Noções de Epistemologia da História
O que é Epistemologia?
Caro estudante, preste atenção a esta matéria! Nada de pessimismo em
relação ao estudo. Nada é difícil, tudo depende da nossa predisposição,
vontade e energia para aprender.
Por Epistemologia entende-se a Disciplina que trata dos problemas
filosóficos postos pela ciência, particularmente do valor do conhecimento
científico.
Pois bem, para podermos abordar correctamente as questões relacionadas
com o conhecimento científico primeiro precisamos ter uma ideia sobre o
que é conhecimento. Veja então a seguir.
Origem e Natureza do Conhecimento
Você como definiria conhecimento, caro estudante?
Conhecimento pode ser definido como o reflexo activo e devidamente
orientado do mundo objectivo e das suas actividades no cérebro humano.
Produz - se através dos órgãos dos sentidos, do sistema nervoso e do
cérebro em particular.
A seguir conheça as etapas de produção do conhecimento.
Etapas da Produção do Conhecimento
1ª Fase – Conhecimento Concreto ou Sensorial
O homem capta a realidade que o circunda através dos órgãos
sensoriais: visão, olfacto, audição, gosto e tacto. O seu cérebro
responde, da forma mais fiel, a
Realidade, e fixa-a através da memória.
A realidade vivida, uma vez captada e assimilada pelos diversos órgãos sensoriais, passa a fazer parte do conhecimento. Nesta primeira fase temos o conhecimento concreto ou sensorial, porque resulta da apreensão directa da realidade pelos órgãos dos sentidos.
Entretanto, o homem com a ajuda de instrumentos científicos, pode ainda dilatar o conhecimento sensorial, redundando em seu próprio benefício. 2ª Fase - O cérebro trabalha os conhecimentos já adquiridos. Analisa-os, relaciona-os e transforma-os em ideias.
O conhecimento eleva-se do particular ao geral. Por conseguinte, chama-se conhecimento lógico ou conhecimento abstracto.
A relação entre conhecimento sensorial e lógico
O conhecimento sensorial e o conhecimento abstracto interpenetram-se.
O conhecimento sensorial é incapaz de revelar a natureza íntima das
coisas, a sua essência e as leis do seu desenvolvimento. Com a ajuda dos
órgãos dos sentidos é possível contemplarmos uma lâmpada eléctrica,
mas não se pode imaginar que a corrente eléctrica é um fluxo de electrões
que se movem a determinada velocidade.
Por meio dos sentidos não se pode perceber o movimento das partículas
"elementares" e muitos outros fenómenos complementares da natureza e
da vida social. É sabido também que o conhecimento das leis, das
essências das coisas e das leis, podem servir de guia ao homem na sua
actividade prática. É aí que o pensamento abstracto ou lógico, entra em
sua ajuda.
Por outras palavras, o conhecimento lógico é uma etapa qualitativamente
nova e superior no desenvolvimento do conhecimento. O seu papel
consiste em revelar as propriedades e os traços principais do objecto.
Na fase do pensamento lógico, são conhecidas as leis de desenvolvimento
da realidade tão necessária na sua actividade prática. O conhecimento
lógico e o sensorial formam, por conseguinte, uma unidade,
complementando-se um ao outro, enriquecendo-se reciprocamente. Não
se pode subestimar tanto as indicações dos sentidos como as conclusões
da razão.
No entanto, os representantes do empirismo, subestimam o papel do
pensamento abstracto no conhecimento; consideram que somente a
experiência sensorial dá ao homem o verdadeiro quadro do mundo.
Partindo do facto de que as noções não têm evidência sensorial, os
empíricos afirmam que na realidade nada corresponde às noções, que elas
são fruto da fantasia do homem.
Em contrapartida, os racionalistas não acreditam nos órgãos dos sentidos
e consideram a razão e o pensamento abstracto a única fonte do
verdadeiro conhecimento. Os racionalistas subestimam o papel do
conhecimento sensorial e consideram que o homem é capaz de conhecer
o mundo de forma puramente intuitiva, fora de qualquer experiência.
3ª Fase (é numeração de que?)- Na nossa abordagem à problemática do
conhecimento vimos que as primeiras etapas deste compreendem o
conhecimento sensorial e o abstracto. Contudo não a esse nível que ele
termina, a sua formação prossegue até níveis mais elevados,
nomeadamente a percepção e a representação.
A percepção é a forma mais alta do conhecimento sensorial. Reflecte o
objecto na integridade sensorial imediata, no conjunto dos seus aspectos e
particularidades externas.
A representação é a reprodução na consciência do homem de algo que foi
percebido anteriormente: a reprodução de acontecimento, agradável ou
desagradável.
A Prática como Suporte do Conhecimento
"... a fé, se não tiver obras, está morta em si mesma" (Tiago, 2:17)
A experiência acumulada ao longo dos séculos, confirma a transcrição
supracitada. O Conhecimento sensorial e o abstracto são unidos:
reflectem o mesmo mundo natural e cuja base é a prática da humanidade.
