Fichas de Leitura Completo
FICHAS DE LEITURA
Uma ficha de
leitura é um documento em que se regista, de forma sintética e ordenada, os
dados mais relevantes de um texto que se leu (artigo, capítulo de livro, livro,
etc.). Este documento é habitualmente produzido no âmbito de um trabalho de
investigação ou no âmbito do estudo de um determinado tema e permite:
(i)
Organizar a informação
relativa ao tema em estudo e;
(ii)
Gerir as fontes
bibliográficas utilizadas sem necessidade de posterior consulta.
TIPOS DE FICHAS DE
LEITURA
A ficha de
leitura é um texto escrito que assenta na perícia individual para organizar as
ideias e na capacidade de síntese. Existem, porém, várias formas de textos
escritos, nas quais distinguem-se quatro (4) tipos de fichas de leitura,
nomeadamente:
1º.
Fichamento
bibliográfico
É a descrição,
com comentários dos tópicos abordados em uma obra ou parte dela. É basicamente
uma colecção de fichas contendo informações de livros, artigos e outros
materiais, com suas respectivas anotações, que possam servir ou já constituam
referências a uma monografia, dissertação ou tese.
Nesse sentido, António
Joaquim Severino (1985) estabelece que: “O fichamento de documentação bibliográfica
constitui um acerto de informações sobre livros, artigos e demais trabalhos que
existem sobre determinados assuntos, dentro de uma área do saber”.
Por viés outro,
Humberto Eco (1998)
disserta sobre todos os detalhes a serem considerados na formação deste
arquivo, indo desde a primeira pesquisa exploratória em uma biblioteca até o
detalhamento de informações de registro para consultas posteriores.
O tema
entabulado também é tratado por Ângelo Domingos Salvador (1973), segundo qual, a
ficha bibliográfica, de obra inteira ou parte dela, pode referir-se a alguns ou
a todos os seguintes aspectos: a) o campo do saber que é abordado; b) os
problemas significativos tratados; c) as conclusões alcançadas; d) as
contribuições especiais em relação ao assunto do trabalho; e e) as fontes dos
dados.
Portanto, o
fichamento bibliográfico consiste em resenha ou comentário que dê idéia do que
trata a obra, sempre com indicação completa da fonte. Pode ser feito também a
respeito de artigos ou capítulos isolados, representando um importante auxílio
na produção de textos técnico-científicos. Segue abaixo modelo que permite
melhor visualização.
2º.
Fichamento de
Resumo ou Conteúdo
Segundo Eva
Maria Lakatos (2005)
e Marina de Andrade Marconi (2005), no fichamento de resumo ou
conteúdo apresenta-se uma síntese bem clara e concisa das ideias principais
contidas no texto ou obra. Ou seja, o autor do fichamento elabora com suas
próprias palavras a interpretação do que foi lido.
Corrobora
coerentemente essa conceituação, a doutrina de João Bosco Medeiros (2007), para quem o resumo é
um tipo de redação informativo-referencial que se ocupa de reduzir um texto a
suas ideias principais, devendo-se evitar fazer comentários pessoais. Engloba
duas fases: a compreensão do texto e a elaboração de um novo, isto é, do
resumo.
Como
características do fichamento de resumo ou conteúdo, podemos citar as
constantes na obra de Eva Maria Lakatos e Marina de Andrade Marconi (2005),
quais sejam:
a) Não é um sumário ou índice das partes componentes da obra,
mas exposição abreviada das ideias do autor;
b)
Não é transcrição,
como na ficha de citações, mas é elaborada pelo leitor, com suas próprias
palavras, sendo mais uma interpretação do autor;
c)
Não é longa, apresentam-se
mais informações do que a ficha bibliográfica, que, por sua vez, é menos
extensa do que a do esboço;
d) Não precisa obedecer estritamente à estrutura da obra, lendo
a obra, o estudioso vai fazendo anotações dos pontos principais. Ao final,
redige um resumo, contendo a essência do texto.
Em suma, o
fichamento de resumo ou conteúdo é uma síntese das ideias principais existentes
no texto ou livro, escritas com as próprias palavras do leitor. Segue abaixo
modelo que permite melhor visualização.
