Os métodos da História

 Os Métodos da História

O Método

Qualquer ciência só se afirma como tal por possuir um método próprio,

que a distingue das demais áreas de conhecimento. Mas o que é o

método?

Método pode ser definido como um conjunto de regras e normas que

dizem respeito ao próprio desenrolar da cognição científica e que o

cientista aplica conscientemente em conformidade com as variedades das

tarefas da pesquisa. Os passos que se deve seguir para chegar ao

conhecimento.

Importância do Método

O estudo metodológico de uma disciplina permite que o estudante não

assimile mecanicamente o conteúdo da disciplina, mas desenvolva nele a

iniciativa e a actividade criadora, aliadas com o desejo de aprender cada

vez mais os fenómenos da natureza, da sociedade e do próprio homem.

Os Métodos Específicos a História

Tal como qualquer outra disciplina científica, a História possui os seus

métodos específicos. Em História a acção do historiador incide

particularmente sobre os documentos, a fonte em que se encontra o

retrato do passado. Mas que trabalho se faz sobre as fontes? Transcrição

do seu conteúdo? Reprodução do que as fontes contêm? Nada disso! O

documento é apenas o meio, o veículo que nos faz chegar ao passado.

"Nós não estudamos um documento por ele mesmo, mas esperamos

atingir, através dele, o passado"

Diante das fontes é preciso analisá-las, interpretá-las, para que nos

revelem tudo quanto têm sobre o passado. Não para que possamos

reproduzir o passado mas, par que possamos compreender, interpretar e

explicar o passado.

Já na antiguidade, Tucídides referia-se aos métodos nessa perspectiva, ao

afirmar:

"Pensei nada dever escrever sem ter submetido à investigação mais

exacta cada um dos factos usando maior rigor tanto para o que eu

próprio tinha visto, como para o que conhecia por ter ouvido"

Por seu turno R. G. Collingwood foi mais elucidativo em relação a

necessidade da interpretação das fontes:

"A história actua através da interpretação das provas, que são a

expressão colectiva das coisas, que singularmente se chamam

documentos."

Portanto a construção histórica pressupõe a existência de factos, o que

significa que o trabalho do historiador não se desenrola senão em volta

desses mesmos factos ou acontecimentos, consistindo na sua análise com

procedimentos (métodos) próprios e com fins específicos.

Em geral a ciência histórica socorre-se da heurística, crítica, e síntese.

A) Heurística – é a procura de documentos, ou seja, o processo de

recolha de fontes históricas. Mas atenção, caro aluno, quando se fala em

recolha de fontes não se refere ao acto mecânico de transportar as fontes

locais para o outro. É, sim, uma acção intelectual de identificar as fontes

necessárias para se poder realizar determinado trabalho. É preciso notar

que documento não será tudo o que documente determinado assunto,

precisamos identificar os mais reveladores os mais úteis para a

perspectiva de análise que se pretende. Para isso impõe-se que o

historiador seja capaz de “elaborar melhor um programa prático de

pesquisas permitindo encontrar, fazer surgir os documentos mais

numerosos, os mais seguros, os mais reveladores”.

Portanto a Heurística é uma arte com as suas regras, instrumentos, modos

de trabalhar, por isso para se ser historiador requere-se um certo tacto,

perícia. Muitas vezes os documentos só se revelam quando o historiador

os reclama, procura, faz surgir por meio de engenhosos processos para

isso imaginado.

A selecção de fontes inclui a exploração da bibliografia do tema a

abordar. Portanto, no início do seu trabalho, o historiador deve ler tudo

quanto existe sobre o assunto que vai tratar de modo a que, evite

repetições desnecessárias e possa se orientar com os predecessores o

género de fontes que poderá encontrar sobre o tema.

B) Crítica em presença dos documentos o historiador preocupa-se em

compreendê-los. Para isso deve escutá-los, deixá-los falar, dar-lhes a

possibilidade de se revelar como são.

A crítica desdobra-se em duas operações:

 Crítica externa que compreende:

crítica de autenticidade - para se certificar se a fonte chegou ao

historiador sem ter sofrido mutilações ou deturpação do seu conteúdo.

Se o documento é autêntico ou não.

crítica de proveniência - o historiador confronta a fonte com outras que

abordam problemas similares, para tentar encontrar respostas às

perguntas: quem redigiu o documento? Quando? Onde? Como? Como é

que o documento chegou até nós.

 Crítica interna que se subdivide em:

crítica de credibilidade em que o historiador procura verificar a

sinceridade, competência e exactidão do documento.

crítica de interpretação - o historiador procura detectar o que o autor da

fonte disse ou quis dizer;

A crítica interna inclui à Hermenéutica. Esta Consiste na interpretação

dos documentos com o fim de saber em que medida é que a informação

fornecida responde à questões colocadas inicialmente. Com efeito, feita a

crítica dos documentos e, portanto, apurada a sua autenticidade e

credibilidade o historiador fica diante de uma gama de informações, mas

não de um conjunto de respostas à questões por si colocadas. Deste modo

impõe-se a selecção das informações que permitam construir a resposta

desejada.

C- A Síntese Histórica: (do grego " synthesi, composição): junção

material ou mental das partes, aspectos de um objecto, o que permite

revelar os seus nexos internos, indispensáveis e desta forma as leis

inerentes a este objecto; reconstrução dos factos históricos na sua

complexidade.

A investigação histórica deverá ter, como fim lógico, a elaboração de um

trabalho cujo epílogo se concretiza através da sínteses a reconstituição

dos factos na sua complexidade.

A crítica, externa e interna, dá-nos apenas factos isolados e muitas vezes

heteróclitos. Torna-se pois, necessário repor esses factos isolados no seu

contexto e sequência lógica, com os seus antecedentes e as suas

repercussões fazendo deles um todo com uma significação própria. É a

verdadeira construção histórica.

De acordo com a amplitude do estudo realizado podem se identificar

vários tipos de síntese ou construção histórica:

 Biografia- História dum homem

 Monografia- História duma região, duma guerra, dum período,

dum país,etc.

 História geral- Num ou em todos os seus aspectos (político,

económico, social, institucional, cultural, religioso, técnico e

psicológico).

 História comparativa e a filosofia da história- Procura induzir

leis gerais dum conjunto de factos e que tende frequentemente a

adoptar a forma de história universal.

A História Entre as Ciências

A Interdisciplinaridade

Que lugar ocupa a História no sistema das ciências?

A tendência actual de uma história total baseada na longa duração impõe

à história um diálogo com as restantes ciências sociais e humanas, a

interdisciplinaridade, a fim de captar o social sua totalidade.

Se a história deve falar da vida política, económica, social

A ideia de uma História total, que aborde o Homem sob diversos aspectos

da sua vida, só pode ser materializada com recurso a conhecimento de

outras ciências.

Mas a História não se limita a buscar subsídios das outras ciências. Ela

também contribui para o desenvolvimento das mesmas transmitindo-lhe a

dinâmica da duração


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