Queimaduras

As queimaduras são feridas traumáticas causadas, na maioria das vezes, por agentes térmicos, químicos, elétricos ou radioativos.

Esses fatores atuam nos tecidos de revestimento do corpo humano, determinando destruição parcial ou total da pele e seus anexos, podendo atingir camadas mais profundas, como tecido celular subcutâneo (abaixo da pele), músculos, tendões e ossos.

As queimaduras são classificadas de acordo com a sua profundidade e tamanho, sendo geralmente mensuradas pelo percentual da superfície corporal acometida.

 

2.      Tipos de queimaduras

Os tipos de queimaduras são térmicas, químicas, elétricas ou radioativas – até mesmo animais (água viva por exemplo):

 

2.1. Queimaduras térmicas/calor

Os incêndios e os líquidos quentes são as causas mais comuns de queimaduras. Dos incêndios em residências que resultam em morte, 25% têm origem no ato de fumar e 22% em aparelhos de aquecimento. Cerca de metade das lesões têm origem no combate aos incêndios. Os escaldões são provocados por líquidos ou gases quentes e ocorrem com maior frequência na sequência de exposição a bebidas quentes, água da torneira a temperatura elevada durante o banho, óleo de cozinha ou vapor. As lesões por escaldão são mais comuns em crianças com idade inferior a cinco anos. O contacto com objetos quentes é a causa de 20 a 30% das queimaduras em crianças. Geralmente os escaldões provocam queimaduras de primeiro e segundo graus, embora também possam ocorrer queimaduras de terceiro grau, sobretudo após contacto prolongado. Em muitos países, o fogo de artifício é também uma causa comum de queimaduras durante as épocas festivas, sobretudo em adolescentes do sexo masculino.

·         São provocadas por fontes de calor como o fogo, líquidos ferventes, vapores, objetos quentes, queimadura de sol, exposição ao frio intenso.

 

2.2. Queimaduras químicas

Os produtos químicos estão na origem de 2 a 11% de todas as queimaduras e contribuem para aproximadamente 30% das mortes relacionadas com queimaduras. As queimaduras químicas podem ser causadas por mais de 25 000 substâncias, sendo a maior parte das quais ou bases (55%) ou ácidos potentes (26%).

A maior parte das mortes por queimaduras químicas deriva da ingestão de produtos químicos. Entre os agentes mais comuns estão o ácido sulfúrico, comum nos produtos de limpeza de sanitários, o hipoclorito de sódio presente na lixívia e os halogenetos de alquilo presentes nos decapantes de tinta. O ácido fluorídrico é capaz de causar queimaduras particularmente profundas que só se tornam sintomáticas algum tempo após a exposição. O ácido fórmico é capaz de provocar o colapso de um número significativos de glóbulos vermelhos.

·         São provocadas por substâncias químicas em contato com a pele ou mesmo através das roupas

 

2.3. Queimaduras por eletricidade

As queimaduras elétricas dividem-se nas que são provocadas por alta tensão (maior ou igual a 1000 volts), baixa tensão (menor que 1000 volts) ou queimaduras provocadas por arco elétrico. As causas mais comuns de queimaduras elétricas em crianças são os cabos elétricos (60%), seguidas por tomadas elétricas (14%). Os relâmpagos podem também provocar queimaduras elétricas. Entre os fatores de risco estão a participação em atividades ao ar livre, como o montanhismo, desportos de campo e o trabalho no exterior. A taxa de mortalidade em consequência de um relâmpago é de aproximadamente 10%.

Embora as lesões derivadas de eletricidade causem principalmente queimaduras, podem também causar fracturas ou deslocamentos secundários às contusões ou contrações musculares. Em lesões por alta tensão, a maior parte das lesões são internas, pelo que não é possível avaliar a sua extensão apenas mediante a observação da pele. O contacto com a eletricidade pode também provocar arritmias ou paragem cardiorrespiratória.

 

2.4. Queimaduras por atrito ou fricção

Queimaduras por atrito ou fricção, são abrasões na pele que surgem após a fricção dela contra uma superfície áspera.

 

Quando ao cair nossa pele entra em atrito com o solo, quando algum sapato ou roupa nos machuca a pele, ou em qualquer outra condição em que ocorre atrito entre nossa pele e alguma superfície ou material. Trata-se normalmente de lesões de primeiro e segundo grau que requerem atenção para aliviar o incômodo e prevenir as cicatrizes.

