Origem Do E Evolução Do Homem
A cronologia da origem do homem
e sua evolução não é precisa. Existem numerosas classificações, muitas vezes
contraditórias, pois ainda há várias lacunas importantes.
De um modo geral, podemos dizer
que um tronco comum deu origem aos grandes macacos ou antropóides (Pongidae) e
aos humanos (Hominidae). Em algum momento, essas duas famílias se formaram e
evoluíram em sentidos diferentes: os Pongidae assumiram as formas do gorila, do
chimpanzé, do orangotango e do gibão atuais, enquanto os Hominidae passaram por
várias transformações, até chegar ao Homo sapiens sapiens.
·
O
Australopithecus
Os hominídeos ou homínidas são
classificados em dois gêneros. O primeiro é o Australopithecus (do latim
australis = meridional + o grego pithecos = macaco), que apresentava
características físicas ainda distantes do homem atual. O segundo é o gênero
Homo, ao qual pertencemos. Não se sabe se o Homo evoluiu do Australopithecus ou
se ambos são gêneros independentes, ligados a um ancestral comum. Mas tudo
indica que os primeiros hominídeos viveram na Africa Sul-Oriental.
Há três espécies conhecidas de
australopitecos. O Australopithecus aferensis é o mais antigo, tendo vivido
cerca de 3 milhões de anos atrás. Já o Australopithecus africanus e o
Australopithecus robustus existiram respectivamente até 1,5 e 1 milhão de anos
antes de nossa era, sendo que o A. africanus pode ter dado origem ao gênero
Homo. Essas três espécies são claramente diferenciadas dos Pongidae porque,
apesar de sua pequena ca4acidade craniana (400 cm3 para o A. aferensis e 500 cm
para os outros), tinham postura bípede e não possuíam as grandes presas (dentes
caninos) existentes nos antropóides.
·
Homo habílis
Há cerca de 2 milhões de anos —
sendo portanto a espécie posterior à origem do homem, contemporânea do
Australopithecus africanus e do Australopithecus robustus — surgiu a primeira
espécie do gênero Homo: o Homo habilis, assim chamado por sua capacidade de
utilizar, pela primeira vez, pedras cortantes ou aguçadas para quebrar
invólucros de sementes, cavar a terra em busca de raízes ou esquartejar
animais. Seu volume craniano variava entre 650 e 800 cm3. Além disso, tinha uma
postura menos curvada que a dos australopitecos.
·
Homo erectus
Cerca de 1,5 milhão de anos
atrás, o Homo habilis, até então restrito à Africa, deu origem a uma espécie
que se disseminaria pela Ásia e Europa: o Homo erectus. Este, além de
demonstrar uma notável evolução no uso de utensílios de pedra (facas, machados,
raspadores), deve ter iniciado a linguagem falada e, há cerca de 500000 anos,
começado a abrigar-se em cavernas e a produzir fogo. No aspecto físico, o Homo
erectus não ultrapassava 1,5m de altura; tinha a arcada superciliar saliente e
uma mandíbula maciça, desprovida de queixo. A cabeça articulava-se com a coluna
vertebral de modo a ficar ligeiramente projetada para a frente.
Além dos muitos fósseis de Homo
erectus encontrados na Africa, descobriram-se outros, ligeiramente diferenciados,
na Ásia e na Europa. São eles o Javantropo, o Sinantropo e o Paleantropo (do
grego anthropos = homem), localizados respectivamente na Ilha de Java
(Indonésia), perto de Pequim (China) e em Heidelberg (Alemanha). Os três foram
classificados como subespécies do Homo erectus e receberam, em complementação,
as denominações javanensis, pekinensis e heidelbergensis.
Reconstituição de dois
antepassados do Homo sapiens. Da esquerda para a direita; o Sinantropo e a
Javantropo.
Aproximadamente em 300000 a.C.,
o Piorno erectus começou a sofrer transformações que iriam resultar na espécie
à qual pertencemos: o Homo sapiens.
