Anemia – definição, causas, diagnóstico, tratamento, prevenção
Anemia
Segundo Nekel (2012:03) a anemia é
definida como síndrome caracterizada por diminuição de massa eritrocitária
total. Laboratorialmente, definimos anemia como hemoglobina menor que 12 g/dl
em mulheres ou 13 g/dl em homens,
resultado basicamente do desequilibro entre a produção e a perda ou destruição
de hemácias ou da Hb. É mais comum em mulheres do que em homens, entre
as crianças, durante a gravidez e nos idosos. A anemia diminui a capacidade de
trabalho e produtividade das pessoas afectadas. O nome tem origem no grego
antigo anaimia, que significa "falta de sangue".
As
anemias obedecem a um padrão de análises que necessitam de uma visão
introdutória da hematopoiese e de valores
referenciais devido a intrínseca relação de causas e efeitos dos seus
diferentes tipos. Hematopoiese e valores referenciais em hematologia são
abordagens distintas, porem, extremamente ligadas no sentido do entendimento do
resultado de um hemograma.
Anemia
falciforme - anemia genética, na qual as células
vermelhas do sangue são deformadas com baixa capacidade de transportar oxigénio.
Anemia
Ferropriva – anemia geralmente causada pela
alimentação pobre em ferro.
Anemia
Perniciosa - anemia que se desenvolve pela falta da vitamina
B12.
Anemia
Hemolítica - anemia causada pela destruição das
células vermelhas pelo próprio organismo.
Anemia
Aplástica - anemia causada pela produção
insuficiente de células vermelhas pela medula óssea.
Anemia
de Fanconi - anemia de origem genética na qual há
deficiência na produção de células vermelhas.
Anemia
megaloblástica - anemia na qual há células vermelhas
grandes e menor quantidade de plaquetas e de glóbulos brancos.
Anemia
refratária - anemia causada pela baixa produção de
glóbulos vermelhos ou eritrócitos pela medula óssea.
Jarra (2009:06) afirma que as anemias
podem ser classificadas conforme sua causa
fisiopatológica ou conforme no tamanho
dos glóbulos vermelhos e na quantidade de hemoglobina em cada célula.
Do ponto de vista fisiopatológico as anemias podem ser classificadas como:
Ø Anemia
por falta de produção de glóbulos vermelhos;
Ø Anemia
por excesso de destruição dos glóbulos vermelhos;
Ø Anemia
por perda hemorrágica.
Conforme no tamanho dos glóbulos vermelhos e na quantidade de
hemoglobina em cada célula:
Ø microciticas/hipocromicas
-Quando as células são pequenas;
Ø normociticas/normocromicas
- quando são de tamanho
normal;
Ø macrociticas- quando são grandes.
Situações
patológicas mais comuns nas anemias normociticas/normocromicas: câncer, doença renal, invasão tumoral da medula
óssea, hemorragia aguda, inflamação, e fase inicial da deficiência de ferro.
Situações
patológicas mais comuns nas anemias microciticas/hipocromicas: deficiência crónica de ferro, hemorragia crónica, talassemias menor, intermédia e maior, S/beta talassemia,
S/alfa talassemia e anemia sideroblastica.
Situações
patológicas mais comuns nas anemias macrociticas: deficiências de vitamina B12 e folatos,
mielofibrose, doenças hepáticas e anemia megaloblastica, anemia hemolítica com
reticulocitose.
Causas
A anemia pode ser causada por factores
como:
Ø Pouca
produção de emacias pela medula óssea
Ø Perda
de ferro através de sangramento (diminuição da produção de glóbulos vermelhos)
Ø Falta
de ferro na alimentação (a falta de ferro causa a diminuição até o esgotamento
dos estoques de ferro dos macrófagos, posteriormente redução do transporte de
ferro para os eritroblastos, ou seja, eritropoese deficiente com diminuição da
produção de hemoglobina e anemia ferropênica).
