Ficha de Leitura - Ualalapi
Título: Ualalapi
Autor: Ungulani BaKa Khosa
Editor: Editorial
Caminho
Ano de lançamento: 1987
Idioma: Português
Gênero: Romance
Sobre a obra
Ualalapi é um romance do escritor moçambicano Ungulani BaKa Khosa publicado em 1987. O livro ganhou o
grande prémio de ficção moçambicana em 1990. Esta obra só se
encontra disponível em português.
O autor
Escritor
moçambicano, de nome verdadeiro Francisco Esau Cossa, nascido a 1 de Agosto de
1957, em Inhaminga, província de Sofala. Tirou o bacharelato em História e
Geografia na Faculdade de Educação da Universidade Eduardo Mondlane, exercendo
a função de professor. Iniciou a sua carreira de escritor com a publicação de
alguns contos e participou na fundação da revista Charrua na Associação de
Escritores Moçambicanos, de que é membro. Tem publicadas a seguintes obras:
Ualalapi (1987), Orgia dos Loucos (1990), Histórias de Amor e Espanto (1999) e
No Reino dos Abutres (2002).
Centrada sobre a crueldade e despotismo de Ngungunyane, o último Imperador de
Gaza, Ualalapi , a primeira das obras citadas, foi distinguida, em 1990, com o
Grande Prémio da Ficção Narrativa; em 1994 com o Prémio Nacional de Ficção e,
em 2002, foi considerada como um dos melhores livros africanos do século XX.
RESUMO
UALALAPI
Ualalapi
chega a uma das colinas mais próxima da sua aldeia acompanhado por guerreiros
carregados de um animal caçado no interior das terras dos mundaus e, iniciou
uma descida por um caminho estreito tortuoso pensando no seu filho e sua
mulher, o mesmo que faziam outros guerreiros e, aproximando-se a uma aldeia
vizinha, foi ter com uma mulher jovem que amamentava uma criança em frente da
sua casa e, teve uma conversa com ela e a mulher contou-lhe o que aconteceu que
deu morte de alguns guerreiros incluindo o marido da moça enquanto isso, os
chefes da categoria de Ualalapi esperavam Mudungazi na praça. Quanto Ualalapi
ia a praça, encontrou Mputa e, Mputa contou-lhe que morreu Muzila, pai de
Mudungazi, vítima de uma doença.
Mudungazi
fora esperado durante muito tempo mas acabou chegando e contou aos chefes
presentes na praça a forma como Mawewe seu tio tomou poder de Muzila e,
pretende vingar-se dele para conseguir tomar para ele o poder. Diz aos chefes
que devem passar a chamar-lhe Ngungunhane para sempre, não Mudungazi e que será
temido por todos.
Ao
terminar o contacto com os chefes, Mudungazi, dirigiu-se a palhota seguido pela
sua tia de nome Damboia e planeiam matar o Mafemane, o primeiro filho da
inkonsikazedeMuzila e, é eleito Manhune para o executar. Por sua vez, Manhune
escolhe dois guerreiros para o acompanhar à casa de Mafemene e, chegando,
Mafemane assustou-lhes e pediu a Manhune que lhe deixassem despedir-se primeiro
da família para depois morrer. Manhune aceitou e, por susto saiu da casa do
Mafemane a correr e voltou à aldeia tentar explicar a Mudungazi o que viram e
ouviram mas, Damboia, a mulher mas importante da corte, insultou-lhes por não
ter gostado da notícia e ordenou que Maguiguana, Mputa e Ualalapi fossem a casa
de Mafemane com missão de levar de volta seu corpo sem vida.
Ao
chegar a casa do Mafemane, Maguiguana não conseguiu levantar a lança para
executá-lo, Mputa parecia congelado, permanecendo numa única posição e Mafemane
sorria. O tempo passava. Do fundo do corredor, Ualalapi conseguiu atirar a
lança e enterrá-la no peito de Mafemane e por medo, pôs-se a fugir mas,
Mafemane mandou chamá-lo para acabar com ele. Ualalapi voltou para acabar com
Mafemane e, tendo matado Mafemane, Ualalapi passou a lança para a mão esquerda
e pôs-se a correr até desaparecer na floresta. Morto Mafemane, morreu também o
filho de Ualalapi.
