ALTERAÇÃO DOS ECOSSISTEMAS
Alterações dos ecossistemas:
As alterações dos ecossistemassão consequências:
De causas naturais, devidas à
dinâmica interna e externa do nosso planeta;
Da acção humana.
Entre as causas naturais de desequilíbrio dos ecossistemas
salientam-se os sismos, os vulcões, as temperaturas, as inundaçõese as secas.
Os sismos são resultado de intensa actividade geológica
da Terra. Podem desviar a direcção dos rios, provocar tsunamis, avalanchas de
neve ou de terra, destruindo habitats
e comunidades.
A zona de África onde se situa Moçambique é atravessada
por uma falha da placa tectónicaconhecida por Vale do Rifte. Esta
falha pode comparar-se a um prato de vidro quebrado ao meio. Quando os dois
pedaços chocam, a Terra estremece, originando assim o fenómeno conhecido por
sismo. Em Fevereiro de 2006, em Machaze, na Província de Manica, um sismo
originou um buraco no solo de sete quilómetros de comprimento por três de
largura.
Os vulcões,
durante a sua actividade, expelem grandes quantidades de lava, que escorre
pelas encostas, destruindo casas, culturas agrícolas, podendo, mesmo, originar
a morte de pessoas e animais. Os gases, cinzas e poeiras libertados na erupção
vulcânica reduzem a penetração da radiação solar e alteram a temperatura e a composição
da atmosfera.
As tempestadessão originadas pela actividade
atmosférica.
Podem resultar em furacões, ciclones e tornados,
verificando-se elevada precipitação, queda de granizo ou neve e ventos muitos
fortes, que causam a destruição de ecossistemas e a perda de vidas.
As inundaçõesou cheias são causadas pela subida do
nível das águas dos rios, que saem do seu leito e alagam as margens e áreas
vizinhas, afectando as populações que ali vivem e destruindo casa e culturas.
A principal causa das inundações é o excesso de
precipitação, que faz aumentar o caudal dos cursos de água.
Moçambique é atravessado pelos rios internacionais
Maputo, Umbelúzi, Incomáti, Limpopo, Save, Búzi, Púngué e Zambeze, que correm
em direcção ao mar. Qualquer alteração ambiental que aconteça nas regiões a
montante destes rios reflectem-se no nosso país.
As secassão longos períodos de tempo seco, que
trazem como consequência a desertificação, os incêndios florestais e problemas
na agricultura e no fornecimento de água. A ausência de chuva ou precipitação
insuficiente e a temperatura elevada do ar são as causas principais da seca.
O ser humano tem explorado de forma intensiva os recursos
naturais do planeta, correndo o risco de os esgotar. As alterações provocadas
pela acção humana no meio ambiente são designadas por impacto ambiental.
A poluição,
a exploração demográfica, a
introdução de novas espécies, e
a desflorestaçãosão as principais causas de alteração dos ecossistemas
pela acção humana.
Poluiçãoé a introdução, directa ou indirecta, de
substâncias nocivasaoambiente, provocando um efeito negativo no seu equilíbrio.
Causa danos ao Homem, aos seres vivos e ao ecossistema onde ocorre. Dos vários
tipos de poluição existentes, destacam-se:
a poluição do ar,
a poluição da água,
a poluição do solo.
Poluição do ar
Os maiores poluentes atmosféricos são o dióxido de
carbono, o dióxido de enxofre
e o dióxidode azoto, que
provém, de modo geral, dos gases originados pela queima, em veículos
motorizados, equipamentos industriais e centrais eléctricas, de combustíveis
fósseis, como o carvão e produtos derivados do petróleo – gasóleo, gasolina e
fuelóleo.
Em Moçambique, as queimadas descontroladas nas zonas
rurais são uma das principais fontes de emissão de poluentes do ar.
O aumento da concentração do dióxido de carbonona
atmosfera agrava oefeito de estufa, o que faz aumentar a temperatura
média da atmosfera. Este fenómeno é conhecido como aquecimento global. Em consequência deste fenómeno, os
gelos derretem nos pólos e o nível do mar sube dezenas de metros, submergindo
regiões litorais.
O dióxido de enxofree o dióxido de azotolibertados
para a atmosfera são levados pelo vento até às nuvens. A sua combinação com o
oxigénio e o vapor de água contido nas nuvens dá origem ao ácido sulfúrico e ao
ácido nítrico, formando a chuva ácida.
Esta chuva prejudica a agricultura, contamina a água e
acidifica os solos.
Poluição
da água
A poluição das águas subterrâneas, dos rios e dos oceanos
tem diversas origens.
A indústria é uma das actividades mais poluidoras da água
porque os resíduos das fábricas e das casas são lançados directa ou
indirectamente nos rios, nas ribeiras, nos lagos, nas albufeiras, nos estuários
ou nos oceanos, sem tratamento prévio. Esta acção provoca graves desequilíbrios
no ecossistema e a morte de muitos seres vivos.
Por outro lado, se a água poluída se infiltrar no solo, irá contaminar as águas subterrâneas, com consequências graves para a saúde pública.
A utilização descontrolada de fertilizantes e de
pesticidas na agricultura pode também poluir as águas superficiais e
subterrâneas. As águas da chuva e da irrigação arrastam estes poluentes para os
rios, lagos e albufeiras, contaminando o ambiente aquático.
A poluição dos oceanos e das zonas costeiras deve-se sobretudo a acidentes com petroleiros. O derrame do conteúdo que transportam origina as chamadas marés negras, que provocam a morte de numerosos seres vivos dos ecossistemas marinhos.
