ambas as margens do Rovuma, penetrou em 1894 na margem sul,
expulsando a reduzida guarnição portuguesa ali estacionada e substituindo-a por
uma alemã. Apesar do protesto português, os Alemães alargaram a sua ocupação
até Quionga, área que sé voltaria a Portugal nos finais da Primeira Guerra
Mundial (1914-1918). A Alemanha não pretendia apenas aumentar a superfície do
Tanganhica à custa do «norte» português; pretendia, na verdade, ocupar
integralmente a colónia portuguesa.
c) Restantes fronteiras
Em 1887 é apresentado
oficialmente o Mapa Cor-de-Rosa que ligava Moçambique a Angola. Este mapa
colidia com os interesses britânicos, representados por Cecil Rhodes,
que não sé pretendiam a mesma região, como pretendiam unir o Cabo ao Cairo por
uma linha férrea.
Em 11 de Janeiro de 1890,
o governo conservador britânico, representado por Lord Salisbury, dá um
ultimato a Portugal para se afastar da região em disputa (Chire e
Mashonalândia). Se isso não acontecesse, os Britânicos cortariam as
relações com Portugal e ocupariam a região pela forca. Enquanto o governo
português tentava, desesperadamente, obter apoio internacional no seu diferendo
com a Inglaterra, Cecil Rhodes ordenava que uma força da British
South Africa Company avançasse em Macequece para a parte de Manica
controlada pelos Portugueses. Esta forca aprisiona Paiva de Andrade e faz
construir o forte de Salisbury.
A 20 de Agosto de 1890
foi assinado um acordo. Nele, as cedências portuguesas eram randes,
porque, além da delimitação das fronteiras, Portugal fazia concessões aos Ingleses
para a completa liberdade de comércio, livre navegação nos lagos, rios e
portos, isenção de impostos alfandegários nas zonas de livre comércio, isenção
de taxas de trânsito, etc., nos territórios portugueses Era a humilhação para
Portugal! Em 14 de Novembro de 1890 é assinado um modus vivendi.
Em 11 de Junho de 1891
é, então, assinado um tratado de fronteiras entre a Inglaterra e Portugal,
reconhecendo as actuais fronteiras de Moçambique com o Malawi, Zâmbia, Zimbabwe
e o Natal. Observa a ordem cronológica dos acontecimentos:
As Resistências Contra a Ocupação Efectiva
A resistência africana
deve ser vista a partir do momento da chegada dos europeus a África, no entanto
alguns historiadores preferem apontar o século XVIII como o período de início das
resistências, quando os africanos resistiram a implantação dos sistemas de
monoculturas, a intensificação do tráfico de escravos, entre outros. Neste
período, os europeus moldavam as economias africanas de acordo com seus
interesses, por isso considera-se que esta é a teoria económica das
resistências. Esta teoria defende que os africanos resistiram por razoes
económicas, uma vez que os povos africanos não queriam perder o controlo dos
seus recursos.
Deste modo a
resistência pode ser definida como a reação dos povos africanos contra o
processo de ocupação efectiva dos seus territórios, onde a explicação das
razoes desta resistência é apresentada de diferentes formas pelos historiadores
ao longo dos tempos.
As causas da
resistência Africana
As causas da resistência
podem ser agrupadas em duas correntes:
Eurocentrista
(defensores do colonialismo) - onde defendem que os povos africanos estavam
satisfeitos com a dominação colonial, pois esta era a única forma de alcançarem
plenamente os benefícios da civilização ocidental europeia, tais como: o fim da
escravatura, a educação ocidental, meios de transporte e comunicação modernos,
entre outros. A resistência a ocupação era vista pelos eurocentristas como um
acto desesperado de um pequeno grupo de africanos, ou sobre o efeito de poderes
mágicos, acreditavam que as resistências estavam voltadas ao fracasso;
Africanista
(defensores da soberania africana) - historiadores como Walter Rodney e Jacob
Ajayi defendem os povos africanos porque aperceberam se de que estavam a perder
o direito de se autogovernar e a sua soberania. Esta percepção está visível nas
afirmações de alguns líderes africanos tais como: Machemba (chefe yao do norte
de Moçambique), Macombe Hanga (chefe do bairro do centro de Moçambique).
Em todo caso é preciso
salientar que a resistência africana foi generalizada em todo continente
africano tendo sido desencadeada tanto pelos estados tanto pelas sociedades sem
estados. Na maioria dos casos foi o exemplo mais significativo de resistência
devido a acção de guerrilha com um forte apoio popular, em que o conceito de
soberania é redefinido como a luta contra a opressão colonial, neste contexto
os povos unem se contra o opressor comum independentemente da etnia, religião,
ou unidade política a que pertence. Alguns dos principais líderes africanos
como Hendrik Wittboi e Maherero, mostraram em declarações proferidas diante da
ameaça europeia, a sua determinação para defender a soberania dos seus povos.
Os Impactos da Ocupação Efectiva da África
A ocupação efectiva
para de África pelas potências colónias teve impactos negativos e positivos:
São
impactos negativos para a África os seguintes:
·
Perda das civilizações
Africanas (impérios e Reinos);
·
Perda de valores
culturais e identidade Africana;
·
Perda de alguns cultos
religiosos.
São
impactos positivos para a África os seguintes:
·
A monitorização e as
novas formas do comércio internacional;
·
Novas formas de
construção;
· Troca de experiencias culturas entre povos.
Terminada a abordagem,
pôde concluir-se de forma resumida que o movimento pela Independência dos
Estados Unidos ocorreu na virada da década de 1770 para a 1780 e deflagrou uma
guerra cujo fim, em 1783, selou a autonomia das Treze Colônias. A Declaração de
Independência foi redigida e assinada em 04 de julho de 1776. Um dos elementos
que tiveram grande peso na aceleração da independência foi a Guerra dos Sete
Anos (1756 -1763), isto é, a guerra travada na América do Norte entre ingleses
e franceses pela posse de terras.
Pôde constatar-se
ainda que a ocupação efectiva da áfrica foi muito negativa, na medida que as divisões feitas
durante a conferência não respeitaram as relações étnicas, linguística e mesmo
familiares dos povos desse continente. Como impacto das decisões
tomadas em Berlim, podemos notar também que grande parte das delimitações e
fronteiras que observamos hoje foram definidas na Conferência de Berlim.