As consequências da Primeira Guerra Mundial para África e para a Europa
Após 1918, mais guerras iriam surgir em todo o mundo. O militarismo impôs-se como estratégia defensiva e expansionista. A nível político, as ideologias do fascismo, em Itália, do nazismo, na Alemanha, e de ditadura, no Leste europeu, iriam preparar a eclosão de novos conflitos. Vejamos a seguir, com major detalhe, as consequências aos vários níveis.
A nível demográfico
Registaram-se perdas humanas de dimensões
gigantescas: cerca de 20 milhões de mortos em todo o mundo; milhões de
mutilados; excedente da população feminina em relação a população masculina;
grande número de viúvas e órfãos; envelhecimento da população.
A nível Social
Desemprego e miséria, gerados pela destruição
das infra-estruturas económicas e pelo aumento galopante da inflação; crescimento
do movimento sindical e das greves operárias; enriquecimento de alguns
empresários (Os «empresários de guerra»); aumento da emigração.
A nível económico
Decréscimo generalizado em todos os sectores
de produção, com a destruição das infra-estruturas económicas; encarecimento do
custo de vida (inflação); perda de mercados pela Europa a favor dos EUA; a
Europa passou de credora a devedora dos EUA; desenvolvimento industrial de
algumas colónias (Nova Zelândia, Austrália e Índia); contracção de enormes dívidas
para a reconversão da indústria bélica e para a reanimação das correntes
comerciais; endividamento dos Estados.
A nível político
Europa
Desmembramento dos impérios Austro-húngaro,
Alemão e Otomano, o que fez alterar o mapa político europeu; surgimento de
novos Estados independentes (Checoslováquia, Polónia, Jugoslávia, Finlândia,
entre outros), embora nem sempre tendo em atenção a distribuição geográfica das
minorias; triunfo dos países com regimes de democracia parlamentar;
desentendimentos entre os Aliados, com os EUA a recusarem participar na SDN;
rivalidades entre a Inglaterra e a Franca quanto a questão alemã relativa as
obrigações de Versalhes; a Alemanha cedeu a Alsácia e a Lorena a Franca;
formação, na Alemanha, de grupos nacionalistas e militaristas que se
apresentavam contra o cumprimento das cláusulas do Tratado de Versalhes; os
países do Entente esforçaram-se por isolar politicamente a Rússia, por recearem
a expansão do bolchevismo.
O
novo mapa político da Europa: as linhas tracejadas a branco mostram os limites
dos antigos impérios (as linhas pretas mais grossas mostram os novos países que
se formaram). As antigas colónias alemãs em África passaram para o domínio dos
vencedores: a Inglaterra ficou com a posse do Togo e Tanganhica (a Bélgica
ficou com o Ruanda e o Burundi), a Franca com Os Camarões e a União
Sul-Africana com o Sudoeste Africano). (Fonte: Vidal-Naquet, Pierre e Bertin,
Jacques, Atlas Histórico, Lisboa, Círculo de Leitores, 1990, p. 265.)
Médio
Oriente e África
Com
o fim do Império Otomano (agora a Turquia) surgiram vários novos Estados, como
o Iraque, a Síria, a Palestina, a Transjordânia e a Líbia (esta no Norte de
África); Os novos Estados adoptaram, em zonas onde este ainda não existia, o
regime republicano; a Alemanha perdeu as suas colónias em benefício da Franca,
Inglaterra, Japão e África do Sul.
Após a guerra, e em consequência dos novos papéis assumidos pelas mulheres na
sociedade civil durante Os tempos de guerra, em muitos países europeus
(Inglaterra, Dinamarca, Alemanha, Polónia, Holanda, etc.) e nos EUA, Turquia,
Canada, Rússia e outros, as mulheres conquistaram o direito de voto.
Direitos das Mulheres
As consequências do afluxo feminino as diversas profissões e
actividades foram profundas. Em primeiro lugar, para as mais humildes,
significava a possibilidade de escapar
a miséria e ate de atingir um certo bem-estar. Para as mais favorecidas, o
acesso ao
ensino superior, ate então reservado aos estudantes do sexo masculino, passou a
ser
possível a partir dos anos 20, altura em que as estudantes foram finalmente
admitidas
e autorizadas a apresentarem-se nos exames da Universidade de Cambridge.
Para todas, significou a demonstração da sua utilidade social, da sua aptidão
para enveredarem por actividades novas, por muito afastadas que estivessem da
tradição ou da falta de respeitabilidade. Para todas, ainda, representou uma
oportunidade de se juntarem ao mundo exterior, de saírem do lar da família, de
se libertarem da sua antiga dependência. Assim, logo a seguir a guerra, já não
se punha a questão de manter as mulheres no seu tradicional estado de
inferioridade. A lei (...) cedeu-lhes o direito de voto (…).
Pierre Leon, História Económica e Social do Mundo,
vol. V, Sá da Costa Editora, Lisboa, 1982 (adaptado)