ODONTOGÊNESE

 Formação da Lâmina Dentária

O processo de formação dos dentes se inicia para os dentes decíduos e alguns dentes permanentes ainda dentro do útero. Quando o embrião está com 6 a 7 semanas de vida intrauterina (VIU), certas áreas do epitélio bucal começam a proliferar numa proporção mais rápida do que as células das áreas adjacentes, formando uma faixa de epitélio, que será o futuro arco dentário (MJOR, 1990). Esta faixa de epitélio divide-se em dois processos: um direcionado mais para o lado vestibular e outro mais profundamente, para o lado lingual ou palatino, formando a lâmina dentária e, conseqüente, formação dos dentes.

 Etapas da lâmina dentária de acordo com a atividade funcional e sua cronologia:

Lâmina primária: ocorre a proliferação nesta fase desde a sexta a sétima semana de vida intrauterina (VIU) e vai até o segundo mês de VIU. Tem relação apenas com a formação dos dentes decíduos. 

Lâmina secundária: acontece aproximadamente a partir do quinto mês de VIU indo até os dez meses de idade. Nesta etapa podemos observar a formação dos dentes permanentes de substituição: incisivos, caninos e pré-molares. 

Lâmina terciária: acontece desde o quarto mês de VIU até cinco anos de idade. Há um crescimento da lâmina primária para distal e, consequentemente, um alongamento das arcadas, formando a lâmina terciária. Neste local surgirão os molares permanentes.  

Desenvolvimento do Germe Dental

Quias as modificações que acontecem na forma do germe dental? Considerando-se que a proliferação e a histodiferenciação das células ectodérmicas do órgão dental e ectomesênquima adjacentes é um processo contínuo e progressivo, as modificações que ocorrem na estrutura do germe dental dividem-se em três estágios:

1º) Estágio de botão ou broto   

Tem início, aproximadamente, na 7ª semana de VIU e é apresentada como uma projeção inicial do desenvolvimento do órgão dental. Nesta fase, acontecem colonizações epiteliais para o ectomesênquima dos maxilares. A partir daí, formam-se grupos compactos de células arredondadas em 10 locais diferentes da lâmina dentária em cada arcada (superior e inferior), que definem a disposição que terão os dentes decíduos. Os botões aparecem em tempos diferentes. Surgem primeiro os que formarão os futuros incisivos inferiores, na região anterior da mandíbula Nessa fase, há um aumento de volume do germe dentário e podemos observar uma atividade de divisão celular intensa resultando em rápida proliferação (MJOR, 1990).

1. Lâmina Vestibular

2. Botão Dentinário

3. Lâmina Dentária Primária

2º) Estágio de capuz ou casquete

À medida que o botão dentário se desenvolve, ele aumenta de tamanho e apresenta uma forma de capuz. Esse processo ocorre devido ao desenvolvimento distinto em diversos locais do botão, levando a formação da etapa de capuz, à qual fica caracterizada por uma invaginação do epitélio no ectomesênquima vizinho (MJOR, 1990). Nesta fase de crescimento, já inicia um delineamento dos elementos que irão formar o órgão dentário e de seus tecidos de suporte. Nesta fase podemos observar os seguintes elementos: a lâmina dentária, órgão do esmalte, a papila dentária e o folículo dentário.

3º) Estágio de campânula ou sino: Histodiferenciação

É a fase de germe dentário propriamente dita ou fase de desenvolvimento do dente. Nesta fase, observa-se um desenvolvimento significativo nas áreas mais periféricas do capuz e maior diferenciação das células epiteliais. É nesse estágio que se inicia a deposição de tecidos mineralizados.

1. Formação da Campânula

2. Células da Papila Dentária

3. Vaso Sanguíneo em Formação

4. Saco ou Folículo Dentário 

Nesta fase, o órgão dental é constituído das seguintes estruturas: 

Epitélio interno e externo do órgão do esmalte – as células mais periféricas do órgão do esmalte fazem parte do epitélio externo, e as células da concavidade fazem parte do epitélio interno do órgão do esmalte. 