3º.
Fichamento de
Citação
O fichamento de
citação é a transcrição textual, ou seja, é a reprodução fiel das frases que se
pretende usar na produção do texto técnico-científico. Deve-se ter os seguintes
cuidados:
a)
Toda citação
tem de vir entre aspas. É através deste sinal que se distingue uma ficha de
citações das de outro tipo. Além disso, a colocação das aspas evita que, mais
tarde, ao utilizar a ficha, se transcreva como do autor das fichas, os
pensamentos nela contidos;
b)
Após a citação,
deve constar o número da página de onde foi extraída. Isso permitirá a
posterior utilização no trabalho com a correcta indicação bibliográfica;
c)
A transcrição
tem de ser textual. Isso inclui os erros de grafia, se houver. Após eles,
coloca-se o termo sic, minúscula
e entre colchetes.
d)
A supressão de
uma ou mais palavras deve ser indicada, utilizando-se local da omissão, três
pontos, precedidos e seguidos por espaços, no início ou final do texto e entre
parênteses, no meio;
e)
A frase deve
ser completada, se necessário, quando se extrair uma parte ou parágrafo de um
texto, este pode perder seu significado, necessitando de um esclarecimento, o
qual deve ser intercalado, entre colchetes.
f)
Quando o
pensamento transcrito é de outro autor, tal fato tem de ser assinalado. Muitas
vezes o autor fichado cita frases ou parágrafos escritos por outra pessoa.
Nesse caso, é imprescindível indicar, entre parênteses, a referência
bibliográfica da obra da qual foi extraída a citação.
Além disso,
segundo João Bosco Medeiros (2007), a transcrição directa de até três linhas deve ser contida
entre aspas duplas. Quanto às citações directas com mais de três linhas devem
ser destacadas com recuo de 4 cm da margem esquerda, com letra menor que o do
texto utilizado e sem aspas.
4º.
Fichamento por
dissertação
Por sua vez, a
dissertação “é o tipo de redacção na qual o autor do texto expõe suas ideias gerais e apresenta
argumentos que sustentem seu ponto de vista”. As preocupações a ter em conta
quando se redige uma dissertação é apostar na simplicidade, escrevendo um texto
objectivo, coerente entre as várias partes que o compõem e munido de conteúdo.
Saber escrever de forma simples e correcta constitui um dos critérios mais
comuns de avaliação das dissertações. Deve ter-se a preocupação de evitar
repetições, revelar grande capacidade argumentativa e mostrar que se sabe sobre
o que se está a escrever.
Como é que se faz
leitura?
A primeira
operação para redigir um tema é compreender correctamente o enunciado contido
no título. Um exame cuidadoso do título proposto dá ao estudante a exacta
delimitação do assunto, permite-lhe perceber imediatamente como desenvolver o
pensamento para não fugir do tema. E conduz ao segundo passo: fazer um esboço
do que vai ser dito.
Há quem prefira
esboçar o tema mentalmente. Nunca é demais, porém, tenha o cuidado de anotar o
plano, de modo que seja fácil segui-lo depois. Fazer um esboço depende, é
claro, do conhecimento do aluno. E até mesmo do assunto. Mas um macete infalível
é o da divisão em três partes: introdução, desenvolvimento, conclusão.
Começa-se por chamar a atenção do leitor para o assunto, digamos, "A
descoberta do Brasil", falando sobre a situação de Portugal no século XV,
o florescimento cultural, a Escola de Sagres e as técnicas de navegação ali
aperfeiçoadas. É a introdução, que conduzirá ao desenvolvimento: a frota de
Cabral, seus objectivos, a viagem e seus problemas, a chegada a Porto Seguro, a
comunicação da descoberta. Conclui-se de modo a evidenciar a importância que
foi atribuída ao fato, na época, podendo-se adiantar algo sobre o significado
histórico que teria depois.
