Resistência a ocupação colonial em Moçambique: a revolta de Báruè
Produto da desagregação do Estado dos Mwenemutapa, Báruè fortaleceu-se com o comércio do ouro e do marfim, o que lhe permitiu adquirir armas e munições. Conseguiu, assim, manter a sua autonomia. A derrota dos Estados militares do vale do Zambeze pelos Portugueses deixou Báruè como o único grande reino desta região fora do controlo português, constituindo, no fim do século XIX, o maior centro de actividade anticolonial.
No
inicio do século XX, a região de Báruè acabou, porém, por ser dominada pelos
Portugueses. Os seus chefes, Nongwe-Nongwe e Makossa, estavam divididos,
enfraquecidos e sem força moral para lutar contra os ocupantes. Seria o
aparecimento de Mbuya (uma jovem que se autoproclamava possuidora de espíritos
divinos), que denunciava os abusos dos Portugueses e apelava a rebelião, que
viria a unir os dois chefes Báruè. Decidiram então juntar as suas forcas para
lutar contra os ocupantes.
Nongwe-Nongwe
mobilizou os Amambo, Sena, A-Chicunda, Tawara e Nsenga, formando uma ampla coligação
anticolonial Zambeziana. Assim, a 27 de Marco de 1917 deu inicio ä revolta, com
a tomada de Chemba, Tambara e Chiramba. As causas desta revolta foram a construção
de uma estrada para ligar Tete a Macequece, passando pela terra de Báruè, e o
recrutamento compulsivo de mão-de-obra africana para trabalhar na sua construção
sem nenhuma remuneração, os abusos dos cipaios aos trabalhadores recrutados e o
recrutamento de milhares de soldados e carregadores para o combate contra os Alemães
na campanha da África Oriental (durante
a Primeira Guerra Motontora, Zambézia. Mundial).
Em
Abril, os Portugueses foram expulsos em Massangano, Gorongosa, Cheringoma,
Inhaminga e Zumbo (Tete). Vendo-se em apuros, os Portugueses fizeram um acordo
com os mercenários Angoni, a quem prometeram pagar dez xelins por mes em troca
da sua colaboração para pôr fim a revolta de Báruè. Os Angoni, destruindo
culturas e espalhando o terror, conseguiram pôr fim a revolta em Junho de 1917.
Conceitos
Resistência — Acto de resistir, acção ou efeito de se opor,
de lutar contra algo que se considera contrário ao seu interesse.
Revolta — Constitui uma ruptura necessariamente «explosiva»
com vista ao projecto de transformação radical da organização da sociedade.
Tratado — É todo o acordo formal concluído entre sujeitos de
Direito Internacional Público e destinado a produzir efeitos jurídicos entre as
nações.