A MORTE DE MPUTA
Sonie,
inkonsikazi do rei Ngungunhane, acusou Mputa de ter proferido a ela palavras
injuriosas. Ngungunhane julga-o e sentenceia a pena de morte de Mputa e os
grandes do império, em sinal de consentimento unânime festejavam mas, Mulungo,
tio do rei soberano, pediu a palavra para defender Mputa para não o matar e
outros, pediram ao rei que o cegasse.
O rei
aproximou-se da multidão acompanhado pelo Mputa e pelos maiores do reino e deu
palavra a Mputa embora pela lei, não devia. Mputa disse estar preparado para
morrer e pediu ao rei para o submeter ao mondzo para que a sua inocência fique
aprovada perante o povo mas o rei não aceitou e, num silêncio sepulcral, Mputa
bebeu o mondzo sem mexer-se e permaneceu sem se mexer durante algum tempo e o
rei considerou-lhe feiticeiro e não quis perder mais tempo. Mandou a seus
guardas espancá-lo e retalhá-lo perante a multidão. No meio da multidão, estava
a filha de Mputa, Domia de treze anos assistindo o facto.
Tendo
morrido Mputa, Domia, quiz vingar a morte do pai tentando matar o hosi. Feriu-lhe
com uma faca na coxa direita e chamo-lhe de cão e, deste modo, o rei mandou
matar Domia.
DAMBOIA
Damboia
tia do rei, irmã mais nova de Muzila, contraiu uma doença mortal e o rei mandou
a todos os chefes e súbditos, amos e vassalos orarem, pedindo aos antepassados
remotos e recentes a salvação da tia como fizeram com uma serva de nome Mfussi
que via sempre serpentes e mais nada e, ordenou a Maguiguana espalhar a morte e
dor aos machopes e tentou distanciar Damboia do povo para que não a feitiçassem.
Queria com que a tia vivesse mais.
No
terceiro mês da dôr que Damboia sentia, morreu e, o povo começou a murmurar,
inventando causas da sua morte.
Ciliane
que fora serva da Damboia, contou a Ngungunhane os momentos mais felizes que
ela viveu com a Damboia.
O CERCO OU FRAGMENTOS DE UM CERCO
Todos
os dias, os chefes visitavam seus guerreiros para controlar as mortes e saberem
quantos permanecem vivos por motivo de sempre estarem em guerra e os guerreiros
de Maguiguana, sempre manifestavam com cânticos de vitória.
Maguiguana
sonha a ser devorado pelas serpentes, um comerciante árabe, KarnalSamade, é
acusado em ter dormido com a mãe de Godide, Vuiazi, o rei sonha alto e chama
pela mulher, Vuiazi que, pensa no comerciante árabe. Ao amanhecer, Maguiguana
conta o seu sonho e pede a interpretação e, mais tarde foram atacados pelos
machopes. Maguiguana deu ordem a seus guerreiros de resistir aos guerreiros
chopes, que eram mais de vinte mil. Vencidos os machopes, Xipenanyane e
Maparato fugiram deixando sem vida Binguane, seu companheiro e outros
guerreiros e Maguiguana ordenou a seus guerreiros a levantarem o acampamento e,
obrigou-lhes a tocar o batuque da vitória fora da zona mas, ninguém sentiu-se
aliviado da tensão da solidão, exceptoMaguiguana.
O DIÁRIO DE MANUA
Nos
finais de Julho de 1892, Manua filho de Ngungunhane, embarcou no paquete Pungué
de Moçambique a Lourenço Marques onde, durante a viagem comeu peixe e bebeu
muito vinho com os portugueses, quebrando deste modo o juramento do seu povo.
Ao dormir, Manua sonhou com lanças, savanas secas e verdes e serpentes
enrolando o corpo do seu pai. Ao findar da madrugada, viu arroz em pasta
cobrindo o soalho, cabeças de peixe com olhos brilhantes, o vinho a colorir o
arroz em amarelo e Manua, começo a vomitar no navio, sujando-o.