 

O grau da queimadura pode variar bastante, desde os mais leves (pele ralada, rosa) até os mais graves, esfolando e retirando várias camadas da pele e deixando-a muito vermelha. Geralmente, elas podem ser tratadas em casa, mas se uma infecção se desenvolver ou se a queimadura cobrir uma grande área do corpo, consulte um médico.

 

2.5. Queimaduras por frio

As queimaduras pelo frio são lesões causadas por congelação que provocam perda de sensibilidade e de cor nas zonas afetadas. Estas queimaduras atingem mais frequentemente o nariz, orelhas, bochechas, queixo, dedos das mãos e dos pés.

A queimadura pelo frio ocorre quando a pele congela devido à exposição prolongada a temperaturas frias, sendo mais comum em membros como dedos da mão e do pé, nariz, orelhas, bochechas e queixo; em casos mais graves, pode levar à amputação dos locais afetados. Geralmente, apenas a pele congela, mas em situações mais graves, até os tecidos mais profundos “morrem”, devendo ser manuseados delicadamente. Essa condição requer atenção médica especializada para minimizar danos e reduzir a chance de consequências mais graves.

A queimadura por congelamento é um processo que prejudica a pele e os tecidos humanos. O processo começa quando há uma exposição prolongada ao frio.

Esse tipo de queimadura é muito comum nas mãos, nos pés, no nariz e nas orelhas. O problema acontece quando alguma parte do corpo fica descoberta, ou não é bem protegida, em temperaturas negativas.

O consumo de álcool e cigarros, e uma alimentação desequilibrada também favorecem as queimaduras por congelamento. Pessoas com diabetes ou doenças dos vasos sanguíneos também estão mais suscetíveis a esse tipo de queimadura.

 

3.      Classificação das queimaduras

As queimaduras também podem ser divididas de acordo com a profundidade da lesão causada por uma queimadura:

 

·                  Queimadura de 1º grau

Também chamada de queimadura superficial, são aquelas que envolvem apenas a epiderme, a camada mais superficial da pele. Os sintomas são intensa dor e vermelhidão local, mas com palidez na pele quando se toca. A lesão da queimadura de 1º grau é seca e não produz bolhas. Geralmente melhoram no intervalo de 3 a 6 dias, podendo descamar e não deixam sequelas.

 

·                  Queimadura de 2º grau

De acordo com a Sociedade Brasileira de Queimaduras, existem duas classificações para esse tipo: 2º grau superficial e 2º grau profundo. A queimadura de 2º grau superficial é aquela que envolve a epiderme e a porção mais superficial da derme. Os sintomas são os mesmos da queimadura de 1º grau, incluindo ainda o aparecimento de bolhas e uma aparência úmida da lesão. A cura é mais demorada podendo levar até 3 semanas e não costuma deixar cicatriz.

As queimaduras de 2º grau profundas são aquelas que acometem toda a derme, sendo semelhantes às queimaduras de 3º grau. Como há risco de destruição das terminações nervosas da pele, este tipo de queimadura é considerada bem mais grave e também é mais dolorosa que o primeiro grau.

As glândulas sudoríparas e os folículos capilares também podem ser destruídos, fazendo com a pele fique seca e perca seus pelos. A cicatrização demora mais que 3 semanas e costuma deixar cicatrizes.

 

·                  Queimadura de 3º grau

São queimaduras profundas que acometem toda a derme e atinge tecidos subcutâneos, com destruição total de nervos, folículos pilosos, glândulas sudoríparas e capilares sanguíneos, podendo inclusive atingir músculos e estruturas ósseas. São lesões esbranquiçadas/acinzentadas, secas, indolores e deformantes que não curam sem apoio cirúrgico, necessitando de enxertos de pele (ou seja, a retirada de pele saudável de outra região do corpo ou através de doação).

As queimaduras podem também ser classificadas como leves, moderadas e graves. A gravidade determina o prognóstico de cura e a probabilidade de complicações. Os médicos determinam a gravidade da queimadura pela sua profundidade e pela percentagem da superfície do corpo afetada por queimaduras de segundo e terceiro graus.

