As primeiras manifestações nacionalistas em África e em Moçambique

As primeiras manifestações nacionalistas em África e em Moçambique

Factores externos que contribuíram para o aparecimento das ideias nacionalistas em África

Uma vez conquistados e ocupados os seus territórios pela poderosa força das armas e pela falta de unidade, os africanos criaram novas formas de luta pela independência dos seus países - as organizações políticas.

A Revolução Russa de 1917 e a política seguida pela URSS também contribuíram, em grande parte, emergência do nacionalismo africano; a II Guerra Mundial contribuiu para o despertar do nacionalismo africano, na medida em que centenas de milhares de africanos participaram em várias operações militares ao lado dos colonizadores, descobrindo o seu próprio valor e traçando a sua própria linha de dignidade. Muitos soldados africanos, após o seu regresso da 2ª Guerra Mundial, frustrados e cansados pelos abusos dos colonialistas tomaram parte activa nos movimentos políticos que mais tarde conduziram à independência dos seus países.

A Organização das Nações Unidas (ONU) desempenhou um papel muito importante no desenrolar do nacionalismo africano; a política dos EUA que contribuiu para a emancipação dos povos colonizados e enriqueceu as ideias de movimentos nacionalistas, bem como a conferência de Bandung.

As contradições internas do colonialismo – A própria colonização contribuiu para o seu próprio desaparecimento, na medida em que princípios coloniais como educação e a prática administrativa, conduziram `a reivindicação anticolonialista.

 

 Os grupos motores e factores internos do nacionalismo Africano

Os africanos para puderem reaverem a sua identidade cultural e soberania, criaram vários grupos no sentido de consciencializar as ideias nacionalistas.

Os grupos motores de movimentos nacionalistas no continente africano foramos sindicatos, os intelectuais, os movimentos estudantis e a acção das igrejas.

Cada um desses movimentos exerceu um papel importante no despertar do nacionalismo africano. Por exemplo, os sindicatos tornaram-se quadros melhores preparados dos partidos africanos e catalisadores das aspirações das massas. Eles começaram a brigar por salários iguais dos africanos e europeus e contra a concorrência desleal dos trabalhadores europeus.

As igrejas por exemplo, o islamismo e o cristianismo desempenharam um papel importante no surgimento e desenvolvimento do nacionalismo e na luta contra o colonialismo. Procuraram ganhar através dos movimentos nacionalistas espaço e liberdade para participar de maneira reconhecida na construção de novas nações.

 Estas exprimiam o nacionalismo por meio da fé, na medida em que se afirma a origem divina de todos os descendentes de Deus e a consanguinidade de todos os cristãos em Cristo.

A acção dos estudantes e intelectuais também foi importante na medida em que ganharam consciência nacionalista através da alienação cultural.

Todos eles criaram associações e/ou movimentos como o Pan-Africanismo e a Negritude. Manifestaram-se através da publicação de obras literárias que repudiavam as atitudes coloniais, lutando contra as leis de excepção, pelas ideias de justiça, igualdade e fraternidade e pela exigência de trabalho, condição para a elevação da raça negra.


 

 

O Pan-Africanismo manifestou-se pela realização de conferências com vista a fixação de directrizes comuns para a obtenção da independência dos países ainda sob a dominação colonial. A Negritude foi uma expressão literária que defendia um conjunto de valores da civilização cultural, económica, social e política que caracterizam o povo negro.

 


Os movimentos defensores da Negritude e do Pan-Africanismo exerceram um papel de extrema importância, pois estes influenciaram os intelectuais e os estudantes a unirem-se e afirmarem-se como africanos. Entre as duas guerras, a África passava pela privação das liberdades políticas e sociais, exploração dos recursos humanos e materiais, em benefício de estrangeiros. Foi contra essas situações que erguem-se as aspirações nacionalistas, surgindo reivindicações de melhoria da situação económica e social das comunidades, a mão-de-obra sindicalizou-se progressivamente, reforçando a expressão política anticolonial do nacionalismo africano.

 

 O nacionalismo em Moçambique

Como é que os moçambicanos idealizaram o nacionalismo?

O nacionalismo moçambicano nasceu da contestação ao colonialismo português e era reflectido pelas associações, imprensa e poesia.

A dominação colonial criou bases para uma consciência nacionalista, fundamentada nadescriminação, exploração, trabalho forçado e outros aspectos do sistema colonial.

O nacionalismo moçambicano assumiu diversas formas tais como greves e sabotagens por parte dos trabalhadores e camponeses, críticas por parte dos intelectuais, artistas, e religiosos.

Na imprensa destacaram-se alguns jornais como o Africano, o Brado Africano, o Germinal, os Simples, Proletário, o Ferroviário, o Emancipador Amordaçado, o Emancipador dos Humildes e o Emancipador dos Artistas.

O desenvolvimento da poesia, como a de Rui de Noronha, serviu para despertar a consciência nacionalista. A imprensa e a literatura críticas desempenhavam um papel chave.

 

 

Poetas e escritores, como, por exemplo, José Craverinha, Kalango (Marcelino dos Santos), Rui Nogar, Noémia de Sousa, Rui de Noronha, João Dias, Luís Beranardo Howana, Armando Emilio Guebuza, entre outros, deram um grande contributo para o despertar do nacionalismo em Moçambique

O papel de Kamba Simango, na luta nacionalista, foi importante, uma vez que utilizando a religião, mobilizou os nacionalistas negros a lutarem pela sua dignidade.

 Foi no seio dos assimilados que se fundaram e se criaram as diversas organizações nacionalistas, como, por exemplo, o Grémio Africano (presidido por João, tendo como vice-presidente Estácio Dias e como vogal José Albasini), o Instituto Negrófilo, que mais tarde passou a chamar-se Centro Associativo dos Negros de Moçambique, a Associação dos Naturais de Moçambique. Foram estes que fundaram alguns jornaisque propagaram ideais anticolonialistas.

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