Processos de Enfermagem
A compreensão acerca
do significado e sua adoção deliberada na prática profissional ainda não são
unanimidade no âmbito da Enfermagem, embora se observe ter havido uma sensível
mudança nesse sentido a partir das três últimas décadas do século XXI.
Compreendendo-se
tecnologia como a utilização do conhecimento para a produção de bens e
serviços, pode-se definir o Processo de Enfermagem como:
1)
Um instrumento
tecnológico de que lançamos mão para favorecer o cuidado, para organizar as
condições necessárias à realização do cuidado e para documentar a prática
profissional;
2)
Um modelo metodológico
que nos possibilita identificar, compreender, descrever, explicar e/ou predizer
as necessidades humanas de indivíduos, famílias e coletividades, em face de
eventos do ciclo vital ou de problemas de saúde, reais ou potenciais, e
determinar que aspectos dessas necessidades exigem uma intervenção profissional
de enfermagem.
Para
Nóbrega (1995), o processo de enfermagem pode ainda ser definido como uma
atividade intelectual pré-meditada, por meio da qual a prática de enfermagem é
dirigida dentro de uma ordem e um método sistemático.
A implementação do
Processo de Enfermagem demanda habilidades e capacidades cognitivas,
psicomotoras e afetivas, que ajudam a determinar o fenômeno observado e o seu
significado; os julgamentos que são feitos e os critérios para sua realização;
e as ações principais e alternativas que o fenômeno demanda, para que se
alcance um determinado resultado. Esses aspectos dizem respeito aos elementos
da prática profissional considerados, por natureza, inseparavelmente ligados ao
Processo de Enfermagem: o que os agentes da Enfermagem fazem (ações e
intervenções de enfermagem), tendo como base o julgamento sobre necessidades
humanas específicas (diagnóstico de enfermagem), para alcançar resultados pelos
quais se é legalmente responsável (resultados de enfermagem).
Os elementos inerentes
à prática profissional (diagnósticos, intervenções e resultados de enfermagem)
favoreceram o desenvolvimento, em curso, de sistemas de classificação de
conceitos que fazem parte da linguagem profissional da área, instrumentos
tecnológicos a serem utilizados: a) no processo e no produto do raciocínio e
julgamento clínico acerca das necessidades humanas de indivíduos, famílias e
coletividades, diante de eventos do ciclo vital ou de problemas de saúde, reais
ou potenciais; b) no processo e no produto do raciocínio e julgamento
terapêutico acerca das necessidades de cuidado da clientela (indivíduos,
famílias e coletividades) e dos resultados que são sensíveis à intervenção de
enfermagem; e c) na documentação da prática profissional.
Etapas
do processo de enfermagem
O Processo de Enfermagem foi
introduzido por Wanda de Aguiar Horta, na década de 70. Para fins didáticos,
essas fases são descritas separadamente e em ordem sequencial. Mas vale
destacar, que assim como Horta propôs, as etapas são inter-relacionadas e, por
isso, uma depende da outra. Ademais, essas etapas se sobrepõem, dado que o PE é
contínuo.
i.
Coleta de Dados de
Enfermagem (ou Histórico de Enfermagem);
ii.
Diagnóstico de
Enfermagem;
iii.
Planejamento de
Enfermagem;
iv.
Implementação e;
v.
Avaliação de
Enfermagem.
1.
Histórico de enfermagem (HE) ou Coleta de Dados
É constituído por entrevista e exame
físico. A entrevista investigará a situação de saúde do cliente ou da
comunidade, identificando os problemas e necessidades de intervenções. Já o
exame físico consiste na inspeção, palpação, percussão e ausculta, que
necessita de conhecimento teórico e habilidades técnicas apropriadas para sua realização.
Nesta fase, o enfermeiro analisa os
dados coletados e o estado de saúde do individuo, através da identificação e
avaliação de problemas de saúde presentes ou em potencial.
Os diagnósticos serão elaborados de acordo com os protocolos da instituição, os
mais utilizados são: NANDA e CIPE.
É determinado os resultados esperados,
de maneira específica e identificado as intervenções necessárias para alcançar
os resultados.
As intervenções elaboradas devem ser
direcionadas para alcançar os resultados esperados e prevenir, resolver ou
controlar as alterações encontradas durante o histórico de enfermagem e
diagnóstico de enfermagem.
Existem diversos sistemas de
classificação para intervenções de enfermagem, mas os mais utilizados no Brasil
são a Nursing Interventions Classification (NIC) e a CIPE, baseado no
julgamento clínico e conhecimento do enfermeiro para melhorar os resultados do
cliente, e também a Nursing Outcomes Classification (NOC), para a classificação
padronizada dos resultados dos clientes, que avalia o estado, comportamento ou
percepção do cliente ou família, permitindo a qualificação do seu estado.
4.
Implementação de Enfermagem
Trata-se da concretização do plano
assistencial, realização das ações ou intervenções determinadas na etapa de
Planejamento de Enfermagem.
Processo sistemático e contínuo de
verificação de mudanças nas respostas da pessoa, família ou coletividade em um
determinado momento do processo saúde-doença, para determinar se as ações ou
intervenções de enfermagem alcançaram o resultado esperado; e verificação da
necessidade de mudanças ou adaptações em alguma das etapas do Processo de
Enfermagem.
São utilizados indicadores
para qualificação de avaliação:
·
Ausente ou Presente;
·
Melhorado ou Piorado;
·
Mantido ou Resolvido.
·
Nesta etapa está a evolução
de enfermagem, que é a avaliação do paciente a cada 24 horas.
