INCÊNDIOS E QUEIMADURAS
1.1. Incêndios
Incêndio é uma ocorrência de fogo não
controlado, que pode ser extremamente perigosa para os seres vivos e as
estruturas. A exposição a um incêndio pode produzir a morte, geralmente pela
inalação dos gases, ou pelo desmaio causado por eles, ou posteriormente pelas
queimaduras graves.
1.2. Queimaduras
As queimaduras são feridas
traumáticas causadas, na maioria das vezes, por agentes térmicos, químicos,
elétricos ou radioativos.
Esses fatores atuam nos tecidos de revestimento
do corpo humano, determinando destruição parcial ou total da pele e seus
anexos, podendo atingir camadas mais profundas, como tecido celular subcutâneo
(abaixo da pele), músculos, tendões e ossos.
As queimaduras são classificadas de acordo com
a sua profundidade e tamanho, sendo geralmente mensuradas pelo percentual da
superfície corporal acometida.
2.
TIPOS DE QUEIMADURAS
Os tipos de queimaduras são térmicas, químicas, elétricas ou radioativas –
até mesmo animais (água viva por exemplo):
2.1. Queimaduras térmicas/calor
Os incêndios e os líquidos quentes são as causas mais comuns de
queimaduras. Dos incêndios em residências que resultam em morte, 25% têm
origem no ato de fumar e 22% em aparelhos de aquecimento. Cerca de metade
das lesões têm origem no combate aos incêndios. Os
escaldões são provocados por líquidos ou gases quentes e ocorrem com maior
frequência na sequência de exposição a bebidas quentes, água da torneira a temperatura
elevada durante o banho, óleo de cozinha ou vapor. São provocadas por fontes de
calor como o fogo, líquidos ferventes, vapores, objetos quentes, queimadura de
sol, exposição ao frio intenso.
2.2. Queimaduras químicas
Os produtos químicos estão na origem de 2 a 11% de todas as queimaduras
e contribuem para aproximadamente 30% das mortes relacionadas com
queimaduras. As queimaduras químicas podem ser causadas por mais de
25 000 substâncias, sendo a maior parte das quais ou bases (55%)
ou ácidos potentes (26%).
A maior parte das mortes por queimaduras químicas deriva da ingestão de
produtos químicos.
·
São provocadas por substâncias
químicas em contato com a pele ou mesmo através das roupas
2.3. Queimaduras por eletricidade
As queimaduras elétricas dividem-se nas que são provocadas
por alta tensão (maior ou igual a 1000 volts), baixa tensão
(menor que 1000 volts) ou queimaduras provocadas por arco elétrico. As
causas mais comuns de queimaduras elétricas em crianças são os cabos elétricos (60%),
seguidas por tomadas elétricas (14%). Os relâmpagos podem também
provocar queimaduras elétricas. Entre os fatores de risco estão a participação
em atividades ao ar livre, como o montanhismo, desportos de campo e o
trabalho no exterior. A taxa de mortalidade em consequência de um
relâmpago é de aproximadamente 10%.
2.4. Queimaduras
por atrito ou fricção
Queimaduras por atrito ou fricção, são abrasões na pele que surgem após
a fricção dela contra uma superfície áspera.
Quando ao cair nossa pele entra em atrito com o solo, quando algum
sapato ou roupa nos machuca a pele, ou em qualquer outra condição em que ocorre
atrito entre nossa pele e alguma superfície ou material. Trata-se normalmente
de lesões de primeiro e segundo grau que requerem atenção para aliviar o
incômodo e prevenir as cicatrizes.
O grau da queimadura pode variar bastante, desde os mais leves (pele
ralada, rosa) até os mais graves, esfolando e retirando várias camadas da pele
e deixando-a muito vermelha. Geralmente, elas podem ser tratadas em casa, mas
se uma infecção se desenvolver ou se a queimadura cobrir uma grande área do
corpo, consulte um médico.
