TEXTOS JORNALÍSTICOS

Apresentação do texto da entrevista

Texto

Conversas

E se vos fosse oferecida a possibilidade de porem os políticos todos na rua, de mandarem os políticos todos para a escola brincar, e ficarem vocês a governar o país?

Ricardo – Eu não aceitava; era muito cargo.

Pedro – Eu não aceitava.

Ricardo – Ainda por cima na situação em que o país está… Se o país estivesse rico, eu não me importava. Mas pobre, para estar com coisas, depois agora tens que fazer isto, depois tens que fazer aquilo.

Pedro – Só aceitava era o cargo de Ministro de Educação.

João Sousa Monteiro – Ah sim? E o que é que fazias?

Pedro – Renovava as escolas que estão a cair e mobilava as sem mobília. E depois mandava meter guardas em todas as escolas, dez guardas por cada escola.

J.S.M. – Para quê?

Pedro – Para proteger os alunos.

J.S.M. – Mas para proteger de quê?

Pedro – De assaltos que acontecem muito.

Paulo – E de acidentes também.

J.R.L. – E o que é que você fazia aos professores?

Ricardo – A alguns dava-lhes a reforma!

Pedro – Eu acho que dava oportunidade a novos professores.

Ricardo – E davas reforma aos outros.

J.R.L. – Acham que estes que têm agora não sabem brincar?

Paulo – Eles brincam connosco. Não tenho mesmo assim razão de queixas dos meus professores.

Pedro – Eu por acaso também não.

Paulo – Todos eles gostam de brincar.

J.S.M. – Mas então não percebo! Afinal já ninguém tem razão de queixa dos professores, nem da escola?!

Pedro – Eu tenho algumas razões de queixa da escola.

J.S.M. – Mas se fosses Ministro de Educação o que é que fazias?

Pedro – Na escola onde eu ando agora?

J.S.M. – Não, nas escolas em geral?

Pedro – Nas que estão a cair de velhas, restaurava-as, ou mandava-as abaixo e construía novas.

J.S.M. – Achas que vale a pena continuar a haver escolas?

Pedro – Eu acho que sim.

Ricardo – E eu baixava o preço pelo menos das matriculas, ou mesmo retirava.

J.S.M. – Mas achas que vale a pena haver escolas?

Pedro – Eu acho que sim…

J.S.M. – E tu também?

Ricardo – Porque uma pessoa vai aprender, vai criar algo, que é para depois, quando for maior trabalhar.

Paulo – E ensinar os filhos também.

Ricardo – Isto é uma passagem de um lado para o outro: um aprende e ensina ao outro, o outro aprende e ensina a outro…

J.S.M. – Está bem, mas isso é conversa dos adultos, isso é o que eles vos dizem a vocês acerca da escola. E vocês o que é que pensam da escola? Gostam da escola ou não gostam da escola? Se agora fechasse a escola durante um ano?

Ricardo – Ficava chateado. Eu, nos primeiros dois meses, ficava todo contente porque tinha muitas férias, mas acho que depois começava a ver que eram férias a mais, que estava separado dos meus colegas que viviam longe.

J.R.L. – Qual é o momento da escola, desde que entram até que saem, de que vocês gostam mais?

Paulo – A hora que não há aulas.

Pedro – Os intervalos.

J.S.M. – Quando eu disse fechar a escola, queria dizer as aulas, só acabar com as aulas. Podiam continuar a encontrarem-se com os vossos amigos e a fazerem o que fazem normalmente na escola, mas sem aulas. Os professores não entravam mais na escola. Ou então, se entravam os porreiros.

Ricardo – Era capaz de saturar. Saturava de brincadeira. Eu estou de férias, vou para a praia, brinco, jogo à bola, não sei que mais, mas quando chego ao último mês, começo a ficar saturado de não fazer nada.

Pedro – E depois acho que o que ia acontecer era nós, por exemplo, quando íamos para casa, víamos os nossos colegas, os nossos vizinhos, e isso tudo, começava tudo a conversar sobre as aulas, e nós estávamos atrasados, não percebíamos nada. Eu acho que também começávamos a sentir que nos faltavam as aulas.

Ricardo – Faltava-nos algo.

J.R.L. – O que vos faltava se calhar era aprender coisas novas. E acham que se aprende coisas novas na escola, ou que é melhor maneira de aprender coisas novas?

In “Se não sabe Porque É Que Pergunta?”

Compreensão e interpretação do texto

Leitura orientada

1. O texto que acaba de ler é uma entrevista?

1.1. Identifique o assunto global da entrevista.

1.2. Quem são os seus intervenientes?

1.2. Seleccione uma, e apenas uma, das opiniões emitidas pelos entrevistados e comente-a, ou seja, dê a tua opinião sobre ela, justificando a sua posição.

