A fusão dos três movimentos e a criação da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO)
Os três movimentos, MANU, UDENAMO e UNAMI, uniram-se em 1962 e formaram a FRELIMO, nome escolhido pelos três movimen tos pela sua forte sonoridade libertadora: Frente de Libertação de Moçambique.
Porque sentiram a
necessidade de se unirem?
Estava agendado para
se realizar em Dar-es-Salam, na actual Tanzânia, em 1962, o Congresso das
Nações Africanas. Os movimentos moçambicanos foram convidados a participarem,
mas tinham de falar a uma só voz. Então, foi necessário unirem-se e elegerem um
líder com carisma político e vontade de independência.
O I
Congresso da FRELIMO
O I Congresso da
FRELIMO foi o início da sua história formal.
Realizou-se em
Dar-es-Salam, entre 23 e 28 de Setembro de 1962, e lá foram elaborados os
primeiros Estatutos e Programa da FRELIMO. Definiram-se ainda os órgãos que
deviam compor a organização. A FRELIMO estava aberta a ouvir a opinião de todos
no Congresso1 E juntos elegeram o seu líder que os movimentos já haviam pensado,
Eduardo Mondlane.
O Congresso, depois de
examinar as necessidades da luta contra o sistema colonial português em Moçambique,
declarou a sua firmeza na condução do processo da luta até à obtenção da
independência total e completa de Moçambique. Para isso, teve de adoptar algumas
resoluções importantes, tais como:
— desenvolver e
consolidar a estrutura organizacional da FRELIMO;
— promover a unidade
de todos os moçambicanos;
— iniciar e acelerar o
treino de quadros militantes para o arranque da luta;
— cooperar com
organizações nacionalistas africanas, de colónias portuguesas e amigas;
— envolver a mulher no
processo de luta;
— criar mecanismos
para levar a mensagem de engajamento na luta a todas as regiões do país;
— criar condições para
pedidos de apoio junto dos países amigos de Moçambique e defensores desta luta.
Historial
da Origem e Desenvolvimento do FRELIMO
No dia 25 de Junho de 1962, de acordo com o
protocolo, a UDENAMO, criada na Rodésia do Sul, cujos membros eram recrutados
entre os trabalhadores e emigrados vindos, sobretudo, de Manica, Sofala, Gaza e
Lourenço Marques; a UNAMI, constituída no Malawi por moçambicanos
maioritariamente originários de Tete, Zambézia e Niassa, e a MANU, que se forma
em Mombaça, no Quénia, agrupando particularmente elementos de origem Makonde de
Cabo Delgado, dissolvem-se e constitui-se a Frente de Libertação de Moçambique
(FRELIMO).
Na ocasião, é nomeada uma direcção provisória,
encabeçada por Eduardo Mondlane, com o objectivo de organizar o I congresso da
Frelimo, que se realiza de 23 a 28 de Setembro de 1962, em Dar-es-Salam, no
Tanganyika.
O I Congresso da FRELIMO, o “Congresso da
Vitória”, define que o objectivo principal do movimento é a liquidação total da
dominação estrangeira e a conquista da Independência de Moçambique.
A FRELIMO declarava, nos seus Estatutos,
pretender acabar com a presença colonial e imperial portuguesa no país,
alcançar a independência de Moçambique e defender as reivindicações dos
cidadãos moçambicanos. Liderada pelo sociólogo Eduardo Mondlane, então
funcionário das Nações Unidas, a FRELIMO transmitiu ao povo, combatentes e ao
mundo a mensagem de que o objetivo da sua luta era derrubar o regime
colonialista em Moçambique, e não matar o cidadão branco ou civil.
Havia consciência de que só unido o povo
alcançaria a autodeterminação, tanto pelo reconhecimento da causa da luta bem
como pela sua justeza.
O primeiro País que aceitou treinar os
guerrilheiros moçambicanos foi a Argélia que, acabava de derrubar o regime
colonial francês, após sete dolorosos anos de guerra. Na Argélia foram
treinados três grupos de combatentes da FRELIMO.
Os que desencadearam a luta armada em 25 de
Setembro de 1964 foram cerca de 200 guerrilheiros treinados na Argélia e mal
equipados, mas determinados a dar o seu sangue pela pátria e pelas gerações
futuras.
Em 1963, a Argélia acolheu três grupos de
moçambicanos para receberem treinos de guerrilha, de modo a criar uma força
militar. O primeiro grupo foi chefiado por Filipe Samuel Magaia; o segundo, por
Samora Machel e o terceiro, por António Silva.
No seu regresso, os guerrilheiros estabeceram
os primeiros campos de treinos militares, em Bagamoyo, em 1963, e em Kongwa, em
1964, na Tanzânia. A China enviou instrutores militares para esses campos. Nos
princípios de Maio do mesmo ano, a FRELIMO enviou o primeiro contingente de
guerrilheiros para a China, composto por onze elementos, nomeadamente, Filipe
Samuel Magaia (chefe do grupo), José Macamo (Adjunto chefe do grupo), José
Phahlane Moiane, Cândido Mondlane, Paulo Samuel Kankhomba, Alfredo Maria
Manuel, Matias Víctor, Inoque Mutser, Francisco Madengo, Francisco Kufa e
Sebastião Marcos Mabote. Enquanto a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
(URSS) acolhia grupos de recrutas moçambicanos, países como o Egipto, Gana e
Israel forneciam ajuda militar e formavam outros quadros moçambicanos.
Em Maio de 1964, a FRELIMO envia a Moçambique
elementos para o trabalho clandestino, com o objectivo de organizar e dar
tarefas concretas às populações, com vista ao desencadeamento da Luta Armada de
Libertação Nacional.
No norte de Moçambique, principalmente na
região de Cabo Delgado e no Niassa, verificam-se movimentações de forças
portuguesas e de guerrilheiros da FRELIMO.
A 25 de Setembro de 1964, é desencadeada a luta de libertação nacional por
guerrilheiros da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO). A luta armada de
libertação nacional foi lançada em quatro províncias, nomeadamente, Cabo
Delgado, Niassa, Zambézia e Tete.
Alberto Joaquim Chipande foi quem comandou um
grupo de 12 homens que atacou um posto administrativo na Localidade de Chai,
matando o Chefe do Posto e outros seis soldados.
No entanto, Portugal, ameaçando sair da NATO, conseguiu suster essa pressão,
forçando os grupos nacionalistas de Moçambique a procurarem ajuda junto da
União Soviética.
Conclusão
Terminada a abordagem
pôde concluir-se que a União Democrática Nacional de Moçambique (UDENAMO) jogou
um papel decisivo na fundação da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) a
25 de Junho de 1962, de tal ordem que os seus estatutos constituem a base sobre
a qual assenta toda a filosofia política do partido no poder, com as devidas
adaptações.
Esta organização, foi fundada em 1962 através
da fusão de 3 movimentos constituído no exilo, nomeadamente, a UDENAMO (União
Nacional Democrática de Moçambique), MANU (Mozambique African National Union) e
a UNAMI (União Nacional de Moçambique Independente).
Dirigida por Eduardo Chivambo Mondlane, a
FRELIMO iniciou com a luta de libertação Nacional a 25 de Setembro de 1964 no
posto administrativo de Chai na província de Cabo Delgado. O primeiro
presidente da FRELIMO, Eduardo Mondlane, acabaria por morrer assassinado a 3 de
Fevereiro de 1969.