Estrato intermediário - é organizado de modo que determinadas camadas de células ficam localizadas entre o epitélio dental interno e o retículo estrelado. 

Esta nova estrutura é fundamental para formação do esmalte, já que, nesta nova camada de células ocorre a elaboração de uma enzima, a fosfatase alcalina, indispensável para a mineralização do esmalte. 

Retículo estrelado – Nesta fase ocorre acúmulo de líquido intercelular, consequentemente as células localizadas na área central do órgão dentário ficam separadas entre si e assumem um formato de estrela, com significativos prolongamentos. 

1. Órgão Dentário

1.1 Células do epitélio interno

1.2 Células do estrato intermediário

1.3 Células do retículo estrelado

1.4 Células do epitélio externo

2. Papila dentária

À medida que o tecido mineralizado se forma vai dando um desenho característico à coroa do dente. 

No final do estágio de campânula, o epitélio externo se organiza em pregas, onde se juntam os capilares, ofertando nutrição ao órgão do esmalte.

Papila dentária – consiste em um órgão que tem a atribuição de formar a dentina e polpa dentária. Além disso, é importante comentar sobre a sua função de modelar a forma da coroa do futuro dente. 

Saco ou folículo dentário – consiste em dar origem ao osso alveolar, cemento e ligamento periodontal. Antes da formação dos tecidos dentários, o folículo dentário assemelha-se a uma cápsula. 

Com o desenvolvimento da raiz, as fibras do folículo dentário se diferenciam em fibras do ligamento periodontal e ficam mergulhadas no osso alveolar e no cemento. À medida que a raiz se forma, o dente vai se aproximando do epitélio bucal e acaba erupcionando. 

Quando toda a raiz já está formada, o dente estará na posição aproximada que permanecerá por toda a vida.

A Influência dos Fatores Nutricionais no Desenvolvimento Dentário

Deve-se ter em mente que existem fatores importantes que irão determinar, durante o período de desenvolvimento dentário, certas particularidades na estrutura final do dente. Um dos fatores é a constituição genética, porém não devemos esquecer que a saúde geral do indivíduo também influencia e modifica o processo de desenvolvimento dentário.

As malformações que ocorrem nas estruturas dentárias podem ser resultados de deficiências vitamínicas. A carência de vitamina A pode estar relacionada a um esmalte hipoplásico ou mal formado. Diante de uma deficiência de vitamina C, a dentina encontra-se depositada de modo irregular. A deficiência de vitamina D conduz a uma calcificação da dentina defeituosa e a hipoplasia no esmalte do dente.

Mais adiante será estudado sobre o flúor, que é um agente importante de prevenção à cárie e influencia a composição química do dente em desenvolvimento, e sua eventual susceptibilidade à deterioração. A ingestão de quantidades adequadas de flúor durante o desenvolvimento do dente e o seu uso tópico, resulta em um aumento desse elemento no esmalte e na dentina.

Os fatores nutricionais influenciam, significativamente, durante a odontogênese, no que diz respeito à resistência das estruturas dentárias à cárie, porém, sabe-se que, sendo a cárie uma doença multifatorial, a dieta, isoladamente, seria incapaz de induzir à cárie. Estudos apontam também para um retardo na erupção dos dentes em crianças mal nutridas. Durante a gestação ocorre a formação dos dentes decíduos e permanentes. No 2° ou 3° mês de gestação tem início o desenvolvimento dos dentes decíduos e vários meses antes do nascimento, inicia-se o desenvolvimento dos dentes permanentes. Por isso, os nutrientes maternos devem ser adequados para a formação da maior parte dos dentes. Deficiências nutricionais graves durante a gestação podem ocasionar malformações das estruturas da cavidade bucal, incluindo os dentes (SALGADO, 2002).

As proteínas são componentes fundamentais para o desenvolvimento saudável do esmalte e da dentina. Os carboidratos e as vitaminas são também importantes para a dequada formação dos dentes.

O cálcio e o fósforo são fundamentais para a formação dos cristais de hidroxiapatita, resultando numa produção de esmalte e dentina bem calcificados e endurecidos.  

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