2.5. Queimaduras
por frio
As queimaduras pelo frio são lesões causadas por congelação que
provocam perda de sensibilidade e de cor nas zonas afetadas. Estas queimaduras
atingem mais frequentemente o nariz, orelhas, bochechas, queixo, dedos das mãos
e dos pés.
A queimadura pelo frio ocorre quando a pele congela devido à exposição
prolongada a temperaturas frias, sendo mais comum em membros como dedos da mão
e do pé, nariz, orelhas, bochechas e queixo; em casos mais graves, pode levar à
amputação dos locais afetados. Geralmente, apenas a pele congela, mas em
situações mais graves, até os tecidos mais profundos “morrem”, devendo ser
manuseados delicadamente. Essa condição requer atenção médica especializada
para minimizar danos e reduzir a chance de consequências mais graves.
A queimadura por congelamento é um processo que prejudica a pele e os
tecidos humanos. O processo começa quando há uma exposição prolongada ao frio.
Esse tipo de queimadura é muito comum nas mãos, nos pés, no nariz e nas
orelhas. O problema acontece quando alguma parte do corpo fica descoberta, ou
não é bem protegida, em temperaturas negativas.
O consumo de álcool e cigarros, e uma alimentação desequilibrada também
favorecem as queimaduras por congelamento. Pessoas com diabetes ou doenças dos
vasos sanguíneos também estão mais suscetíveis a esse tipo de queimadura.
3.
CLASSIFICAÇÃO DAS QUEIMADURAS
As queimaduras também podem ser divididas de
acordo com a profundidade da lesão causada por uma queimadura:
·
Queimadura
de 1º grau
Também chamada de queimadura superficial, são
aquelas que envolvem apenas a epiderme, a camada mais superficial da pele. Os
sintomas são intensa dor e vermelhidão local, mas com palidez na pele quando se
toca. A lesão da queimadura de 1º grau é seca e não produz bolhas. Geralmente
melhoram no intervalo de 3 a 6 dias, podendo descamar e não deixam sequelas.
·
Queimadura
de 2º grau
De acordo com a Sociedade Brasileira de
Queimaduras, existem duas classificações para esse tipo: 2º grau superficial e
2º grau profundo. A queimadura de 2º grau superficial é aquela que envolve a
epiderme e a porção mais superficial da derme. Os sintomas são os mesmos da
queimadura de 1º grau, incluindo ainda o aparecimento de bolhas e uma aparência
úmida da lesão. A cura é mais demorada podendo levar até 3 semanas e não
costuma deixar cicatriz.
As queimaduras de 2º grau profundas são aquelas
que acometem toda a derme, sendo semelhantes às queimaduras de 3º grau. Como há
risco de destruição das terminações nervosas da pele, este tipo de queimadura é
considerada bem mais grave e também é mais dolorosa que o primeiro grau.
As glândulas sudoríparas e os folículos
capilares também podem ser destruídos, fazendo com a pele fique seca e perca
seus pelos. A cicatrização demora mais que 3 semanas e costuma deixar
cicatrizes.
·
Queimadura
de 3º grau
São queimaduras profundas que acometem toda a
derme e atinge tecidos subcutâneos, com destruição total de nervos, folículos
pilosos, glândulas sudoríparas e capilares sanguíneos, podendo inclusive
atingir músculos e estruturas ósseas. São lesões esbranquiçadas/acinzentadas,
secas, indolores e deformantes que não curam sem apoio cirúrgico, necessitando
de enxertos de pele (ou seja, a retirada de pele saudável de outra região do
corpo ou através de doação).
As queimaduras podem também ser classificadas
como leves, moderadas e graves. A gravidade determina o prognóstico de cura e a
probabilidade de complicações. Os médicos determinam a gravidade da queimadura
pela sua profundidade e pela percentagem da superfície do corpo afetada por
queimaduras de segundo e terceiro graus.