Ambos graus de conhecimentos têm uma base filosófica- o sistema
nervoso do homem.
A prática corresponde a actividade dos homens cuja finalidade é
transformar a natureza e a sociedade em seu proveito. A sua essência é o
trabalho, que fomenta a produção material e espiritual. É ainda o
principal eixo da luta política e a de classes sociais, assim como a
experimentação científica.
A prática constitui o ponto de partida e a base do conhecimento.
É já de domínio comum que desde a antiguidade, o homem sentiu a
necessidade de ter que trabalhar para obter os meios da sua subsistência.
No decorrer do processo produtivo confronta-se, frequentes vezes, com as
forças da natureza que, gradualmente, as ia conhecendo e vencendo,
transformando-as e pondo-as ao seu serviço.
O desenvolvimento da produção, ia, entretanto, exigindo, crescentemente
mais novos conhecimentos. Já em períodos anteriores, o homem viu-se na
contingência de medir áreas de terra, contar os instrumentos de trabalho e
os produtos fabricados. Na sequência disso surgiram os primeiros
conhecimentos, por exemplo, a matemática. O homem edificou casas,
estradas, sistemas de irrigação e outros empreendimentos. Tudo isto
implicava o conhecimento das leis da mecânica. Assim, sob o impulso
das necessidades práticas, desenvolviam-se as capacidades mentais do
homem o que fez surgirem as ciências. A prática serve também de base
do aparecimento das ciências sociais.
Em definitivo a prática apetrecha o conhecimento científico com
aparelhos, instrumentos e equipamentos e deste modo contribui para os
êxitos dos conhecimentos.
A questão da verdade em História
Verdade designa aquilo que é firme, digno de confiança, estável, fiel,
verdadeiro ou facto estabelecido; aquilo que se ajusta aos factos ou ao
que é direito e apropriado; conformidade entre o pensamento ou a sua
expressão e o objecto de pensamento; coisa certa e verdadeira; a verdade
como conhecimento que corresponde à ligações e leis essenciais da
realidade objectiva.
Há vários tipos de verdade, mas a nós interessa dois tipos de verdade:
A verdade relativa, que é a correspondência incompleta do
conhecimento, a realidade.
A verdade absoluta, é a verdade precisamente objectiva na sua
plena integridade; é o reflexo absolutamente da realidade. A
verdade absoluta põe em destaque a cognição incluindo a
cognição científica e o processo histórico da prática.
Mas vamos lá, de que depende a verdade? Do homem ou do objecto?
Dois sistemas filosóficos apresentam soluções divergentes:
A verdade é subjectiva e depende do homem que determina, ele próprio,
a veracidade dos seus conhecimentos sem levar em conta a situação real
das coisas- Concepção Idealista.
Baseando-se nas conquistas da ciência e da prática secular do homem,
afirma a Concepção Materialista que a verdade é objectiva, uma vez
que ela reflecte o mundo que existe objectivamente, o seu conteúdo não
depende da consciência do homem.
Como o homem conhece a verdade objectiva? De uma vez? Na íntegra?
A solução é nos dada por aquilo que é chamado correlação entre a
verdade absoluta e a verdade relativa. As diferenças entre a verdade
absoluta e a relativa, devem- se ao facto de que o grau de
correspondência dos conhecimentos com a realidade e o grau de
penetração do intelecto na realidade, não são iguais.
Alguns conhecimentos correspondem à realidade na íntegra, de forma
absolutamente exacta, enquanto noutros apenas parcialmente.
A verdade absoluta é precisamente a verdade objectiva na sua plena
integridade, é o reflexo absoluto da realidade.
A verdade absoluta pode, por um lado, ser conhecida na íntegra, pois não
existem coisas incognoscíveis, não existe limite para a capacidade
cognitiva do intelecto humano, e, por outro, não se pode conhecer a
verdade absoluta logo de uma vez, na íntegra: só pode ser alcançada no
processo infinito do conhecimento.
Cada nova conquista da ciência aproxima o homem do conhecimento da
verdade absoluta; permite-lhe conhecer novos e novos elementos da
verdade, seus novos elementos e aspectos. O progresso do homem, no
domínio do conhecimento, consiste precisamente em que o homem, ao
conhecer as verdades relativas, conheça também a verdade absoluta.
O conhecimento é, por conseguinte, ao mesmo tempo absoluto e relativo.
É relativo porque não é completo, desenvolve-se e aprofunda-se,
descobrindo novos aspectos da realidade. É absoluto, porque contém os
elementos do conhecimento eterno e absolutamente exacto.
Finalmente, chegamos à parte crucial do nosso problema: O
conhecimento histórico será absoluto? Relativo?
A resposta mais consequente é: Não há verdades definitivas em história.
A verdade histórica é parcial, frágil e relativa.