Na exposição de
assunto científico ou de carácter interpretativo, é bom lembrar que o sistema
é: antecipar o que se vai provar, provar o que se havia proposto e enunciar o
que já se provou. Nunca deixar, também, de enumerar em estrita ordem
alfabética, todas as fontes e toda a bibliografia utilizada para compor o
trabalho. Depois de tudo escrito, a tarefa ainda não terminou. A redacção feita
em casa ou em classe deve ser revista. É preciso ver se foram utilizadas as
palavras mais expressivas, se não há erros de grafia, se a pontuação foi bem
feita. Não se exige de ninguém um texto literariamente perfeito, mas escrever
corretamente é obrigação.
Como se deve estudar? Quais
são as ferramentas que nos ajudam a sair desse dilema? Quais são e o que visam?
A leitura é uma
actividade extremamente importante para o homem civilizado, atendendo a
múltiplas finalidades. A leitura insere o ser humano em um vasto mundo de
conhecimentos, propiciando a obtenção de informações em relação a qualquer
contexto e área do saber.
Sob tal
enfoque, urge compreender que a técnica da leitura garante um estudo eficiente,
quando aplicada qualitativamente. Nesse contexto, cabe registrar que em sua
grande maioria, o produtor de texto técnico-científico fracassa porque sua
leitura não é eficiente.
Com esse intróito,
busca-se realçar a necessidade de desenvolvimento de hábitos de estudo, com
prioridade para técnicas de leitura, a fim de permitir a continuação da
pesquisa para além dos bancos escolares. Em essência, a leitura é uma das
principais formas de aquisição de informação e conhecimento por parte do ser
humano.
Para Eva
Maria Lakatos e Marina de Andrade Marconi (2005), a leitura constitui-se em
um dos fatores decisivos do estudo e imprescindível em qualquer tipo de
investigação científica. Segundo estes, a leitura favorece a obtenção de
informações já existentes, poupando o trabalho de pesquisa de campo ou
experimental. Por outro lado, João Bosco Medeiros e Antonio Henriques (1999) escrevem que alguns
tópicos devem ser observados a fim de facilitar o aproveitamento da leitura:
a) Primeiramente há que se determinar um objectivo a ser
alcançado;
b)
Esclarecer as dúvidas
que possam ocorrer durante a leitura do texto com a consulta a um bom
dicionário;
c)
Assimilar as ideias
principais do texto, captar as mensagens;
d)
Fazer um esquema com
as ideias principais e
e) Elaborar frases-resumos com base no que foi sublinhado.
Nesse sentido,
antes de se iniciar no estudo de um texto ou obra o leitor deve compreender
quais são seus objectivos. Deve-se perguntar que informação terá que encontrar
e por que encontrá-la e quando encontrar, qual uso fará dessa informação.
Em alguns
casos, a colocação dos problemas pode ser difícil, mas o leitor deve-se
perguntar pelo menos: qual a relação deste tópico com a unidade que está
estudando; qual a relação deste tópico com outras unidades que já estudou etc.
Uma boa leitura
é aquela em que não se lê palavra por palavra, mas sim, o conjunto de palavras
que constituem unidades de pensamento. Essas unidades de pensamento são
essenciais para uma perfeita compreensão de significados e da mensagem que o
texto quer nos passar.
Nesse diapasão,
há que se registrar que a grande maioria dos produtores de textos
técnico-científicos perde a maior parte do tempo com leitura de material que em
nada ajudará na produção literária. As pesquisas demonstram que existem
diferenças no nível de aprendizagem quanto a material significativo e pouco
significativo.
Segundo João
Bosco Medeiros (2007), em primeiro lugar, o leitor deve considerar que a
leitura é selectiva e que há vários modos de realizá-la, como: a) o que é
relevante para o leitor é a relação do texto com o autor (o que o autor quis
dizer?); b) relação do texto com outros textos (leitura comparativa); c) o que
é relevante é a relação do texto com seu referente; e d) relação do texto com o
leitor (o que você entendeu?).
Por outro giro,
João Bosco Medeiros e Antonio Henriques (1999) dizem que a leitura, não obstante possa ser agradável e
prazerosa, é empreendida com finalidade prática, pois tem algum tipo de
compromisso com o resultado que o leitor espera de seu esforço. Ou seja, lê-se
para aprender, não cabendo se questionar o que se lê. Ademais, estabelecem que
um bom leitor deve ser capaz de praticar níveis diferentes de leitura, ou seja:
1. Leitura elementar: leitura
básica ou inicial. Ao leitor cabe reconhecer cada palavra de uma página, o qual
dispõe de treinamento básico e aquisição rudimentar da arte de ler;
2.