Ø Falta
de vitamina B12 na alimentação, um problema gástrico ou intestinal que impeça a
absorção de vitamina B12 ou alguns tipos de medicamentos.
Ø Falta
de folato na alimentação ou um problema que impeça a absorção eficaz de folato
(como a síndrome do cólon irritável). Poderá perder folato se tiver de urinar
frequentemente devido a um problema que lhe afecte o fígado ou os rins. Se o
seu corpo necessitar de mais folato do que o normal, poderá não conseguir
satisfazer essa necessidade, originando assim uma carência.
Ø Destruição
de glóbulos vermelhos (infecções como a malária e algumas doenças auto-imunes)
Há alguns sintomas gerais que estão
associados a todos os tipos de anemia, esses sintomas incluem:
Ø Fadiga,
falta de ar (dispneia),
Ø Desmaios
e um batimento irregular do coração (palpitações).
Ø Dores
de cabeça,
Ø Zumbido
nos ouvidos e falta de apetite
Se a anemia for causada por uma carência
de vitamina B12, poderá ainda notar outros sintomas, como:
Ø Pele
de cor amarelada (devido à icterícia, um problema que se desenvolve quando um
químico chamado bilirrubina se acumula no sangue)
Ø Língua
vermelha e a doer (glossite),
Ø Úlceras
na boca e uma sensibilidade ao toque alterada ou reduzida
Ø Visão
perturbada, irritabilidade
Para além dos sintomas gerais da anemia,
uma carência de folato pode causar
Ø Perda
sensorial,
Ø Incapacidade
de controlar os músculos e
Ø Depressão.
Segundo Nekel (2013:07), normalmente o
indivíduo precisará de fazer análises ao sangue. Em homens, o diagnóstico tem
por base a contagem de hemoglobina no sangue inferior a (13 g/dL), enquanto em
mulheres deve ser inferior a (12 g/dL).
Também poderá fazer análises ao sangue
para ver os valores de vitamina B12, Ferro e folato. Se as análises mostrarem que
tem uma carência numa dessas vitaminas, isso ajudará determinar o tipo de
anemia que tem. Assim que o seu médico determinar que tem anemia por carência
de vitamina B12, Ferro ou folato, pode necessitar de mais análises que expliquem
a causa dessa carência.
A anemia na gravidez é diagnosticada se
a hemoglobina estiver inferior a 9,0/ dL.
Nounen (2012:08) afirma que para as
crianças, a dose de ferro para o tratamento é de 3 mg ∕Kg ∕dia. Embora a
melhora clínica e a normalização das concentrações de glóbulos vermelhos e de
hemoglobina ocorram precocemente com a reposição de ferro, a dose terapêutica
deve ser mantida por 3 a 4 meses para a reposição dos estoques de ferro.
Para os adultos a dose terapêutica é de
60mg de ferro elementar, o que corresponde a um comprimido de 300mg de sulfato
ferroso.
A anemia na gravidez é gerenciada com a
dose oral de 60 a 120 mg por dia de ferro. Paciente é avaliado após quatro
semanas de terapia.
A anemia por carência de vitamina B12 é
normalmente tratada com injecções de vitamina B12.
Para tratar a anemia por carência de
folato, o médico de família poderá receitar comprimidos de ácido fólico, que
são geralmente tomados durante quatro meses.
O tratamento da deficiência de ferro
consiste na correcção da causa, quando esta for por sangramento, bem como
reposição oral ou parenteral de compostos com ferro, orientação nutricional ou
transfusão quando for o caso.
Se a carência de vitamina B12, Ferro ou
folato for causada por uma dieta pobre, será encaminhado para um nutricionista,
que poderá aconselhar sobre formas de alterar a sua dieta no sentido de
melhorar o seu problema incorporando estas vitaminas na sua alimentação diária.
Nounen (2012:09) acrescenta que em casos
severos, qualquer tipo de anemia pode levar a complicações que afectem o
coração e os pulmões, evitando que funcionem da melhor forma.
