O envolvimento dos Africanos O papel dos Africanos na Primeira Guerra Mundial
A guerra afectou profundamente África, a medida que crescia a necessidade de pessoas para o esforço de guerra, havendo carência de mão-de-obra barata. Ocupando os lugares deixados livres pela população branca envolvida na guerra, os negros assumiram, assim, postos administrativos e comerciais em todas as colónias europeias. As necessidades económicas da guerra impulsionaram também o aparecimento de novas indústrias em territórios africanos.
Porém, as colónias africanas sofreram também graves consequências económicas.
As necessidades bélicas provocaram falta de bens de consumo e inflação, para
além do descontentamento generalizado em países como Madagáscar e o Senegal.
Estas perturbações chegaram ao Sul de África, onde se organizou um número sem
precedentes de sindicatos multirraciais, com o objectivo de exigir melhorias
económicas aos governos coloniais e denunciar o «saque» de recursos que
debilitava seriamente a população africana.
Em
algumas zonas da África Oriental e Central a fome espalhou-se e algum tempo
depois eclodiram várias epidemias. A grande epidemia de gripe, proveniente da
Europa, que ocorreu nos finais da guerra, foi a pior de todas, originando a
morte de milhões de pessoas. Em alguns lugares, pereceu cerca de 6% da
população. Apesar de, em termos militares, África ter sido considerada um
teatro militar secundário, o continente sofreu consideráveis baixas humanas.
África foi também palco de uma série de revoltas contra o jugo colonial. O
afrouxar do controlo que havia sobre as populações submissas, devido a guerra,
facilitou as insurreições. Por todo o continente, os rebeldes pegaram em armas
contra os Franceses, contra os Italianos, contra os Ingleses e contra a administração
europeia em geral. Um outro estímulo para a revolta foi a proposta de paz
apresentada no final da guerra pelo presidente americano Wilson, intitulada «14
pontos», a qual incluía uma referência ao direito a autodeterminação.
Regra geral, os europeus saíram sempre vencedores destes conflitos.
Ironicamente, os governantes metropolitanos entenderam finalmente que as suas
colónias africanas tinham um grande valor material e que o investimento em
infra-estruturas urbanas exigia muito mais dinheiro do que aquele que se tinha
a disposição. Este reconhecimento deu espaço a novas políticas, desenhadas para
a satisfação destas necessidades.