A história estruturalista de Fernand Blaudel
Esta História defende que o tempo
histórico nem sempre coincide com o tempo cronológico, daí que este deve ser
medido não pela sequência do calendário, mas de acordo com a duração,
sequência, permanência ou mudança dos fenómenos da acção humana.
a) Tendo em conta a multiplicidade e variedades do tempo sócia, Blaudel divide
os acontecimentos em três categorias a saber:
Ø
– Um tempo curto: refere-se ao tempo
dos acontecimentos que se ocupam com a ocorrência de superfície ou de curta
duração. Geralmente não requerem investigação nem análise científica profunda.
É o exemplo de uma batalha ou assinatura de um acordo.
Ø
– Um tempo médio: aquele que se
preocupa em estudar os acontecimentos de média duração. É o estudo das pequenas
e breves variações cíclicas ou melhor conjunturas. É o exemplo de uma greve que
dura um ano.
Ø
– Um tempo longo: aquele em que o
historiador procura inserir as grandes repetições ou grandes permanências. É o
tempo da História estrutural. Exemplo: os modos de produção cuja mudança não é
brusca.
b)
Aproximação com as outras ciências
sociais e humanas, destacando-se o papel da interdisciplinaridade.
c) Renovação metodológica: a especialização do trabalho em equipa. A História
estruturalista aparece quando começa-se a privilegiar a Diacronia (estudo dos
acontecimentos em longos períodos de tempo na qual se compara os factos e se
constata a sua repetição, permitindo perceber o fundo inalterável que sustenta
o afluxo imparável dos factos. É o estudo dos factos após terem acontecido.
Contrariamente com a sincronia que retrata os acontecimentos na devida altura
ou na exacta data a que se dão, método privilegiado pelo positivismo e
historicismo.
Conclusão
Terminado trabalho,
concluiu-se que a referida crise não é relativa à cientificidade das ciências,
mas do seu significado para com a existência humana. O historicismo e o
positivismo promoveram o afastamento definitivo das ciências com relação aos
problemas últimos e supremos dos seres humanos, pois reduziram a ciência a
meros fatos, e assim acabaram criando também homens de fatos, em suma, esta
crise está relacionada à crise dos seres humanos e não dos conceitos, está
fundamentada na ciência pura que não consegue responder as questões
fundamentais dos seres humanos em sua totalidade.
Sobre a Escola dos Annales, concluiu-se que esta deixou
sua marca bem notável da historiografia desde então e continua existindo até
hoje. Desde seu surgimento, passou por quatro fases e teve grandes nomes como
representantes de cada uma. A primeira delas, a fase de fundação, é
identificada por seus criadores Marc Bloch e Lucien Febvre. A segunda fase, já
em torno de 1950, é caracterizada pela direção e marcante produção de Fernand
Braudel. A partir da terceira geração a Escola dos Annales passou a
receber uma identificação mais plural, na qual destacaram-se vários
pesquisadores como Jacques Le Goff e Pierre
Nora. A quarta geração da Escola dos Annales é referente a um período
que se inicia em 1989, neste momento há um desenvolvimento notório da História
Cultural e os grandes nomes que a representam são, por exemplo, Georges
Duby e Jacques Revel.
Bibliografia
Ø
BRAUDEL, Fernand. O
Mediterrâneo e o Mundo Mediterrânico na época de Felipe II. São Paulo:
Martins Fontes, 1983.
Ø
CARBONELL, Charles-Olivier
(1992). Historiografia. [S.l.]: Teorema.
Ø
REVEL, Jacques (1989). A
Invenção da Sociedade. Lisboa: Difel.
Ø BURKE, Peter. A Escola dos Annales: 1929-1989. São Paulo:
Edit. Univ. Estadual Paulista, 1991.