Você sabia que desde a pré -história, existiu no Homem o desejo e a
necessidade de conhecer e representar os lugares para onde ele se
deslocava seja qual fosse o objectivo? As provas disso são as pinturas
rupestres, objectos trabalhados e encontrados em muitos lugares do nosso
planeta, mapas, entre outros.
As etapas da descoberta da Terra estão ligadas à história do alargamento
do mundo conhecido pelos europeus (visão eurocentrista) e a descrição
explicativa que estes fazem, traça a história da Geografia. Infelizmente
não é possível fazer outra abordagem, o que é importante é estudá-la,
analisa-la criticamente e pô-la ao serviço da Ciência Universal.
A Geografia, como todo o conhecimento científico, evoluiu
acompanhando a evolução da própria sociedade.
De um saber empírico, o homem passou a um saber elaborado, científico,
como uma resposta às interrogações suscitadas pelo desenvolvimento
sócio-cultural da Humanidade.
Até ao século XIX não se pode falar duma verdadeira Geografia mas sim
de pensamentos com incidências geográficas e que reflectiam a influência
das diferentes épocas históricas.
A Geografia adquire o estatuto de ciência autónoma nos meados do séc.
XIX e foi institucionalizada em 1870.
A geografia na antiguidade grega (dos gregos até ao séc V
n.e.)
Desde o mais primitivo estágio que o Homem foi acumulando
observações e procurou transmití-las às gerações vindouras através de
relatos, representações (desenhos, pinturas, objectos, etc). Por exemplo,
os mapas mais antigos datam de 2 000 a.n.e. feitos em placas de barro
cozido.
O mundo antigo conhecido pelos europeus era limitado às regiões litorais
dos três continentes – Sul da Europa, Sudoeste da Ásia e Norte de Áfricaque contornam o mar Mediterrâneo. Este mar foi durante muito tempo o
centro de gravidade do Mundo Antigo e uma excelente via de
comunicação, oferecendo abrigo à navegação, ao comércio e à pirataria.
Com a navegação dos gregos e romanos ao longo da costa com o
objectivo de procurar produtos e matérias-primas ou para estabelecerem
trocas comerciais com outros povos, ampliam-se os conhecimentos
geográficos.
Os Périplos desenhados por navegantes foram um instrumento valioso na
orientação dos navegadores e comerciantes da época. Destacam-se os
Périplos de Hannon que descrevia a Costa Africana até ao Senegal e de
Himilcão que explorava a costa Ocidental da Europa até a Bretanha.
Portanto, a civilização grega com uma incomparável riqueza de
pensamento filosófico e científico procurou condensar e sistematizar o
conjunto de anotações denominadas geográficas. Desde então, surgem e
desenvolvem-se no seio dos gregos duas vias quanto ao modo de “pensar
e fazer Geografia”:
Via descritiva e regional: que incidia nas características da paisagem,
nas particularidades dos habitantes e respectivas civilizações.
Destacaram-se Heródoto, Alexandre da Macedónia e Estrabão;
Via matemática: conduzindo a localização exacta dos lugares, a
elaboração de cartas, medições terrestres, a astronomia. Destacaram-se
Aristóteles, Eratóstenes, Hiparco e Ptolomeu.
Alguns detalhes sobre os gregos que maior contributo deram à Geografia:
Heródoto (482 – 425 a.n.e.) – Historiador e viajante, considerado “pai da
História“. Colocou sempre os conhecimentos históricos dentro do seu
contexto geográfico, daí que seja considerado “pai da Geografia”. Por
exemplo ao observar o solo negro ao longo do Nilo, associou-o aos
sendimentos depositados pelo rio, nas cheias, assim como aos costumes
dos habitantes dessa região. A ele se deve a autoria do primeiro ensaio de
Geografia descritiva do mundo conhecido na época.
Aristóteles (384-322 a.n.e) – Filosofo, astrónomo e matemático,
considerava que a terra estava situada no centro do mundo – Teoria
Geocêntrica, e reconhecia a esferacidade da terra, ao observar durante os
eclipses da lua que a terra projectava sobre a lua uma sombra que tinha a
forma de uma curva.
Alexandre Da Macedónia (334-223 a.n.e) – Imperador e discípulo de
Aristóteles, ficou conhecido através dos documentos que conseguiu
reunir, em Alexandria, sobre as suas expedições ao Turquestão e a Índia.
Mandou fazer o cadastro do seu império.
Eratóstenes (276-194) – Além de poeta, matemático e geómetra, pode
considerar-se também o primeiro verdadeiro geógrafo da antiguidade.
Escreveu dois grandes livros:
1. Memórias geográficas – onde faz a descrição da terra com um
mapa incluido e,
2. Medidas da terra – onde se encontra a descrição da forma e o
cálculo da medida do arco do meridiano terrestre com grande
aproximação ao real (42 000km e o real é de 40 000km).
Hiparco (190-125 a.n.e.) – Como o maior astrónomo da Antiguidade,
sucessor de Eratóstenes, deu um contributo excelente ao desenvolvimento
da Geografia – inventou os primeiros elementos da Geometria da esfera,
descobriu a resolução de triângulos esféricos pela trigonometria, que
também inventou, imaginando para as cartas um sistema de projecção,
chamada actualmente “projecção estereográfica” e inventou uma rede de
coordenada terrestres com meridianos e paralelos.
Na Época Romana
Os Romanos compilaram e desenvolveram o conhecimento dos Gregos.
Elaboraram itinerários, espécies de cartas sem escala, onde dum modo
arbitrário surgiam as terras que constituiam o Império, obedecendo a
exigências militares e comerciais, por exemplo, a Tábua de Peutinger.
Entre os Romanos que mais se salientaram destacam-se:
Estrabão (64 a.n.e – 21 n.e.) – Ele foi historiador viajante. Considerou a
Geografia uma descrição enciclopédica do mundo conhecido e habitado.
Ptolomeu (cerca de 90 a 160 n.e.) – Foi o último dos grandes geógrafos
da antiguidade. Escreveu uma grande obra “Geografia”. Representava o
seu mundo numa carta através duma projecção cónica.
Apesar dos erros,
a sua imagem do mundo, IMAGO MUNDI foi a mais completa até então
e continuou a sê-lo por muitos séculos. Considera-se que a sua obra
encerra a primeira etapa da Geografia uma vez que a exactidão dos mapas
entra em declínio depois de Ptolomeu até ao séc.XIV.