Ficha de Leitura - Terra Sonâmbula

FICHA DE LEITURA

Nome da Escola: Escola Secundária da Liberdade

Nome do Aluno: Márcio Samo Ussivane

Autor/a: Mia Couto

Título da Obra: Terra Sonâmbula

Editora: Editorial Caminho

Ano de Lançamento: 1992

Número de Páginas: 222

Local de Lançamento:

Série: Outras Margens, No 5

Gênero: Romance

Idioma: Português

País: Moçambique

 

1.      Sobre a Obra

Terra Sonâmbula é um romance escrito por Mia Couto publicado em 1992. Ganhou o Prémio Nacional de Ficção da Associação dos Escritores Moçambicanos (1995) e foi considerado um dos doze melhores livros africanos do século XX por um júri criado pela Feira do Livro do Zimbábue. Foi reeditado no Brasil pela Companhia das Letras – é um romance em abismo, escrito numa prosa poética que remete a Guimarães Rosa. Couto se vale também de recursos do realismo animista e da arte narrativa tradicional africana para compor esta bela fábula.

A obra foi publicada em Portugal pela Editorial Caminho em 1993. A UNICAMP acaba de incluir esse romance em sua lista de leituras obrigatórias para os estudantes que vão prestar seus exames vestibulares em 2016. Já em 2017, a UFU também incluiu o livro em sua leitura obrigatória para o vestibular de inverno da instituição.

 

2.      Estrutura da Obra

Terra Sonâmbula está dividida em 11 capítulos:

·         Primeiro Capítulo: A Estrada Morta (que inclui o “Primeiro caderno de Kindzu”: O Tempo em que o Mundo tinha a nossa idade)

·         Segundo Capítulo: As Letras do Sonho (que inclui o “Segundo caderno de Kindzu”: Uma Cova no Tecto do Mundo”)

·         Terceiro Capítulo: O Amargo Gosto da Maquela (que inclui o “Terceiro caderno de Kindzu”: Matimati, A Terra da Água)

·         Quarto Capítulo: A Lição de Siqueleto (que inclui o “Quarto caderno de Kindzu”: A Filha do Céu)

·         Quinto Capítulo: O Fazedor de Rios (que inclui o “Quinto caderno de Kindzu”: Juras, Promessas, Enganos)

·         Sexto Capítulo: As Idosas Profanadoras (que inclui o “Sexto caderno de Kindzu”: O Regresso a Matimati)

·         Sétimo Capítulo: Moços Sonhando Mulheres (que inclui o “Sétimo caderno de Kindzu”: Um Guia Embriagado)

·         Oitavo Capítulo: O Suspiro dos Comboios (que inclui o “Oitavo caderno de Kindzu”: Lembranças de Quintino)

·         Nono Capítulo: Miragens da Solidão (que inclui o “Nono caderno de Kindzu”: Apresentação de Virgínia)

·         Décimo Capítulo: A Doença do Pântano (que inclui o “Décimo caderno de Kindzu”: No Campo da Morte)

·         Décimo Primeiro Capítulo: Ondas Escrevendo Estórias (que inclui o “Último caderno de Kindzu”: As Páginas da Terra)

 

 

 

 

 

 

3.      Resumo da Obra

Muidinga é um menino que sofreu amnésia e tinha a esperança de encontrar seus pais. Tuahir é um velho sábio que tenta resgatar toda a história do menino, lhe ensinando novamente tudo sobre o mundo. Eles estão fugindo dos conflitos da guerra civil em Moçambique.

Logo no início, enquanto os dois estão caminhando pela estrada, eles encontram um ônibus que foi queimado na região de Machimbombo. Junto a um cadáver, eles encontram um diário. Nos “Cadernos de Kindzu”, o menino conta detalhes de sua vida.

Dentre outras coisas, o garoto descreve sobre seu pai que era um pescador e sofria de sonambulismo e alcoolismo.

Além disso, Kindzu menciona sobre os problemas da falta de recursos que sua família sofria, a morte de seu pai, a relação carnal que tem com Farida e o início da guerra.