 

Conceito de entrevista

Prezado/a estudante, depois de ter lido o texto, já pode perceber e dizer por suas palavras o que é uma entrevista. Sim diga, o que é uma entrevista? Pode apoiar-se nas conversas que acompanha pela rádio, televisão, jornais, revistas, entre outros meios. Isso mesmo, incluindo o telefone/celular.

 Uma entrevista é um diálogo entre um jornalista (aquele que faz as perguntas) e o entrevistado, ou seja alguém que tenha conhecimentos sobre determinado assunto.

As entrevistas podem aparecer nos jornais, nas revistas, na rádio ou na televisão. Quando se trata de uma entrevista escrita, surge a descrição da personagem, do ambiente em que se desenrola a entrevista e a indicação dos gestos, bem como das suas reacções.

 

Características da entrevista

Duas características são indispensáveis a entrevista: informar e caracterizar alguém.

- Reproduz em directo as falas dos diferentes interlocutores;

- Destaca quem fala com quem;

-Destacam-se na entrevista os traços linguísticos (referentes a redundâncias, repetições, hesitações, discurso directo).

- Apresenta actos de fala (argumentativo, persuasivo, justificativo,…);

- Tem o carácter dialogal e a sua estrutura em trocas regulares: pergunta do entrevistador (jornalista), resposta do entrevistado.

- Apresenta as funções da linguagem com as marcas da oralidade.

 

Tipos de entrevista

Há diferentes tipos de entrevista, a saber:

1. Entrevista informativa – centra-se exclusivamente na opinião do entrevistado. O entrevistador limita-se a fazer perguntas já previamente preparadas ou pensadas. As respostas são gravadas e reproduzidas textualmente.

2. Entrevista criativa – é mais livre e requer mais habilidade por parte de quem a efetua. O questionário não é fixo, não é rígido e varia mesmo conforme as respostas dos entrevistados. O entrevistador como que dialoga com este, descreve-o e recolhe as suas opiniões.

Assim a entrevista pode ter objectivos variados:

- Entrevista noticiosa – recolhe factos que se transformam em notícias

- Entrevista de opinião – recolhe-se o ponto de vista do entrevistado sobre determinado assunto;

- Entrevista de personalidade recolhem-se factos biográficos e pessoais do entrevistado;

- Entrevista de grupo – recolhe-se opiniões de um certo número de pessoas sobre certo assunto;

- Entrevista colectiva ­– quando um grupo de entrevistadores recolhe opiniões junto de uma pessoa.

 

Estrutura do texto da entrevista

O texto da entrevista apresenta três partes principais:

a) Cabeçalho: contém uma introdução que fornece informações sobre o assunto a tratar e o entrevistado. Apresenta também o objectivo da entrevista, descrição do ambiente em que decorre a entrevista.

b) Corpo do texto: é composto basicamente por perguntas e respostas.

c) Conclusão: apresenta as considerações e opinião do entrevistador e os respectivos agradecimentos.

 

Tipo de linguagem

Na entrevista usa-se uma linguagem clara (compreensível a todos), objectiva e directa (predominância do discurso directo).

 

Como fazer uma entrevista

Para fazer uma entrevista é necessário:

1o Informar-se sobre a vida e actividade profissional do entrevistado;

2o Elaborar um guião com as perguntas que se desejam fazer;

3o Procurar, através de um pequeno texto introdutório, destacar o entrevistado;

4o Fazer perguntas de modo natural;

5o No final, transcrever a entrevista: primeiro, a introdução de apresentação do entrevistado e depois as perguntas e as respostas, ou seja, o corpo da entrevista;

6o Mostrar, sempre que possível, a entrevista transcrita ao entrevistado para evitar erros de interpretação.

Guião de Entrevista

Antes da realização da entrevista, deve-se seleccionar o tema, definir os objectivos e escolher a pessoa a entrevistar.

Na condução da entrevista, devem observar-se alguns procedimento, tais como:

- Elaborar perguntas de acordo com as expectativas do entrevistador e de possíveis leitores/ouvintes.

- Construir perguntas variadas (abertas – o que pensa de…? Ou fechadas – gosta de...?), evitando influenciar as respostas e procurando alternativas para eventuais fugas ao tema.

- Adequar as perguntas ao entrevistado (personalidade, nível etário, …) e situação (momento e lugar).

- Seleccionar um vocabulário claro e acessível e rigoroso.

- Estabelecer o número de perguntas e proceder a sua ordenação.

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