·         Queimaduras leves: todas as queimaduras de primeiro grau, da mesma forma que as queimaduras de segundo grau que representam menos de 10% da superfície corporal (uma área equivalente à palma da mão corresponde a 1%), costumam ser classificadas como leves

·         Queimaduras moderadas e graves: as queimaduras que envolvem mãos, pés, a face ou os genitais, as queimaduras de segundo grau que envolvem mais de 10% da superfície corporal e todas as queimaduras de terceiro grau que envolvem mais de 1% do corpo são classificadas como moderadas ou, mais frequentemente, como graves.

 

4.              Causas das queimaduras

Os principais agentes causadores de queimaduras são:

·         Líquidos superaquecidos

·         Combustível

·         Fogo

·         Superfície superaquecida

·         Eletricidade

·         Agentes químicos

·         Agentes radioativos

·         Radiação solar

·         Frio

·         Fogos de artifícios.

 

5.      Primeiros socorros

Em caso de acidente envolvendo queimaduras, o primeiro cuidado deve ser interromper o agente causador da queimadura, ou seja, cortar esse contato da pele com a causa.

Para casos de queimaduras leves, é indicado lavar o local atingido com água corrente em temperatura ambiente, de preferência por tempo suficiente até que a área queimada seja resfriada.

Também é importante buscar o auxílio de um profissional de saúde no posto de atendimento mais próximo do local do acidente, para que sejam tomadas as providências necessárias para o sucesso da recuperação e também para evitar o agravamento da lesão.

 

6.      Diagnóstico de Queimaduras

Durante o exame físico, o médico examinará a pele queimada e determinará a porcentagem da área total da superfície corporal afetada. Em geral, uma área da pele aproximadamente igual ao tamanho da palma da mão é igual a 1% da área total da superfície corporal. Para pessoas com idades entre 10 a 40 anos, a American Burn Association define uma queimadura grave como uma que envolve 25% da área total da superfície corporal ou qualquer queimadura envolvendo os olhos, orelhas, face, mãos, pés ou virilha.

Você também será examinado para outras lesões e para determinar se a queimadura afetou o resto do corpo. Você pode precisar de testes de laboratório, raio X ou outros procedimentos de diagnóstico.

 

7.      Prevenção

Esteja sempre alerta para reduzir riscos de queimadura fora de casa, especialmente se você trabalha em locais com chamas, produtos químicos ou materiais superaquecidos. Para diminuir o risco de queimaduras domésticas comuns:

·         Nunca deixe itens cozinhando no fogão sem vigilância

·         Vire as alças da panela em direção à parte traseira do fogão

·         Mantenha líquidos quentes fora do alcance de crianças e animais de estimação

·         Mantenha os aparelhos elétricos longe da água

·         Teste a temperatura dos alimentos antes de servir uma criança. Não aqueça a mamadeira de um bebê no microondas

·         Nunca cozinhe enquanto estiver usando roupas soltas que possam pegar fogo no fogão

·         Se houver uma criança pequena, bloqueie o acesso a fontes de calor, como fogão, churrasqueira, lareira e aquecedor

·         Antes de colocar uma criança em um assento de carro, verifique se o cinto não está superaquecido

·         Desconecte ferros e dispositivos semelhantes quando não estiverem em uso. Guarde-os fora do alcance de crianças pequenas

·         Cobra as tomadas elétricas não utilizadas com tampas de segurança. Mantenha os cabos elétricos e os fios afastados para que as crianças não os mastiguem

·         Se você deve fumar, evite fumar em casa e, especialmente, nunca fumar na cama

·         Mantenha um extintor de incêndio em sua casa

·         Mantenha produtos químicos, isqueiros e fósforos fora do alcance de crianças.

 

 

 

8.      Tratamento

O tratamento de emergência inicia-se com a avaliação e estabilização das vias respiratórias, respiração e circulação da pessoa queimada.  Nos casos em que haja suspeita de lesões que impeçam a respiração, pode ser necessária intubação endotraqueal. Em seguida inicia-se o tratamento da própria queimadura. As pessoas com queimaduras extensas podem ser envoltas em lençóis limpos até à chegada ao hospital. Uma vez que as lesões de queimaduras são suscetíveis a inflamações, no caso do indivíduo não ter sido vacinado contra o tétano nos últimos cinco anos pode ser necessário administrar uma vacina de reforço. Nos Estados Unidos, 95% dos queimados admitidos em urgências são tratados e recebem imediatamente alta, enquanto que os restantes 5% necessitam de internamento. No caso de queimaduras extensas é importante a administração de soro.[39]

O tratamento varia conforme o tipo de queimadura, só um médico sabe como tratar cada tipo. O ideal é saber o que fazer imediatamente no caso de queimadura. Quem vai tratar é o médico, que pode usar desde pomadas calmantes e cicatrizantes até cirurgias extensas com uso de enxertos de pele.

