Noções Sobre Metodologia da História
Objecto e Sujeito do Conhecimento Histórico
Segundo a teoria do conhecimento objecto de conhecimento são todos
os fenómenos, processos e relações, que se estudam em determinada
ciência. É aquilo de que a ciência se ocupa.
Agora, você perguntaria - Qual é o objecto de estudo da História? Ou, por
outra, o que é que a História estuda?
Vejamos o que diz Marc Bloch:
“O Objecto da História é, por natureza, o homem. Digamos melhor os
homens”.
E acrescenta:
“ A História é ciência dos homens” disseram nós. (...) Temos de
acrescentar: “dos homens no tempo”.
Portanto, seguindo o pensamento de Bloch diríamos que o objecto da
história são “os homens no tempo”.
O passado dos homens ou então a evolução dos homens no tempo é,
portanto, o objecto da história, mas deve se acrescentar a componente
espacial pois, em história, o homem deve ser estudado nos quadros da
sociedade de que é membro.
O sujeito do conhecimento: É o espírito que conhece em relação ao
objecto conhecido, quem exerce o conhecimento real, que vive e actua
em condições históricas concretas; é o homem, o historiador.
Objecto e sujeito são portanto os dois elementos principais do conhecimento. O conhecimento pressupõe sempre a existência destas duas componentes. Não se pode falar de conhecimento se um deles, ou ambos, não existir.
As Fontes Históricas
A história, como conhecimento do passado humano, não pode atingir
directamente o passado, mas apenas através de vestígios que esse passado
deixou e que servem de base ao trabalho do historiador.
Os materiais de que o historiador se serve para revisitar o passado
recebem as mais variadas designações tais como vestígios, monumentos,
testemunhos, documentos, fontes.
A seguir vamos ver o conceito de documento, segundo dois autores.
Primeiro vamos ver na acepção de Lucien Febvre:
"... Este diz respeito a tudo aquilo que, pertencendo ao homem, depende
do homem, está ao serviço do homem, exprime o homem, significa a
presença, a actividade, os gostos, as maneiras do ser do homem" (Lucien
Febvre).
Por sua vez Pierre Salmon diz:
"o documento hitsórico é o intermediário entre o passado e o historiador,
é o espelho da verdade histórica... mas quantas vezes um espelho
deformador"
Partindo destas duas definições, você, pode perceber que documento ou
fonte histórica refere-se a tudo quanto nos possa informar sobre o
passado. Não existe forma definida sob a qual se apresenta o documento.
Tudo aquilo que exprime o homem, um indício que revela a presença,
actividade, sentimentos, mentalidade do homem.
Os Tipos de Fontes
É muito difícil determinar onde começa e onde acaba o documento, pois a
sua noção alarga-se progressivamente e acaba por abarcar textos,
monumentos, observações de toda a ordem, sinais, palavras, paisagens,
etc.
"Tudo o que nos pode informar sobre o passado dos homens pode ser
fonte histórica".
Portanto podem se identificar diferentes tipos de fontes históricas:
escritas, figuradas, orais e gravados ou audiovisuais.
Veja, caro aluno, cada uma das fontes.
As fontes Escritas – incluem materiais manuscritos ou impressos,
como inscrições, jornais, cartas, documentos oficiais, etc. A sua
diversidade faz com que elas também possam ser discriminadas em:
Epigráficas - gravadas em materiais duros como a pedra, o bronze,
ou a cerâmica. Geralmente são textos curtos, com fins
comemorativos, funerários, etc. São úteis na ausência ou escassez de
outro tipo de fontes.
Arquivísticas ou Diplomáticas: são os documentos de carácter
oficial (diplomas, tratados, etc); ou de carácter jurídico (escrituras
notariais, actas de assembleias, inventários, sentenças, registos
paroquiais, Legislação geral ou especial, documentação geral, etc).
Literários ou Narrativas: Livros, oratória, anais e crónicas,
hagiografias, narrativas diversas.
Fontes Materiais ou Arqueológicas – são os vestígios materiais do
homem (fósseis, restos de utensilios domésticos, monumentos, objectos
de arte, ou paisagens com marcas dos homens que a trabalharam).
Repare, caro aluno, que todos os achados, à frente do arqueólogo,
constituem autênticos testemunhos mudos, isto é, têm algo a dizer sobre
como viviam os seus possuidores.
Até cerca do 3o milénio a.C., não existiam testemunhos escritos pelo que
é extremamente difícil se vislumbrar o que ocorreu de concreto com os
nossos antepassados. Graças às escavações arqueológicas, é possível ter
uma imagem de como devem ter vivido os povos do passado.
Como certamente deve saber, caro aluno, África, o nosso continente,
particularmente a sul do Saara conheceu muito tardiamente a escrita.
Além disso, ainda existem vastas regiões da África onde os níveis de
analfabetismo continuam bastante elevados. Portanto para o estudo do
passado do continente africano esta categoria de fontes revela-se ainda
mais importante até para períodos relativamente recentes.
Não se pense porém que o recurso à arqueologia resolve definitivamente
o problema da falta de fontes. Nem todos os aspectos da vida dos nossos
antepassados podem ser hoje conhecidos a partir dos vestígios materiais,
pois em muitos casos os materiais de que se serviam - a madeira, peles
dos animais, etc. já desapareceram.
Você sabia que interpretar os testemunhos arqueológicos não é uma
tarefa fácil? Razão pela qual o historiador é obrigado a recorrer a algumas
disciplinas auxiliares tais como a Numismática ("ciência das moedas" que
permite elucidar questões dos domínios político económico, social e
cultural) bem como a Sigilografia ou Esfragística ("ciência dos
selos"usados como sinal pessoal de autoridade e de propriedade)
A Datação pelo Carbono 14
Os tempos pré-históricos são sem dúvidas os que maiores problemas
acarretam no seu estudo, devido a escassez de documentos escritos.
Assim, o estudo desses tempos tem sido possibilitado pela chamada
datação pelo Carbono 14.
Pois bem, em que é que consiste este método?
Veja, a seguir como é que funciona o carbono 14.