Escola dos Annales
A escola dos Annales é um movimento historiográfico do século XX que se constituiu em torno do periódico acadêmico francês Annales d'histoire économique et sociale, tendo se destacado por incorporar métodos das Ciências Sociais à História. Fundada por Lucien Febvre e Marc Bloch em 1929, propunha-se a ir além da visão positivista da história como crônica de acontecimentos (histoire événementielle), substituindo o tempo breve da história dos acontecimentos pelos processos de longa duração, com o objetivo de tornar inteligíveis a civilização e as mentalidades.
Características
A historiografia do século XX,
inicia com a constatação da necessidade da História abrir-se as outras ciências
sociais. Em 1929, dá-se a recessão económica mundial e ao mesmo tempo um grupo
de historiadores agruparam-se em torno da revista francesa anteriormente
citada, com a qual se impõe a necessidade de compreender a crise ou pela
conjuntura (média duração) ou pela estrutura (longa duração), como ciclos
mediante os quais o presente insere-se no prazo enraizado no passado e se
prolongará no futuro. Esta visão introduz a ideia de que a história é algo
possível na medida em que as suas leis se repetem de ciclo em ciclo. Assim
começava-se com a:
·
– Problemática histórica: a historiografia do historicismo
coloca o investigador diante do facto e limita-se a transcrever a partir do
documento. Esta atitude não difere a da Historiografia positivista muito menos
esta última tinha que passar pela crítica documental. Portanto, na História
nova a primeira atitude do Historiador consiste em levantar problemas,
hipóteses e trabalhar em função de uma solução possível.
·
– História de repetição: a visão positivista da História
era de factos que obedecem leis singulares, do mesmo modo que o historicismo
toma a História como algo inseparável. Na História Nova, a partir de François
Simiand (1903), introduz-se uma leitura de acontecimentos como estando
organizados em conjuntos repetitivos ciclicamente ou seja, períodos de média
duração. A análise da realidade histórica tem de ter em conta ao modo como ela
se organiza, ciclos conjunturais e da realidade ou seja, várias realidades que
se relacionam umas com as outras e que só têm sentido dentro dessa relação.
·
– História do passado para o presente e para o futuro: a História nova defende que o tempo histórico é o passado, do qual
percebe-se o presente e perspectiva-se o futuro, ou por outras palavras, o
presente enraíza-se no passado e condiciona o futuro.
·
– A história total e global (universal): para os
defensores da História dos Annales, a História não se reduz nem a economia, nem
a sociedade, nem a política, mas engloba todos estes elementos.
·
– Objecto da História: como já se sabe que para o
positivismo o objecto de estudo da História é o facto político, esta
historiografia introduz o estudo das conjunturas. Mais tarde, Fernand Blaudel
entende que acima de dois objectos está um outro nível: a estrutura. Contudo a
História toma como objecto de estudo: o Homem no tempo e no espaço.