Evolução
História do processo de enfermagem
Na Enfermagem, as
raízes plantadas por Florence Nightingale têm permitido, até os dias atuais,
que se avance no conhecimento sobre o processo de cuidar, considerado a essência
do saber e do fazer de seus agentes.
O significado atribuído
ao Processo de Enfermagem e o modo como ele é aplicado à prática profissional
são dinâmicos, modificando-se ao longo do tempo e de acordo com os diferentes cenários
da prática assistencial. Assim, podem ser identificadas gerações distintas do
Processo de Enfermagem, cada uma delas influenciada pelo estágio do
conhecimento e pelas forças atuantes que lhe são contemporâneos.
A expressão Processo
de Enfermagem ainda não era utilizada na segunda metade do século XIX, muito
embora, à época, Florence já enfatizasse a necessidade de ensinar as enfermeiras
a observar e a fazer julgamentos sobre as observações feitas.
Sua introdução formal
na linguagem profissional ocorreu nos anos 50 do século XX, sob influência do
método de solução de problemas, cujas raízes eram o método científico de
observação, mensuração e análise de dados.
Observa-se, nesse
momento histórico, a ênfase no ensino do método de solução de problemas nas
escolas de enfermagem, durante o que se destacava a importância da coleta
sistemática e análise de dados, realizadas com rigor metodológico.
São exemplos desse
modo de pensar a lista dos 21 problemas que deveriam ser o foco do cuidado de
enfermagem, elaborada por Faye Abdellah em 1960, e a lista das 14 áreas de
necessidades humanas básicas, descrita por Virgínia Henderson, também em 1960.
À época, foram, ainda, publicados na literatura da área exemplos de instrumentos
de coleta de dados, como o modelo baseado em 13 áreas funcionais, proposto por
Faye McCain em 1965.
Em 1967, o Processo de
Enfermagem foi descrito por Helen Yura e Mary B. Walsh com quatro fases: coleta
de dados, planejamento, intervenção e avaliação. Ao descrevê-lo, as duas autoras
enfatizaram as habilidades intelectuais, interpessoais e técnicas que
consideravam ser necessárias e essenciais à prática profissional e, portanto,
aspectos significativos para a execução do Processo de Enfermagem.
A despeito de sua
indiscutível importância, um aspecto que caracterizou essa primeira geração do
Processo de Enfermagem foi que as necessidades de cuidado e os processos de
solução dos problemas dos pacientes relacionavam-se, predominantemente, a
determinadas condições fisiopatológicas, médicas
Mais recentemente,
buscando dar continuidade a atividades desenvolvidas junto à Associação
Brasileira de Enfermagem (ABEn Nacional) e ao CIE, como responsáveis pela
produção de um inventário vocabular de enfermagem em saúde coletiva26,
desenvolveu-se uma pesquisa cuja finalidade era a de identificar os termos
utilizados pelos diferentes componentes da equipe de enfermagem para se referir
aos fenômenos/diagnósticos/problemas e às ações/intervenções/prescrições de
enfermagem, de modo a, não somente concorrer para a construção da CIPE, mas,
sobretudo, elaborar um instrumental tecnológico, sensível a nossa realidade,
para inserção em sistemas de informação da prática profissional. Esse projeto,
concluído em 2005, gerou a elaboração de um segundo, cujo objetivo geral foi o
de construir um banco de dados de enfermagem a serem introduzidos em sistemas
de informação. Isso está sendo feito através da identificação de termos da
linguagem profissional relacionados a fenômenos e ações de enfermagem e do
mapeamento cruzado com as classificações de termos constantes na CIPE e em
outras terminologias da área.
Ressalte-se a
importância da construção de um banco de dados que inclua termos relacionados a
diagnósticos/resultados e a ações de enfermagem de modo a favorecer a
utilização de uma linguagem comum e, ao mesmo tempo, integrar o conhecimento
científico e o conhecimento prático da profissão. Considera-se que um banco
assim construído pode contribuir sobremaneira para o registro sistemático dos
elementos da prática – diagnósticos, intervenções e resultados de enfermagem;
consequentemente, para o aumento de visibilidade e de reconhecimento
profissional e, por outro lado, para uma possibilidade concreta de avaliação da
prática de enfermagem.
Conclusão
Findo trabalho chegou-se a seguinte conclusão: o processo de
enfermagem é uma abordagem de solução de problemas para satisfazer as
necessidades de enfermagem e de cuidado de saúde de uma pessoa. Embora as
etapas do processo de enfermagem tenham sido afirmadas de várias formas por
diferentes escritores, os componentes comuns citados são: histórico,
diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação. Os Standards of Clinical Nursing Practice da ANA
(19998) abrangem um componente adicional intitulado identificação de resultado
e estabeleceu a sequência de etapas na seguinte ordem: avaliação, diagnóstico,
identificação de resultado, planeamento, implementação e avaliação.
Bibliografia
- Wall ML, et al. Comissão de Sistematização da Assistência
de Enfermagem (COMISAE). Avaliação de enfermagem: anamnese e exame físico
(adulto, criança e gestante). – Curitiba: Hospital de Clínicas, 2014.
[Acesso em: 06 fev 2015]. Disponível em:
http://www.hc.ufpr.br/arquivos/livreto_sae.pdf
- Conselho Regional de Enfermagem
de São Paulo – COREN. Processo de
Enfermagem: Guia para a Prática. [on line]. São Paulo; 2015. [26 out
2016]
- Yura H,
Walsh MB. The nursing process:
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- Burns
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Philadelphia (USA): W.B. Saunders; 1993.