Figuras de Estilo
Figuras de estilo - Figuras de Pensamento
A figura de estilo é uma forma de
enunciar um significado através de uma palavra ou expressão que não é o termo
«próprio», que não costuma ser usado para esse significado. As figuras de
estilo dividem-se em três grandes grupos: figuras de linguagem, figuras de
sintaxe e figuras de pensamento.
Figuras De Pensamento
As principais figuras de pensamento
são:
Interrogação retórica
– É uma pergunta que se faz, não para obter resposta, mas, geralmente, para
deixar o receptor a pensar sobre o assunto ou para dar seguimento à exposição
da ideia do emissor.
Ex:
Quem teria coragem de permanecer na sua Pátria num clima de tensão?!
Exclamação – Expressão espontânea de um vivo e
súbito sentimento de dor, de alegria, de pesar, de admiração, de cólera, entre
outros.
Ex:
Que lindo dia deverão!
Hipérbole – Exagero da verdade das coisas, quando se quer enfatizar uma
grande quantidade ou conferir muita intensidade.
Ex:
Estou a morrer de sede!
Apóstrofe – Interrupção brusca do assunto para
o orador ou o escritor se dirigir a uma pessoa ou coisa, presente ou ausente,
real ou fictícia.
Ex:
Ó glória de mandar, ó vã cobiça
Desta vaidade a que chamamos fama!
Luís
Vaz de Camões, Os Lusíadas
Prosopopeia, personificação ou animismo – Introdução no discurso de pessoas ausentes ou mortas, divindades,
animais ou seres inanimados a quem se atribui fala, acção e sentimentos
próprios das pessoas.
Ex:
A cidade está cheia de prédios que rasgam os Céus.
Perífrase – Emprego de muitas palavras para
transmitir um significado que geralmente é dado por uma só palavra ou por uma
expressão mais curta. Costuma usar-se para evitar uma repetição, ou para
definir um conceito, ou ainda para revelar/explicitar um dado.
Ex:
Na tristeza das horas sem luz
em
vez de
Na
tristeza dos noites
Antítese ou contraste – Oposição de duas
expressões, para significar algo que é aparentemente contraditório.
Ex:
Uma doce tristeza!
Noémia
de Sousa, Sangue Negro
Gradação – Disposição das palavras e ideias
por ordem crescente ou decrescente da sua significação.
Ex:
Por uma omissão perde-se uma inspiração; por uma inspiração perde-se um
auxílio; por um auxílio, uma contrição; por uma contrição, uma alma.
Padre
António Vieira, Sermão da Primeira Dominga do Advento
Funções de Linguagem
Funções de Linguagem
(ou Função Informativa/Referencial) são recursos de ênfase que actuam segundo a
intenção do produtor da mensagem, cada qual abordado um diferente elemento da
comunicação. Esta função ocorre quando centra-se nas opiniões, sentimentos e
emoções do emissor, sendo um texto completamente subjectivo e pessoal.
Função Emotiva ou Expressiva
Também chamada de Expressiva, na
função Emotiva, como o próprio nome já indica, o emissor ao utilizar essa
função tem como objectivo principal transmitir suas emoções, sentimentos e
subjectividades por meio da própria opinião.
A
partir disso, esse tipo de texto apresenta na primeira pessoa enfatizando seu carácter
pessoal e pode ser encontrado nos textos poéticos, nas cartas, nos diários
marcada pelo uso de sinais de pontuação, por exemplo, reticências, ponto de
exclamação.
Exemplo:
A dona Teresa envia um e-mail para os seus filhos.
Meus
amores, tenho tantas saudades de vossas… Mas não se preocupem, em breve a mamãe
chega e vamos aproveitar o tempo perdido bem juntinhos.
Sim,
consegui adiantar a viagem em uma semana!!! Isso quer dizer que têm muito
trabalho durante hoje e amanhã.... Quero encontrar essa casa em ordem,
combinado?!?
Função Poética
A função Poética é característica
das obras literárias, da utilização do sentido conotativo das palavras, em
que o emissor preocupa-se de que maneira a mensagem será transmitida por
meio da escolha das palavras, das expressões, das figuras de linguagem. De
qualquer forma, esse tipo de função não pertence somente aos textos literários
posto que aparece também na publicidade ou nas expressões quotidianas em que há
o uso frequente de metáforas (provérbios, anedotas, trocadilhos, músicas).
Exemplo:
Uma história sobre a avó
Apesar
de não ter frequentado a escola, dizia que a avó era um poço de sabedoria.
