Como se faz uma Tese em Ciências Humanas - Umberto Eco
FICHA DE LEITURA
Eco, Umberto, Como se faz uma Tese em Ciências Humanas, Universidade
Hoje, 14.ª
Edição, Lisboa, Editorial Presença,
Janeiro de 2008.
Informações sobre o autor
Umberto Eco nasceu
em Alexandria, Itália, a 5 de Janeiro de 1932. Destaca-se por ser um conhecido
escritor, filósofo e linguista italiano.
Actualmente,
Umberto Eco é Presidente da Scuola
Superiore di Studi Umanistici da Universidade de Bolonha, onde lecciona a
disciplina de Semiótica.
Escreveu uma
variedade de textos académicos, ensaios e livros para crianças, sendo no
entanto mundialmente conhecido por romances como o Nome da Rosa e o Pêndulo de
Foucault.
Resumo
No
livro em análise, Umberto Eco dá-nos um conjunto de conselhos relativos à
elaboração de um “trabalho dactilografado, de grandeza média, (…) em que o
estudante trata um problema respeitante à área de estudos em que se quer
formar”, o qual se denomina por tese.
A
tese deve ser encarada como uma experiência crítica, que cria um método de
trabalho e que, enquanto aquisição de uma competência, nos prepara para
situações futuras idênticas.
Numa
primeira fase, tais orientações dizem respeito não só à escolha do tipo de
tese, como do próprio tema. Posteriormente, ao leitor são enunciadas regras
quanto à investigação bibliográfica, organização do material seleccionado e
redacção do trabalho.
No
fundo, este livro não pretende desvendar aquela que será a nossa tese, mas sim
fixar um caminho que nos leve até ela.
Percurso para a elaboração de
uma tese:
- Escolher um tema preciso;
- Recolher documentos sobre esse tema;
- Pôr em ordem esses documentos;
- Reexaminar o tema em primeira mão à luz dos documentos recolhidos;
- Dar uma forma orgânica a todas as reflexões precedentes;
- Proceder de modo a que quem leia, perceba o que se quer dizer e
fique em posição de consultar os documentos referidos.
1º
Capítulo – O que é uma tese e para que
serve ( p. 27 e ss. )
- Diferença entre tese de compilação e
tese de investigação;
- Utilidade da tese para o futuro;
- Regras básicas para a escolha do
tema: interesse do candidato no tema; acessibilidade às fontes e
capacidade do candidato para elaborar a tese a que se propõe.
2º
Capítulo – Escolha do tema (p. 35 e ss.)
·
Diferença entre tese monográfica
(tratamento de um só tema sem perder de vista o contexto em que se insere) e
tese panorâmica (tratamento de um tema com grande extensão). Segundo Eco “quanto
mais se restringe o campo, melhor se trabalha e com maior segurança”;
·
Requisitos de uma tese de 6 meses:
tema circunscrito; tema contemporâneo para facilitar a procura de bibliografia
e a bibliografia deve encontrar-se numa área restrita e de fácil acesso;
·
É necessário saber línguas
estrangeiras?
3.º
Capítulo – Procura de Material (p. 69 e
ss.) – importância da definição atempada do verdadeiro objecto da tese para
evitar o problema da acessibilidade das fontes
- Fontes primárias contra Fontes
secundárias;
- Diferença entre fontes e literatura
crítica;
- Fontes de primeira e de segunda mão –
as fontes devem ser sempre de primeira mão: não se deve citar um autor
através de citação de outro autor;
- Investigação bibliográfica – meios de
pesquisa: bases de dados de bibliotecas; repertório bibliográfico; o
bibliotecário; consultas interbibliotecas e empréstimos de outras
bibliotecas;
- Ficheiro bibligráfico (“registo de
todos os livros que se deverão procurar e não apenas dos que se tenham
encontrado e lido”) contra ficheiro de leitura (“compreende fichas
dedicadas a livros (ou artigos) que se tenham efectivamente lido: nestas
fichas anotar-se-á (…) tudo aquilo que puder servir para referir o livro
lido no momento da redacção da tese (…) e para a redacção da bibliografia
final”);
- Composição da bibliografia:
hierarquização da bibliografia encontrada;
- Regras de citação – elenco de normas
funcionais para identificação dos elementos bibliográficos (ex. livros,
revistas, jornais, documentos oficiais ou obras monumentais) (V. Quadro 1,
pp 101 e 102).
4º
Capítulo – Plano de trabalho e a
elaboração de fichas ( p. 125 e ss.)
- Definição do título, composição do
índice e redacção da introdução antes da elaboração do trabalho, como
forma de delimitar o âmbito da tese;
- Tipos de fichas: leitura, temáticas,
de autor, citações e trabalho - regras de elaboração e organização;
- Fichas de leitura em especial –
Método Standart:
- referências bibliográficas relativas a um livro ou um
artigo;
- informação sobre o autor;
- resumo do livro;
- citações chave;
- comentários pessoais;
- sigla que remeta para parte do plano de trabalho;
- referência à biblioteca onde se encontrou o livro.
5.º
Capítulo – A redacção (p. 61 e ss.)
- A quem nos dirigimos: critérios a
obedecer para uma exposição clara;
- Como se fala:
- períodos curtos;
- Não repetição do sujeito na
oração;
- evitar excessos de pronomes e
orações subordinadas;
- definir termos quando usados pela
primeira vez;
- a utilização do pronome “eu” ou “nós”;
- 10 regras para uma citação correcta
(V. pp de 171 a 178);
- Citação, paráfrase e plágio:
distinção e conselhos (quanto às regras de citação remete-se para o 3.º
capítulo);
- Notas de rodapé: utilidade e
tipologia (sistema citação-nota e sistema autor-data);
- Diferenciação entre as referências
bibliográficas nas notas de rodapé e na bibliografia final.
6.º
Capítulo – A redacção definitiva (p.202
e ss.)
- Critérios gráficos: margens e
espaços; utilização do itálico e de aspas; pontuação; parágrafo e lista de
abreviaturas;
- Bibliografia final: objectivos,
divisão da bibliografia e conselhos;
- Anexos:
- Índice: colocação no início ou no
fim?
Análise Critica
Como se faz uma tese em
ciências humanas tem como principais destinatários
estudantes italianos, em fase de conclusão de licenciatura de cursos como
Línguas, Filosofia e História. Desta forma, verificamos alguma desadequação à
realidade das Faculdades de Direito Portuguesas. Não que alguns dos conselhos e
regras dadas não nos sejam úteis, apenas recorrem a conceitos e exemplos que
carecem de aplicabilidade no nosso caso. Exemplo paradigmático é a distinção
entre “tese histórica” e “tese teórica”.
Paralelamente,
é notória a desactualização do livro. Pensado e escrito pela primeira vez em
1980, não sofreu alterações substanciais, a ponto do último capítulo fornecer
regras a quem redige a tese à máquina de escrever.
Ana
Cabral n.º 947
Ana
Macedo n.º 966
Marta
Rosa n.º 937