·
Queimaduras leves: todas
as queimaduras de primeiro grau, da mesma forma que as queimaduras de segundo
grau que representam menos de 10% da superfície corporal (uma área equivalente
à palma da mão corresponde a 1%), costumam ser classificadas como leves
·
Queimaduras moderadas e graves: as queimaduras que envolvem mãos, pés, a face ou os
genitais, as queimaduras de segundo grau que envolvem mais de 10% da superfície
corporal e todas as queimaduras de terceiro grau que envolvem mais de 1% do
corpo são classificadas como moderadas ou, mais frequentemente, como graves.
Os principais agentes causadores de queimaduras são:
·
Líquidos superaquecidos
·
Combustível
·
Fogo
·
Superfície superaquecida
·
Eletricidade
·
Agentes químicos
·
Agentes radioativos
·
Radiação solar
·
Frio
·
Fogos de artifícios.
Em caso de acidente envolvendo queimaduras, o
primeiro cuidado deve ser interromper o agente causador da queimadura, ou seja,
cortar esse contato da pele com a causa.
Para casos de queimaduras leves, é indicado
lavar o local atingido com água corrente em temperatura ambiente, de
preferência por tempo suficiente até que a área queimada seja resfriada.
Também é importante buscar o auxílio de um
profissional de saúde no posto de atendimento mais próximo do local do
acidente, para que sejam tomadas as providências necessárias para o sucesso da
recuperação e também para evitar o agravamento da lesão.
Esteja sempre alerta para reduzir riscos de queimadura fora de casa,
especialmente se você trabalha em locais com chamas, produtos químicos ou
materiais superaquecidos. Para diminuir o risco de queimaduras domésticas
comuns:
·
Nunca deixe itens cozinhando no
fogão sem vigilância
·
Vire as alças da panela em direção à
parte traseira do fogão
·
Mantenha líquidos quentes fora do
alcance de crianças e animais de estimação
·
Mantenha os aparelhos elétricos
longe da água
·
Teste a temperatura dos alimentos
antes de servir uma criança. Não aqueça a mamadeira de um bebê no micro-ondas
·
Nunca cozinhe enquanto estiver
usando roupas soltas que possam pegar fogo no fogão
·
Se houver uma criança pequena,
bloqueie o acesso a fontes de calor, como fogão, churrasqueira, lareira e
aquecedor
·
Antes de colocar uma criança em um
assento de carro, verifique se o cinto não está superaquecido
·
Desconecte ferros e dispositivos
semelhantes quando não estiverem em uso. Guarde-os fora do alcance de crianças
pequenas
·
Cobra as tomadas elétricas não
utilizadas com tampas de segurança. Mantenha os cabos elétricos e os fios
afastados para que as crianças não os mastiguem
·
Se você deve fumar, evite fumar em
casa e, especialmente, nunca fumar na cama
·
Mantenha um extintor de incêndio em
sua casa
·
Mantenha produtos químicos,
isqueiros e fósforos fora do alcance de crianças.
O tratamento de emergência inicia-se com a avaliação e estabilização
das vias respiratórias, respiração e circulação da pessoa queimada. Nos
casos em que haja suspeita de lesões que impeçam a respiração, pode ser
necessária intubação endotraqueal. Em seguida inicia-se o tratamento da
própria queimadura. As pessoas com queimaduras extensas podem ser envoltas em
lençóis limpos até à chegada ao hospital. Uma vez que as lesões de
queimaduras são suscetíveis a inflamações, no caso do indivíduo não ter sido
vacinado contra o tétano nos últimos cinco anos pode ser necessário administrar
uma vacina de reforço. Nos Estados Unidos, 95% dos queimados admitidos em
urgências são tratados e recebem imediatamente alta, enquanto que os restantes
5% necessitam de internamento. No caso de queimaduras extensas é importante a
administração de soro.[39]
O tratamento varia conforme o tipo de
queimadura, só um médico sabe como tratar cada tipo. O ideal é saber o que
fazer imediatamente no caso de queimadura. Quem vai tratar é o médico, que pode
usar desde pomadas calmantes e cicatrizantes até cirurgias extensas com uso de
enxertos de pele.