Um exemplo deste tipo de acidente é o que ocorreu em
Moçambique, em 1992, quando o petroleiro Katina
P derramou grandes quantidades de petróleo bruto na baía de Maputo.
Poluição
do solo
A poluição do soloocorre principalmente pela
acumulação de resíduos sólidos, por poluentes químicos oriundos das fábricas e
por pesticidas e fertilizantes utilizados na agricultura.
As substâncias radioactivas são também grandes poluidores do solo. Estas substâncias emitem durante milhares de anos radiações altamente perigosas para todas as formas de vida.
Explosão
demográfica
Explosão demográficaé o grande aumento da população
de seres humanos. Até ao século XIX, a mortalidade era extremamente elevada,
pois o ser humano não tinha recursos suficientes para combater grande parte das
doenças existentes naquela época.
A descoberta da penicilina, das vacinas,
dos antibióticose a melhoria das condições de vida no século XX
contribuíram grandemente para a diminuição do índice de mortalidade no Homem.
Como a natalidade não foi reduzida em muitos lugares do
mundo, verificou-se um aumento brusco do crescimento da população mundial.
A explosão demográfica acaba por originar efeitos negativos no meio ambiente, já que o excesso de população induz o acréscimo de poluição e uma maior degradação ambiental, decorrente, por exemplo, do uso mais intensivo do solo ou de práticas indevidas (como a desflorestação, a desertificação e a erosão do solo).
Introdução
de novas espécies
Uma espécie introduzida pelo ser humano num ecossistema
onde ela não existia anteriormente é chamada espécie exótica.
As espécies exóticas podem pertencera vários grupos de
seres vivos – bactérias, fungos, protozoários (parasitas), plantas e animais –
e vírus. O seu aparecimento tornou-se mais frequente a partir da época dos
Descobrimentos, através das viagens transcontinentais iniciadas no século XVI.
Algumas espécies exóticas instalam-se no novo habitat, reproduzem-se e desenvolvem-se rapidamente,
devido principalmente à ausência dos seus predadores naturais no novo habitat.
Tornam-se assim espécies invasoras.
O crescimento da população de espécies exóticas sem
controlo tem como consequência a ocupação do habitat e possível extinção das espécies autóctones.
A introdução
descontrolada de espécies exóticas nos diversos cantos do mundo tem trazido,
frequentemente, graves problemas para os ecossistemas.
Um exemplo em Moçambique foi a introdução do
corvo-indiano. Este corvo é mais pequeno do que o corvo comum, e não possui o
colarinho branco típico deste. Na ilha da Inhaca foi há alguns anos introduzido
um casal de corvos-indianos que rapidamente deu origem a uma população
numerosa.
Mais resistentes do que as aves nativas daquela ilha, os
corvos desalojaram as outras aves dos seus ninhos, obrigando-as a fugir para habitats menos favoráveis, e comeram os
seus ovos, reduzindo assim a sua população.
Esta espécie de corvo já atravessou a baia de Maputo, podendo ser observados corvos-indianos em toda a cidade.
Extinção
de espécies
Extinção de uma espécie é o seu total desaparecimento.
Considera-se o momento de extinção de uma espécie a morte do último indivíduo
dessa espécie.
Actualmente, assiste-se à extinção de muitas espécies
devido principalmente à poluição, destruição do habitat, pesca e caça furtivas, assim como à introdução
descontrolada de espécies exóticas.
Espécies
ameaçadas de extinção
Dugongo – mamífero marinho em perigo de extinção no mundo. Moçambique é o único da costa oriental da África com ocorrência de dugongos. Estes são muitas vezes apanhados nas redes dos pescadores, onde ficam presos, morrendo afogados. São protegidos ao abrigo da Lei de Florestas e Fauna Bravia de Moçambique.
Tartarugas marinhas – são espécies migratórias que se encontram ameaçadas mundialmente.
A população de cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem em Moçambique
e que procuram a nossa costa para desovar tem vindo a diminuir em várias zonas,
porque tanto os ovos como o próprio animal servem de alimento ao ser humano.
Para além disso, as carapaças são também utilizadas para a produção de objectos
de adorno. Por se encontrarem ameaçadas mundialmente, a protecção e utilização
de tartarugas marinhas é regulada por leis e acordos internacionais.
Elefante – é o maior animal terrestre. Encontra-se igualmente protegido por lei. É vítima de caça furtiva por causa do marfim destinado à comercialização.
Espécies florestais e plantas medicinais – Moçambique possui variedades de
plantas para exploração de madeira de alta qualidade e de muita procura no
mercado estrangeiro, como, por exemplo, sândalo, pau-preto, jambire, chanfuta,
pau-ferro e umbila.
Actualmente, o corte e o abate de madeira atingem proporções alarmantes, pondo em risco estas espécies vegetais. Exemplo: Afzelia quenzensis (Chanfuta)
As plantas medicinais usadas para o tratamento de várias doenças em Moçambique correm igualmente o risco de desaparecer devido à destruição das florestas e à sua colheita intensiva, sem reposição de novos exemplares,Batata-africana (Hypoxis hemercocallidea.)
Desflorestação
O termo desflorestaçãorefere-se à destruição da
floresta, que tem como consequências nefastas para o ambiente a erosão dos
solos, a destruição de habitats, o
aumento dos níveis de dióxido de carbono na atmosfera e a diminuição da humidade
atmosférica, alterando o regime das chuvas.
As florestas são muitas vezes destruídas com o intuito de
se obterem terrenos para a construção de centros urbanos e de zonas
industriais, para a abertura de estradas e de áreas de agricultura intensiva e
pastagens.
A desflorestação também é causada pelo abate indiscriminado de árvores para comércio de madeira e para a produção de combustível.