A
carência de vitamina B12 ou folato pode por vezes causar uma esterilidade
temporária (incapacidade de engravidar). No entanto, essa condição não é
permanente, podendo ser invertida com suplementos vitamínicos.
Se estiver grávida, a carência de
vitamina B12 ou folato pode aumentar o risco de anomalias no bebé, como a
espinha bífida (em que a espinha do bebé não se forma correctamente).
A falta de folato também aumenta o risco
de um nascimento prematuro. A carência de folato também pode aumentar o risco
de desenvolver problemas cardiovasculares (quando o coração e o sistema
circulatório não funcionam devidamente). As pesquisas mostram que a carência de
folato pode estar ligada a alguns cancros. Embora uma falta de folato nunca
seja a única causa de desenvolvimento de um cancro, pode ser um factor
contribuinte.
Fontes de ferro,
Vitamina B12 e Folato
Ø São
fontes boas de Folato (Brócolis, ervilhas, arroz integral, espinafre, cogumelo,
tomate, couve e caju);
Ø São
fontes boas de vitamina B12 (ovos,
carne, peixe, leite e seus derivados, cereais soja);
Ø São
fontes boas de Ferro (carne
vermelha, frango e peixe) nessa ordem, isso porque contêm o ferro tipo heme, que é mais facilmente aproveitado
pelo organismo do que o não-heme,
presente nos alimentos de origem vegetal, especialmente os de folhas
verde-escuro (espinafre, hortaliças, folha de mandioqueira) e as leguminosas
(feijão, soja).
Segundo Nekel (2013:12) é necessário que
a dieta seja acompanhada de alimentos ricos em Ferro, Folato e Vitamina B12. Para
uma melhor absorção do ferro presente nos alimentos é recomendado o consumo de
alimentos com alto teor de vitamina C como Ananás, goiaba, kiwi, laranja,
limão, repolho e tomate, na mesma refeição. O consumo de alguns alimentos deve
ser evitado na mesma refeição ou logo após, como o chá, café, pois atrapalham a
absorção do ferro.
Jarra (2009:10) defende que outra forma
eficaz de prevenir a anemia ferropriva, além da dieta adequada, é o uso do
ferro profilático; recomenda-se o uso de 1mg ∕Kg ∕dia de ferro elementar desde
o início do desmame até o término do segundo ano de vida para os recém-nascidos
e 2mg ∕Kg ∕dia, a partir do 30º dia de vida, por 2 meses para os recém-nascidos
prematuros ou de baixo peso e, depois, inicia-se o esquema proposto para as
crianças a termo. As mulheres grávidas também devem fazer uso profilaxia da anemia
ferropriva a partir da 16º semana de gravidez através da ingestão de 30 a 40 mg
de ferro elementar, que corresponde a 200 mg de sulfato ferroso por dia.
A anemia, como já descrito é a
diminuição da hemoglobina abaixo dos valores de referência. A hemoglobina é uma
proteína conjugada, de peso molecular de aproximadamente 64.500 daltons,
formada por cadeias de globina que estão ligadas ao grupo heme, que por sua vez
é formado pelo conjugado de protoporfirina e ferro. A principal função da
hemoglobina é de absorver e transportar oxigénio no sangue e liberá-lo para os
tecidos, assim como de transportar o dióxido de carbono dos tecidos para os
pulmões.
A anemia apresenta vários sintomas
parecidos com de outras doenças, por isso em alguns casos, poderá ter de fazer
mais exames, com um especialista, por exemplo um especialista em doenças de
sangue (hematologista) ou um especialista no tratamento de problemas que
afectem o sistema digestivo (gastroenterologista).
Nekel, S. Carine. ANEMIA CARENCIAL EM
IDOSOS POR DEFICIÊNCIA DE FERRO ÁCIDO FÓLICO E VITAMINA B12. 2013. Brasil
Jarra,
Juliana. CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA DAS ANEMIAS. 2009. Brasil
Noun,
P. Cesar. ANEMIAS – CLASSIFICACAO E DIAGNOSTICO DIFERENCIAL. 2012. Brasil