Falava de tudo e sobre tudo e tinha sempre um provérbio debaixo da manga.
Função Fáctica
A função Fáctica tem como objectivo
estabelecer ou interromper a comunicação de modo que o mais importante é a
relação entre o emissor e o receptor da mensagem. Muito utilizada nos diálogos,
por exemplo, nas expressões de cumprimento, saudações, discursos ao telefone.
Exemplo:
Uma conversa telefónica
Consultório
do Dr. Mandlate, bom dia!
Bom
dia. Precisava de uma consulta para o próximo mês, se possível.
Hum,
o Dr. tem vagas apenas para a segunda semana. Entre os dias 7 e 11, qual a sua
preferência?
Dia
8 está óptimo.
Função Conativa ou Apelativa
Também chamada de Apelativa, a
função Conativa é caracterizada por uma linguagem persuasiva com o intuito
de convencer o leitor. Por isso, essa função é muito utilizada nas propagandas,
publicidades, discursos políticos, a fim de influenciar o receptor por meio da
mensagem transmitida. A partir disso, esse tipo de texto costuma se apresentar
na segunda ou na terceira pessoas com a presença de verbos no imperativo e o
uso do vocativo.
Exemplos
Vote
em mim!
Entre.
Não vai se arrepender!
É
só até amanhã. Não perca!
Função Metalinguística
A função Metalinguística é
caracterizada pelo uso da metalinguagem, ou seja, a linguagem que
refere-se à ela mesma, por exemplo, um texto que descreva sobre a linguagem
textual, um documentário cinematográfico que fala sobre a linguagem do cinema,
dentre outros. Em outras palavras, o emissor explica um código utilizando o
próprio código. Como exemplos de textos metalinguísticos temos as gramáticas e
os dicionários.
Exemplo
Escrever
é uma forma de expressão gráfica. Isto define o que é escrita, bem como
exemplifica a função metalinguística.
Conclusão
Fim do trabalho, pudemos concluir que as figuras
de estilo ou figuras de retórica são estratégias que o orador
(ou escritor) pode aplicar ao texto para conseguir um determinado efeito na
interpretação do ouvinte (ou leitor). Podem relacionar-se com aspectos semânticos,
fonológicos
ou sintácticos das
palavras afectadas.
Quanto
a Funções da Linguagem, pudemos constatar que este recurso é usado
frequentemente nos materiais didácticos, textos jornalísticos e científicos que
por meio de uma linguagem denotativa informam a respeito de algo, sem envolver
aspectos subjectivos ou emotivos à linguagem. Com isso, esse tipo de texto
apresenta na terceira pessoa (singular ou plural) enfatizando seu carácter impessoal.
Bibliografia
·
KAYSER, Wolfgang (1976): Análise e Interpretação da Obra
Literária [4ª Ed. revista
pela 16ª alemã por Paulo Quintela]: Arménio Amadado, Editor, Sucessor: Coimbra.
·
CUNHA, Celso (1976): Gramática do Português
Contemporâneo [6ª Eed.
revista]: Editora Bernardo Álvares, S. A..Belo Horizonte.
·
PINTO, José M.; PARREIRA, Manuela;
LOPES, M. do Céu Vieira: Gramática
do Português Moderno: Plátano Editora. Porto.
·
ALVES, Manuel dos Santos (1978): O Texto Literário __ Linguística,
Poética, Estilística, Géneros Literários, Textos: Livraria Popular de
Francisco Franco. Lisboa.
·
FIGUEIREDO, Jorge V., BELO, Maria
Teresa (1985): Comentar Um
Texto Literário: Editorial Presença. Lisboa.
·
(1997) Curso de Português __ Questões de
Gramática, Noções de Latim: sob a direcção de Américo Leal: Edições Asa.
Porto.
·
FLÓRIDO, Mª Beatriz, SILVA, Mª
Emília D., FONSECA, Joaquim (1981): Novos
Caminhos Para a Linguagem __ Análise da Comunicação, Estilística e Análise
Textual, Elementos de História da Língua: Porto Editora. Porto.
·
FIGUEIREDO, José Nunes, FERREIRA,
António Gomes (1966): Compêndio
de Gramática Portuguesa: Livraria Sá da Costa Editora. Lisboa.
·
NUNES, Cármen, OLIVEIRA, Mª Luísa,
SARDINHA, Mª Leonor (1995): Nova
Gramática de Português: Didáctica Editora. Lisboa.
·
BORREGANA, António Afonso (1996): Gramática Universal __ Língua
Portuguesa: Texto Editora. Lisboa
·
www.escolademoz.blogspot.com