Manua
era um do seu povo que havia estudado e que além de usar peles como fazia seu
povo, usava como um branco. Quando parou de vomitar pegou na sua maleta e tirou
um papéis, uma caneta e tinta e começou a escrever o que lhe aconteceu, chamando
o pai de ignorante e feiticeiro e teve planeou eliminar os feiticeiros se for a
ser imperador. Manua elogia os portugueses, considerando-lhes sagrados.
A mão
de Manua começou a tremer e, não conseguiu continuar a escrever e dobrou o
papel em quarto partes e guardou na sua maleta.
Alguns
portugueses, pediram ao comandante que atirasse Manua no mar e o comandante não
aceitou assim, um branco de nome António Matos, contou ao capitão do navio uma
história incrível de negros em frente do camarote de Manua e pediu com que o
capitão instalasse dois homens para guarnecerem Manua porque percebeu que
alguns portugueses podiam esfaqueá-lo como aconteceu com outro negro que,
esfaqueado pelos portugueses, em vez de sair sangue do corpo, saiu aguardente.
No dia
2 de Agosto de 1892, Manua chega a Lourenço Marques e, ao descer do navio,
vários passageiros falaram mal de Manua, contando-se o que viram no navio,
durante a viagem. Em Lourenço Marques, Manua tornou-se grande bébado e maior
fumador de mbangue. Em Março de 1895, Manua morre e ratos roem a roupa que ele
tinha e o papel que havia guardado na sua maleta, deixando-o irreconhecível.
O ÚLTIMO DISCURSO DE NGUNGUNHANE
Ngungunhane fez o seu último discurso perante a multidão prevendo a
multidão o futuro dos seu povo, povo nguni. Fala a eles como será a vida deles
no futuro, como será a vida enquanto isso, um navio o esperava no porto. Falou
a multidão que, tal como aconteceu com seu filho Manua, quebrarão o juramento
do povo nguni, aliando-se à cultura portuguesa, passando a não usar peles de
animais como seu vestuário, comendo peixe e em vez de procurar curandeiros para
a solução de seus problemas, passarão a procurar vacinas.Findo o discurso,
Ngungunhane foi directamente ao navio e, sem virar a ao seu povo, entrou no
navio.O navio, embora não tinha problemas no motor, levou muito tempo para
arrancar. Depois de navio ter arrancado, o rei desapareceu da face de seu povo
Meus
comentários
O
livro Ualalapi, que visa questionar o passado e consequentemente o presente e o
futuro de Moçambique, inscreveu-se indelevelmente na consciência dos leitores.
Uns elogiam, outros dizem que não é um livro perfeito, mas o facto é que em
1990 recebeu Grande Prémio da Ficção Narrativa em Moçambique, em 1994 o Prémio
Nacional de Ficção e, em 2002, foi considerado como um dos melhores livros
africanos do século XX. Opiniões sobre o género literário deste livro variam
com cada crítico. Mas, ao simplificar, podíamos dizer que se trata do livro
enraizado no romance histórico (os nomes das personagem e os acontecimentos
históricos convidam à leitura à base dum certo conhecimento histórico) com os
traços etnográficos, da oralidade africana e do realismo mágico sul-americano.
Bibliografia
·
Chabal, Patrick. ThePost-ColonialLiteratureofLusophone
Africa. London: Hurst&Company, 1996. Print.
·
Chabal, Patrick. Vozes
Moçambicanas literatura e nacionalidade. Lisboa: Vega, 1994. Print.
·
Khosa,
UngulaniBaKa. Ualalapi. 2nd ed. Lisboa: Editoral Caminho, 1990.
Print.
·
Laranjeira,
Pires. Literaturas africanas de expressao portuguesa. Lisboa:
Universidade Aberta, 1995. Print.
·
Leite, Ana
Mafalda. Oralidades e Escritas nas Literaturas Africanas. Lisboa:
Colibri, 1998. Print.