Estudos Epidemiológicos
A Epidemiologia é definida como o estudo da distribuição e dos determinantes das doenças ou condições relacionadas à saúde em populações especificadas. Mais recentemente, foi incorporada à definição de Epidemiologia a “aplicação desses estudos para controlar problemas de saúde”.
Estudo inclui
vigilância, observação, pesquisa analítica e experimento. Distribuição refere-se
à análise por tempo, local e características dos indivíduos. Determinantes são
todos os fatores físicos, biológicos, sociais, culturais e comportamentais que
influenciam a saúde. Condições relacionadas à saúde incluem doenças, causas de
mortalidade, hábitos de vida (como tabagismo, dieta, atividades físicas, etc.),
provisão e uso de serviços de saúde e de medicamentos. Populações especificadas
são aquelas com características identificadas, como, por exemplo, determinada
faixa etária em uma dada população.
Normalmente, os
estudos epidemiológicos na área do envelhecimento centram-se nos seguintes
temas: investigação dos determinantes da longevidade e das transições
demográfica e epidemiológica; avaliação de serviços de saúde; e investigações
da etiologia e história natural das doenças/condições relacionadas à saúde
comuns entre idosos.
2.
Tipos de Estudos Epidemiológicos
Os estudos
epidemiológicos podem ser classificados em observacionais e experimentais. Os
estudos experimentais fogem ao escopo deste trabalho e não serão comentados. De
uma maneira geral, os estudos epidemiológicos observacionais podem ser
classificados em descritivos e analíticos.
2.1. Estudo Observacional
a)
Estudo descritivo
Os estudos descritivos
têm por objetivo determinar a distribuição de doenças ou condições relacionadas
à saúde, segundo o tempo, o lugar e/ou as características dos indivíduos. Ou
seja, responder à pergunta: quando, onde e quem adoece? A epidemiologia
descritiva pode fazer uso de dados secundários (dados pré-existentes de mortalidade
e hospitalizações, por exemplo) e primários (dados coletados para o
desenvolvimento do estudo).
A epidemiologia
descritiva examina como a incidência (casos novos) ou a prevalência (casos
existentes) de uma doença ou condição relacionada à saúde varia de acordo com
determinadas características, como sexo, idade, escolaridade e renda, entre
outras. Quando a ocorrência da doença/condição relacionada à saúde difere
segundo o tempo, lugar ou pessoa, o epidemiologista é capaz não apenas de
identificar grupos de alto risco para fins de prevenção.
b)
Estudo analítico
Estudos analíticos são
aqueles delineados para examinar a existência de associação entre uma exposição
e uma doença ou condição relacionada à saúde. Os principais delineamentos de
estudos analíticos são: a) ecológico; b) seccional (transversal); c)
caso-controle (caso-referência); e d) coorte (prospectivo). Nos estudos
ecológicos, tanto a exposição quanto a ocorrência da doença são determinadas
para grupos de indivíduos. Nos demais delineamentos, tanto a exposição quanto a
ocorrência da doença ou evento de interesse são determinados para o indivíduo,
permitindo inferências de associações nesse nível. As principais diferenças
entre os estudos seccionais, casocontrole e de coorte residem na forma de
seleção de participantes para o estudo e na capacidade de mensuração da
exposição no passado, como será visto a seguir.
·
Estudos seccionais – nos estudos
seccionais, a exposição e a condição de saúde do participante são determinadas
simultaneamente. Em geral, esse tipo de investigação começa com um estudo para
determinar a prevalência de uma doença ou condição relacionada à saúde de uma
população especificada (por exemplo, habitantes idosos de uma cidade). As
características dos indivíduos classificados como doentes são comparadas às
daqueles classificados como não doentes.
2.2. Estudo Experimental
Os estudos
experimentais têm por objectivo tentar mudar uma variável em um ou mais grupos
de pessoas. Isso pode significar a eliminação de um factor de risco relacionado
a uma doença, (eliminação do alimento que causa alérgica) ou o teste de um novo
tratamento para um grupo seleccionado de pacientes. Os efeitos de uma
intervenção são medidos através da comparação do desfecho nos grupos
experimental e controle. Uma vez que são determinados estritamente pelo
protocolo de estudo, considerações éticas são de extrema importância nesse tipo
de estudo.
Por exemplo, nenhum
paciente deveria ser negado o tratamento apropriado em função de sua
participação em um experimento, e o tratamento a ser testado deve ser aceitável
à luz dos conhecimentos actuais. Nesse tipo de estudo, o consentimento
informado por parte dos participantes é sempre necessário. Estudos de
intervenção incluem os ensaios clínicos randomizados, os ensaios de campo e as
intervenções comunitárias.
Conceito: Estudo experimental cujo grupo de tratamento são
comunidades ao invés de indivíduos.
Envolve a intervenção
em nível de comunidades, ao invés de indivíduos, apenas; Usado para avaliar a
eficácia e efetividade de intervenções que busquem a prevenção primária através
da modificação dos fatores de risco numa população; É conduzido dentro de um
contexto socioeconómico de uma população naturalmente formada.
Nesse tipo de
experimento, os grupos de tratamento são comunidades ao invés de indivíduos.
Esse delineamento é
particularmente apropriado para doenças que tenham suas origens nas condições
sociais e que possam ser facilmente influenciadas por intervenções dirigidas ao
comportamento do grupo ou do indivíduo. As doenças cardiovasculares são um bom
exemplo de uma condição apropriada para ensaios comunitários, muitas das quais
estão, agora, sob investigação.
- Doenças
influenciadas pelas condições sociais e que pode haver modificações por intervenções
dirigidas ao comportamento do grupo.
Vantagem:
·
Permite evitar erros
sistemáticos;
Limitações/desvantagens:
·
Um pequeno número de
comunidades pode ser incluídas;
·
Difícil isolar a
comunidades de mudanças sociais mais amplas que estão ocorrendo;
Uma limitação desse
tipo de delineamento é que somente um pequeno número de comunidades pode ser
incluído e a alocação aleatória das comunidades não é muito prática. Assim,
outros métodos são requeridos para assegurar que quaisquer diferenças
encontradas ao final do estudo possam ser atribuídas à intervenção e não a
diferenças inerentes às comunidades. Além disso, é difícil isolar as
comunidades onde a intervenção está sendo conduzida devido a mudanças sociais
em curso.
Terminada a abordagem,
concluímos que através da epidemiologia conseguimos aprender muito sobre a
incidência e causa das doenças. Esses estudos são importantes para as
avaliações dos riscos à saúde porque estudam as pessoas diretamente, mas
precisam ser interpretados com muita cautela.
No que concerne aos
ensaios de comunidade, constatou-se ainda que difere dos anteriores no sentido
de que a intervenção é feita ao nível da comunidade (ex. comparar a taxa de
cáries dentárias em cidades selecionadas randomicamente para terem flúor adicionado
à água com cidades em que flúor não foi adicionado à água) e não ao nível do
indivíduo.
·
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