·
Homem de
Neanderthal
Restos da subespécie mais
antiga do Horno sapiens foram descobertos pela primeira vez no vale (em alemão
= thal) do Rio Neander, na Alemanha; daí terem recebido o nome científico de
Homo sapiens neanderthalensis. Exemplares semelhantes seriam depois encontrados
na França, Iugoslávia, Palestina e Africa do Norte.
A estatura do homem de
Neanderthal era pouco superior a 1 ,5m. Seu crânio apresentava-se levemente
achatado no occipital, com a testa bastante inclinada para trás, maxilares
robustos e queixo pouco pronunciado. A arcada superciliar era menos saliente
que nas espécies precedentes.
Os neandertalenses caçavam em
grupo e abrigavam-se do frio em cavernas. Viveram entre 120 000 e 35 000 a.C.
As razões de seu desaparecimento não são claras, mas muitos devem ter-se
miscigenado ou sido exterminados pela segunda e mais evoluída subespécie do
Piorno sapieM, denominada cientificamente Homo sapiens sapiens — ou seja, o
homem atual.
O mapa indica o processo
migratório do homem em direção a outros continentes, a partir da África.
·
Homo sapiens
sapiens (Homem actual)
O Horno sapiens sapiens surgiu
por volta de 40000 a.C. Os primeiros espécimes estudados foram descobertos em
uma localidade do Sul da França; daí serem designados pelo nome de homem de
Cro-Magnon. Eram mais altos que os neandertalenses e tinham traços fisionômicos
menos pesados, com o crânio alongado, a fronte ampla e o queixo arredondado.
O Horno sapiens sapiens
substituiu o homem de Neanderthal e, por volta de 25000 a.C., espalhou-se pela
Terra. Coube a ele aperfeiçoar as técnicas de obtenção de alimentos, ampliar as
formas de organização social, estruturar a religião e produzir manifestações
artísticas. E, com o passar do tempo, o Horno sapiens sapiens deu origem às
raças humanas.
Atualmente, muitos estudiosos
evitam utilizar o termo raça para designar um grupo humano com determinado
fenótipo; em seu lugar, preferem a palavra etnia. O motivo para essa rejeição é
sobretudo ideológico, devido à conotação negativa de “raça’ com “racismo”
(atitude anticientífica baseada na pretensa superioridade de certas raças sobre
as demais).
Ora, como o conceito de etnia
envolve também peculiaridades culturais, é difícil deixar de usar a palavra
raça quando se levam em conta as características estritamente físicas dos
grupos humanos (cor da pele e dos olhos, estatura, formato do crânio e do
rosto, tipos de nariz e cabelo etc.). Más, tais características são estudadas
pela Antropologia Física, cabendo à Antropologia Cultural a realização dos
estudos etnográficos e etnológicos.
Acredita-se que as raças
humanas atuais tenham resultado da fixação de certos grupos em áreas
específicas, a cujo meio se adaptaram. Nesse caso, como a procriação se
processou dentro de um universo restrito, acentuaram-se determinados traços
físicos, diferenciando um grupo de outro. E óbvio que tais diferenças não
implicam qualquer idéia de superioridade ou inferioridade entre esses grupos.
Conclusão
Em oposição ao criacionismo, a
teoria evolucionista parte do princípio de que o homem é o resultado de um
lento processo de alterações (mudanças). Esta é a idéia central da evolução: os
seres vivos (vegetais e animais, incluindo os seres humanos) se originaram de
seres mais simples, que foram se modificando ao longo do tempo.
A evolução humana, ou
antropogênese, é a origem e a evolução do Homo sapiens como espécie distinta de
outros hominídeos, dos grandes macacos e mamíferos placentários. O estudo da
evolução humana engloba muitas disciplinas científicas, incluindo a
antropologia física, primatologia, a arqueologia, linguística e genética.