As primeiras formulações nacionalistas; diferença entre nacionalismo europeu e africano
As primeiras formulações nacionalistas surgem no âmbito da nova dinâmica da política colonial e da crise económica mundial do pós – I Guerra Mundial. As populações de Moçambique era-lhes negado o exercício dos direitos político e o único caminho era, consequentemente, a luta pela emancipação.
O
nascimento do nacionalismo moçambicano, bem como a contestação do colonialismo
europeu, manifestava-se nas associações na imprensa e na poesia, na linha de um
movimento mais amplo de emancipação africana cuja expressão predominante foi o
que se chamou de pan-africanismo.
Diferença
entre nacionalismo europeu e africano
Os movimentos
nacionalistas foram despoletados na Europa e nos EUA. A primeira revolução
liberal de cunha nacionalista foi a revolução americana em 1776. Depois, as
ideias revolucionarias nacionalistas espalharam-se à Europa e a revolução
francesa foi a sua expressão máxima, em 1789. Depois dos EUA e da Europa, os
movimentos nacionalistas difundem-se pela América latina, Ásia e no século XX
chegam à África.
Mas
o que distingue os nacionalismos europeus dos de África?
Esquerda
versos Direita
Os movimentos nacionalistas
estão ligados tanto à facções politicas de esquerda com da direita, tendo dado origem
a regimes fascistas e de direita na Europa, mas também a movimentos
autonomistas e de esquerda, tanto em África como na Ásia.
Racistas
versus Autonomistas
O nacionalismo, embora
mais concentrado nas identidades históricas e culturais dos povos, foi também
usado pelos sectores pro-racistas
para sustentar as diferenças étnicas que estiveram na base dos movimentos
fascistas, neofascistas ou os sectores nacionalistas conservadores, que
defendem certas formas menos radicais de racismo. Em África nacionalismo era um
movimento, um sentimento de busca pela autonomia da opressão colonialista.
Liberdade
e prosperidade para todos
No inicio dos
movimentos nacionalistas, como na revolução americana, o deseja era a liberdade
aliada à necessidade de engrandecimento e prosperidade. Nos últimos movimentos,
nacionali9stas africanos, esse desejo mantinha-se. Os povos do mundo sempre
sentiram a necessidade de serem livres mais prósperos e ricos.
O
Nacionalismo Moçambicano
O nacionalismo
moçambicano, como praticamente todo o nacionalismo africano, foi fruto directo
do colonialismo europeu. A base mais característica da unidade nacional
moçambicana é a experiência comum (em sofrer) do povo durante os últimos cem
anos de controle colonial português.
Uma
das bases fundamentais da crescente exploração que Portugal quis implementar em
Moçambique após 1930, era a repreensão político fascista, que impediu o
desenvolvimento de organizações anti-coloniais. A luta dos moçambicanos contra
a dominação e exploração colonial capitalista nunca esteve apagada. No entanto,
ela foi adquirindo formas e dimensões diversas de acordo com as circunstâncias
da exploração e preensão colonial.
Antes
do fim na Segunda Guerra Mundial, exerceu-se uma luta através de jornais e
outras publicações como é o caso das pinturas, denunciando os abusos,
arbitrariedades, actos injustos e imorais praticados por agentes da autoridade
colonial. Caso típico destes jornais foi o Brado e Grémio Africano, liderados
pelos irmãos João e José Albasini. Nestes jornais procuravam denunciar aos
abusos cometidos pelo colonialismo.
Por
outro lado, criaram-se em Moçambique associações legais de carácter cultural e
recreativo que procuravam divulgar os valores africanos em geral e moçambicanos
em particular e fazer valer a personalidade moçambicana.
Pouco
depois da 2ª Guerra Mundial formou-se em Moçambique o Movimento dos Jovens
Democratas Moçambicanos (MJDM), cujo objectivo era fazer uma intensa
propaganda contra a política clandestina. A liderança deste movimento
esteve a cargo de Sobral de Campos (antigo consultor jurídico da Confederação
Geral de Trabalho e outros organismos operários portugueses radicados em
Moçambique), Sofia Pomba Guerra e Raposo Beirão (Advogado). João Mendes,
Ricardo Rangel (fotografo) e Noémia de Sousa (poetisa), faziam também parte do
movimento. O MJDM pretendia combater as grandes injustiças sociais de que
estavam a ser vítimas os trabalhadores por parte dos patrões e promover a
unidade de todos os africanos.
Todavia,
vigiado pela polícia e limitado pelas divisões raciais impostas ao movimento
associativo, o MJDM não podia ter um impacto fora do seu fundador. Em
1948-1949, o regime reprimiu o movimento. O Centro Associativo de Lourenço dos
Negros de Marques, as Associações Africanas de Lourenço Marques e de Quelimane
e o Núcleo Negrófilo de Manica e Sofala, constituíram parte do aparelho legal
através do qual o regime colonial pretendeu enquadrar as aspirações culturais e
políticas da pequena burguesia.
Igualmente,
foi criada a Associação dos naturais Moçambicanos. Em 1949, formou-se em
Lourenço Marques, com cerca de 20 membros, o Núcleo dos Estudantes Secundários
de Moçambique (NESAM) que funcionava dentro do Centro Associativo dos Negros.
Esta organização, pretendeu representar os poucos estudantes que conseguiram
matricular-se nas Escolas secundárias da colónia ou que obtiveram a sua
formação na África do Sul. O objectivo do Núcleo era fomentar a Unidade e
Capacidade intelectual, espiritual e física para melhor servir a sua comunidade
e acabar com o colonialismo. A este núcleo pertenceram Joaquim Alberto
Chissano, Mariano Matsinhe, Pascoal Adelina Mocumbi, Luís Bernardo Honwana,
Armando Emílio Guebuza e Filipe Samuel Magaia.
Conclusão
Neste presente
trabalho, concluímos que o surgimento do Nacionalismo africano se diferencia do
europeu, e teve como diferença principal a sua ordem de acontecimentos. Na
Europa o sentimento de nacionalismo surgiu antes das unificações dos Estados,
os povos dividiam não só a luta pela unificação, como também identidades
culturais e um passado histórico, a luta destes povos se deu para que
mantivessem uma unidade cultural e política.
Já
na África quando esta ideologia surgiu, os Estados já estavam divididos segundo
interesses colonialistas de Estados europeus. As colónias presentes na África
abrigavam pessoas de distintas culturas, tendo estes como laço em comum estarem
submetidas a um senhor estrangeiro. Os territórios já estavam delimitados e
foram aceitos assim como estavam; a principal luta era por um reconhecimento de
africanidade essencial que fazia parte de todas as culturas.