Antes de se tratar uma queimadura, o agente causador deve ser eliminado, de forma a evitar dano adicional. Em queimaduras graves, na maioria dos casos, é necessário a hospitalização e o tratamento das complicações. Já queimaduras leves é indicado esfriar a ferida com água em temperatura ambiente por vários minutos, seguido de cuidados e compressas na ferida.

Além disso, a queimadura deve ser limpa com cuidado para evitar a infecção. Se a sujeira estiver profundamente impregnada, os médicos podem administrar analgésicos ou anestesiar localmente a zona e, em seguida, limpar a queimadura com uma escova.

Muitas vezes, o único tratamento necessário é a aplicação de um creme antibiótico, que ajuda a prevenir a infecção e constitui uma barreira para impedir a entrada de mais bactérias na lesão. Em seguida, aplica-se um curativo esterilizado para proteger a zona queimada do pó e de lesões adicionais. Se necessário, administra-se uma vacina antitetânica.

Os cuidados domiciliares consistem em manter a queimadura limpa para prevenir infecções. Além disso, muitas pessoas tomam analgésicos, frequentemente opiáceos, pelo menos durante alguns dias. A queimadura pode ser envolvida em um curativo não adesivo ou gaze esterilizada. É necessário retirar a gaze sem que esta adira, embebendo-a em água.

 

 

8.1. Medicamentos para Queimaduras

Os medicamentos mais comuns no tratamento de queimaduras são:

·         Acetato de dexametasona

·         Acetato de hidrocortisona

·         Benevat

·         Berlison

·         Betnovate

·         Betnovate N

·         Dermazine

·         Fibrase

·         Furacin

·         Hipoderme

·         Nebacetin

·         Rifocina

·         Sulfato de neomicina + bacitracina

·         Trofodermin.

Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.


9.      Conclusão

Terminado trabalho, concluiu-se que as queimaduras de primeiro grau e algumas queimaduras de segundo grau curam-se em dias ou semanas sem deixarem cicatrizes. As queimaduras profundas de segundo grau e as queimaduras pequenas de terceiro grau demoram semanas para se curarem e, normalmente, causam cicatrizes. A maior parte requer enxertos de pele. As queimaduras que afetam mais de 90% da superfície corporal ou mais de 60% numa pessoa idosa, são normalmente mortais.

Cada tipo de queimadura requer um cuidado especial e específico, dependendo do agente causador, da extensão, e da profundidade dos ferimentos, porém de um modo geral, prestam-se os primeiros socorros, e em caso de necessidade encaminha-se a vítima a um posto de atendimento ou hospital.

Como tratamento local, preferencialmente aplica-se óleos inertes, associados ou não à anti-histamínicos, que aliviam rapidamente a dor.

 

10.  Bibliografia

·         RUSSO, A. C. - Tratamento das queimaduras, 4.ª Edição - São Paulo. Editora USP 1967. Apostila do I Curso de Atualização de Conceitos quanto às queimaduras - Junho 1975 - São Paulo.

·         KIRSCHBAUM S. M. - Tratamento integral de las queimaduras - Barcelona, Salvat, 1968.

·         STAPE, D. P. B. e MULLER, M. L. G. - Queimados contribuição da enfermagem na recuperação do paciente, ABEN, 20 (4) = 264 - 278, ago. 1967.

·         SAMES, R. - Cuidados típicos nos grandes queimados, J. B. M., 20 (4) = 55 - 78, 1971.

·         TIBIRIÇA, C. C. - Aspectos gerais do tratamento na unidade de queimados, R.P.M., 20 (7) = 14 - 21, 1972.

·         MATHA, A. B. - Serviço de Queimados do Hospital de Pronto Socorro do Recife, R.P.H., 20 (9) = 34 - 38, 1970

 

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