Antes de se tratar uma queimadura, o agente
causador deve ser eliminado, de forma a evitar dano adicional. Em queimaduras graves,
na maioria dos casos, é necessário a hospitalização e o tratamento das
complicações. Já queimaduras leves é indicado esfriar a ferida com água em
temperatura ambiente por vários minutos, seguido de cuidados e compressas na
ferida.
Além disso, a queimadura deve ser limpa com
cuidado para evitar a infecção. Se a sujeira estiver profundamente impregnada,
os médicos podem administrar analgésicos ou anestesiar localmente a zona e, em
seguida, limpar a queimadura com uma escova.
Muitas vezes, o único tratamento necessário é a
aplicação de um creme antibiótico, que ajuda a prevenir a infecção e constitui
uma barreira para impedir a entrada de mais bactérias na lesão. Em seguida,
aplica-se um curativo esterilizado para proteger a zona queimada do pó e de lesões
adicionais. Se necessário, administra-se uma vacina antitetânica.
Os cuidados domiciliares consistem em manter a
queimadura limpa para prevenir infecções. Além disso, muitas pessoas tomam
analgésicos, frequentemente opiáceos, pelo menos durante alguns dias. A
queimadura pode ser envolvida em um curativo não adesivo ou gaze esterilizada.
É necessário retirar a gaze sem que esta adira, embebendo-a em água.
7.1. Medicamentos para Queimaduras
Os medicamentos mais comuns no tratamento de queimaduras são:
·
Benevat
·
Berlison
·
Fibrase
·
Furacin
·
Rifocina
·
Sulfato de neomicina + bacitracina
·
Trofodermin.
Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique.
Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo
mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as
instruções na bula.
Terminado trabalho, concluiu-se que as queimaduras de
primeiro grau e algumas queimaduras de segundo grau curam-se em dias ou semanas
sem deixarem cicatrizes. As queimaduras profundas de segundo grau e as
queimaduras pequenas de terceiro grau demoram semanas para se curarem e,
normalmente, causam cicatrizes. A maior parte requer enxertos de pele. As
queimaduras que afetam mais de 90% da superfície corporal ou mais de 60% numa
pessoa idosa, são normalmente mortais.
Cada tipo de queimadura requer um cuidado especial e
específico, dependendo do agente causador, da extensão, e da profundidade dos
ferimentos, porém de um modo geral, prestam-se os primeiros socorros, e em caso
de necessidade encaminha-se a vítima a um posto de atendimento ou hospital.
Como tratamento local, preferencialmente aplica-se óleos
inertes, associados ou não à anti-histamínicos, que aliviam rapidamente a dor.
·
RUSSO, A. C. - Tratamento das queimaduras, 4.ª Edição -
São Paulo. Editora USP 1967. Apostila do I Curso de Atualização de Conceitos
quanto às queimaduras - Junho 1975 - São Paulo.
·
KIRSCHBAUM S. M. - Tratamento integral de las queimaduras -
Barcelona, Salvat, 1968.
·
STAPE, D. P. B. e
MULLER, M. L. G. - Queimados contribuição
da enfermagem na recuperação do paciente, ABEN, 20 (4) = 264 - 278, ago.
1967.
·
SAMES, R. - Cuidados típicos nos grandes queimados,
J. B. M., 20 (4) = 55 - 78, 1971.
·
TIBIRIÇA, C. C. - Aspectos gerais do tratamento na unidade de
queimados, R.P.M., 20 (7) = 14 - 21, 1972.
·
MATHA, A. B. - Serviço de Queimados do Hospital de Pronto
Socorro do Recife, R.P.H., 20 (9) = 34 - 38, 1970