Abandonado pela mãe, Kindzu vai relatando em seu diário momentos de sua vida. Da mesma forma, ele fugiu da guerra civil no país.

Assim, vai se narrando a história dos dois, intercalada com a história do diário do menino. Os corpos encontrados foram enterrados por eles e o ônibus serviu de abrigo por um tempo a Muidinga e Tuahir.

Adiante, eles caíram numa armadilha e foram feitos prisioneiros por um velho chamado Siqueleto. No entanto, logo eles foram libertados. Por fim, Siqueleto, um dos sobreviventes de sua aldeia, se mata.

Tuahir revela a Muidinga que ele foi levado a um feiticeiro para que sua memória fosse apagada e com isso evitar muitos sofrimentos. Tuahir tem a ideia de construir um barco para seguirem a viagem pelo mar.

No último caderno de Kindzu, ele narra o momento em que encontra um ônibus queimado e sente a morte. Chegou a ver um menino com seus cadernos na mão, o filho de Farida que ele tanto procurava: Gaspar. Assim, podemos concluir que Gaspar era, na verdade, o garoto que sofreu amnésia: Muidinga.

 

 

4.      Comentários Pessoais:

O romance Terra Sonâmbula é um retrato honesto e sincero de dois Moçambiques: um, no período colonial e outro no período pós-colonial. Mia Couto consegue, neste romance, representar, através de suas maravilhosas personagens, tecidas genuinamente por uma narrativa criativa e dominada por uma fantasia que é necessária para que seus personagens pudessem viver diante das atrocidades provindas da guerra. A terra é o elo de construção e reconstrução de mitos e ritos ancestrais, fazendo com que o atual momento presente se ajuste às suas raízes. Mia Couto apresenta entre tantos personagens um elo decisivo no desenrolar dos fatos, envoltos em dois importantes personagens representantes do "antes" e do "depois" (o velho e a criança, representados nas figuras de Tuahir e Miudinha), sinalizando propositalmente sua assertiva escolha, pois são essas classes etárias as que mais sofre no tempo de guerra, além de serem o início e fim do desenvolvimento em que passa todo o ser humano.

Terra Sonâmbula é um retorno ao passado, à evasão humana, aos sentidos..., pois de que vale a vida sem este ingrediente (o sonho) tão necessário à nossa formação cultural. O autor nos convida a sonhar, a adentrar firmemente na terra e senti-la com toda a sua plenitude, e adentrar ao mar em sua infinita forma de reconstrução e reiniciação. Terra e mar são o elo da viagem abraçada por Tuahir, pois só através desta passagem pode o homem permitir que outros homens surjam. A morte tem sentido e significante. Por ela, novos tempos nascem, por ela novos homens são paridos, por ela buscamos a contínua fonte da vida.

Mia Couto nos ensina através deste romance que há sempre esperança, mesmo em meio a tantas guerras, desilusões e ilusões.

 

5.      Citações:

·         Em tempos de guerra filhos são um peso que atrapalha muito.”

·         “Quero pôr os tempos, em sua mansa ordem, conforme esperas e sofrências. Mas as lembranças desobedecem, entre a vontade de serem nada e o gosto de me roubarem do presente.”

·         “O chão deste mundo é o tecto de um mundo mais por baixo. E sucessivamente, até ao centro, onde mora o primeiro dos mortos.”

·         “O respirar dos adormecidos é um ruído que inquieta. Como se neles soasse uma outra alma.”

·         “Quem não tem amigo é que viaja sem bagagem.”

·         "A morte, afinal, é uma corda que nos amarra as veias. O nó está lá desde que nascemos. O tempo vai esticando as pontas da corda, nos estancando pouco a pouco."

 

"Não gosto de pretos, Kindzu.

- Como? Então gosta de quem? Dos brancos?

- Também não.

- Já sei: gosta de indianos, gosta da sua raça.

- Não. Eu gosto de homens que não tem raça."

 

 

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