As formas de exploração desses grupos financeiros
Na sua fase inicial a companhia expressou-se publicamente como defensora do desenvolvimento da economia da região, mas a sua influência não se espalhou mais do que alguns pontos isolados da costa. O acontecimento mais importante foi a introdução do imposto de palhota em 1898. A partir de 1909 a Companhia passou a ser fornecedora de força de trabalho migrante, com a exportação de mão-de-obra para as minas sul-africanas, entre outros destinos. Entre 1919 a 1929, a Companhia depois de ter mudado de gestores virou-se para o aumento do nível de cobrança do imposto de palhota como forma de aumentar os seus rendimentos, expandindo e intensificando os abusos que sempre cometera.
Ao longo das quatro fases da companhia,
a exploração não foi nem profícua para os accionistas nem para os seus
habitantes. Pelo contrário. Em três décadas, a companhia acumulou prejuízos
financeiros e sociais. A época em que teve resultados mais positivos foi quando
exportou mão-de-obra, mas isso durou pouco tempo. Com uma forte carga fiscal
sobre os habitantes, muitos emigraram, abandonando as terras ao abandono e
deixando de contribuir com o imposto da palhota, revelando-se estas algumas das
consequências de uma exploração económica mal dirigida.
As principais formas de exploração
económica da companhia eram: a cobrança do imposto da palhota; a emissão de
selos; o monopólio de taxas aduaneiras e alfandegárias; o comércio de armas de
fogo; a exportação de esponjas, corais, pérolas e âmbar; a utilização do
imposto do mussoco pago em trabalho efectivo; o uso de milhares de homens para
efectuarem transportes de longa distância; a exportação de mão-de-obra para as
minas da África do Sul.
Os principais mercados dos produtos de
exportação eram Zanzibar, França e Holanda.
O imposto da palhota era um imposto,
geralmente, cobrado em géneros para exportação (borracha, café, goma, cera e
marfim); em 1926, mais de metade das exportações provinha de produtos pagos
pelo imposto da palhota. A punição pelo não pagamento deste imposto era queimar
a palhota do infractor.
O Declínio ou
Decadência da Companhia do Niassa
As terras da companhia eram, de todo o
Moçambique, as menos promissoras para a agricultura. E a área não estava
estratégica mente posicionada de modo a captar o capital estrangeiro
necessário. Os Yao, os Macua e os Maconde, na altura da sua constituição, viviam
fora da sua influência directa e sempre resistiram à penetração da companhia.
As expedições militares para conter estes povos eram constantes e também
dispendiosas.
A adopção da política de cobranças
compulsiva do imposto da palhota conduziu ao despovoamento. Por volta de 1922,
a fuga para a Niassalândia foi complementada com fuga de grupos de Yao e Macua
para o Tanganica, em resposta à nova política de impostos. Sem gente e sem
dinheiro, a companhia estava votada ao fracasso.
Em 1929, Salazar não renovou a concessão e extinguiu a companhia.
Conclusão
A Companhia cobrava impostos; exportava
mão-de-obra compulsivamente, destinada às minas da África do Sul, às minas de
cobre de Congo e para algumas Companhias da baixa Zambézia; utilizou trabalho
forçado para as quintas dos administradores e dos capatazes da Companhia,
muitas vezes gratuitamente e para o transporte de mercadorias; detinha o
monopólio das taxas aduaneiras de importação e exportação, comércio, do fabrico
e da venda de bebidas alcoólicas, da exportação de esponjas, corais, pérolas e
âmbar da costa e ilhas situadas na área da sua influência; exportava produtos
das colheitas dos camponeses: borracha, café e pau-preto.