Leitura
inspecional: caracteriza-se pelo
tempo estabelecido para a leitura. Arte de folhear sistematicamente;
3.
Leitura analítica: é minuciosa, completa, a melhor que o leitor é capaz de
fazer. É ativa em grau elevado e tem em vista principalmente o entendimento;
4. Leitura sintópica: leitura
comparativa de quem lê muitos livros, correlacionados entre si. Nível activo e
laborioso da leitura.
Ressalte-se que os quatro níveis de leitura são cumulativos, exigindo-se de um
leitor competente o transito por todos os níveis, com desenvoltura e autonomia.
Enfim, quanto mais tempo de leitura tiver o leitor, mais produtiva se tornará
sua leitura.
Ademais,
existem algumas técnicas que podem ajudar a desenvolver a prática de uma
leitura produtiva e eficiente. Cite-se o caso do grifo, processo este que pode
ajudar na concentração e no desenvolvimento de um processo selectivo do texto e
de resumo. Essa medida, ou seja, o grifo, deve ser usado tendo em mente dois objectivos:
primeiro deve ser utilização pelo leitor como uma ajuda a entender e organizar
a matéria; e segundo, como um auxílio para futuras revisões.
Por fim, de
cite-se a doutrina de Délcio Vieira Salomon (1997), segundo qual, pode-se dizer que um bom leitor lê
rapidamente e entende bem o que lê. Tem habilidades e hábitos como: ler com
objectivo determinado; ler unidades de pensamento; tem vários padrões de
velocidade; avalia o que lê; possui bom vocabulário; tem habilidades para
conhecer o valor do livro; sabe quando deve ler um livro até o fim, quando
interromper a leitura definitivamente ou periodicamente; discute frequentemente
o que lê com colegas; adquire livros com frequência e cuida de ter sua
biblioteca particular; lê assuntos vários; lê muito e gosta de ler, sendo que o
bom leitor é aquele que não é só bom na hora de leitura, mas é bom leitor
porque desenvolve uma atitude de vida: é constantemente bom leitor. Não só lê,
mas sabe ler.
Conclusão
Fim do
trabalho, pude concluir que as fichas de leitura, são de grande importância na
medida em que ajudam o leitor a alcançar o seu objectivo de uma forma fácil e
ordeira. Para que uma ficha de
leitura seja completa, deve ter em conta vários aspectos, dos quais, referências
bibliográficas, informações sobre o autor, breve
resumo dos conteúdos, transcrição das
citações mais importantes, comentários pessoais, ao longo do resumo, outras
observações se necessário.
É indispensável
também, referir a importância de saber fazer uma leitura coerente, segundo o
que vimos ao longo da abordagem. A leitura é importante na medida em que ajuda
na expansão do conhecimento, capacidade de memorização, desenvolvimento
da concentração, e muitos outros benefícios.
Bibliografia
·
SALOMON, Délcio Vieira, Como Fazer uma
Monografia, 4ª ed., Martins Fontes, 1997
·
SEVERINO, António Joaquim, Metodologia do Trabalho Cientifico, 21ª
Edição, Revista e Ampliada Faculdade de Medicina. O E. Coy Bra, 1985
·
SALVADOR, Ângelo Domíngos. Métodos e Técnicas de pesquisa bibliográficas.
Elaboração e relatório de estudos científicos, 3ª ed., Porto Alegre: Sulina
/ Fundação de Integração, Desenvolvimento e Educação do Noroeste do Estado
(FIDENE - Ijuí RS), 1973.
·
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade, Metodologia do
trabalho científico: procedimentos básicos; pesquisa bibliográfica, projecto e
relatório; publicações e trabalhos científicos. 4ª ed., São Paulo: Atlas,
1995
·
MEDEIROS, João Bosco, Redacção científica: a prática de fichamentos,
resumos, resenhas, 5ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2007